A decisão do Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) de cortar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano, já era esperada pela maioria dos analistas do mercado financeiro. Em comunicado divulgado na terça-feira (19/9), o grupo de economistas da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) havia projetado uma redução dessa magnitude. O grupo, formado por 25 profissionais de instituições financeiras associadas à entidade, projetou que o Copom deve manter o ritmo de redução em 0,50 pontos percentuais até dezembro, com os juros encerrando o ano em 11,75%.
Para a economista sênior para Brasil e Argentina da Bloomberg Economics, Adriana Dupita, a decisão unânime do Copom de cortar a Selic em 0,5 pp nesta quarta-feira traz três mensagens: primeiro, que o BCB enxerga espaço para continuar cortando os juros, apesar das incertezas aqui e no exterior; segundo, que as incertezas relacionadas aos juros internacionais, à desaceleração da China, ao grau de ociosidade da economia brasileira e ao ritmo de queda da inflação doméstica, não autorizam por ora passos mais largos; e terceiro, que uma eventual dificuldade de entregar um fiscal equilibrado pode impedir ou atrasar a normalização da polÃtica monetária.
Ela avalia que as próximas reuniões do Copom, em novembro e dezembro, devem manter os cortes de 0.5 pp, trazendo a Selic para 11.75% ao final do ano. “Esperamos normalização da polÃtica monetária apenas do meio para o final de 2024, desde que esteja clara tanto a capacidade do governo de executar a meta fiscal, como a disposição do Copom (com composição majoritariamente indicada por Lula a partir de 2025) de buscar a inflação no centro da meta.
Para o economista da XP, Rodolfo Margato, o corte de 0,5 pp era “amplamente esperadoâ€, mas chamou a atenção o comunicado do Copom ter apontado para o aumento das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos e para a perspectiva de menor crescimento na China, ambos fatores que devem ser observados pelos paÃses emergentes,
Margato aponta tendência “dovish†do BC ao subir “o IPCA de 2023 de 4,9% para 5,0%, esperávamos 5,1%. Para 2024 subiu de 3,4% para 3,5%, esperávamos 3,6% e para 2025 de 3% para 3,1%â€. Mas isso foi compensado pela inclusão de um parágrafo “hawkish†no comunicado falando sobre fiscal, dizendo que “tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para ancoragem das expectativas de inflação e, com isso, para a condução da polÃtica monetária que o comitê reforça a importância de se perseguir, de fato essas metasâ€.
Margato também espera cortes sucessivos de 0,5 pp nas próximas reuniões do Copom, levando a Selic para 11,75% no final deste ano.