O tranco sofrido pelos fundos de investimentos imobiliários (FIIs) com a crise causada pela pandemia da Covid-19, que se traduz num recuo de 14,60% do índice IFix desde o início do ano, atingiu de forma mais intensa os produtos lastreados em escritórios. De acordo com levantamento efetuado pelo Yubb, ferramenta de busca voltada a investimentos em geral, cinco entre os dez FIIs listados na B3 que acumularam maiores desvalorizações entre 1o de janeiro e 20 de maio últimos são ancorados nas chamadas lajes corporativas. Outros dois fundos com as mesmas características aparecem entre a 11a e a 20a posição do referido ranking (ver listagem abaixo).
O fenômeno, na avaliação de Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb, é reflexo das medidas de prevenção ao surto do novo coronavírus, especialmente do home office, ou seja, do trabalho remoto. A prática teve impacto direto sobre a rentabilidade das lajes corporativas, já que resultou na abertura de renegociações para a redução de aluguéis, e tende a ganhar escala. “Muitas organizações estão prorrogando o home office até 2021 e até mesmo fechando escritórios, optando por apostas permanentes e estruturais no trabalho remoto”, assinala Pascowitch.
Leitura semelhante já é feita por alguns investidores institucionais, caso da Fundação Copel. A entidade, que administra planos de complementação de aposentadorias para funcionários de companhias energéticas do Paraná, realizou as primeiras aplicações em FIIs em 2019 e planejava reforçar os seus aportes em mais dois fundos do gênero, projeto que foi abandonado no início do ano. "Acreditamos que, em razão do trabalho à distância, ditado pela pandemia da Covid-19, muitas empresas vão perceber que podem reduzir sensivelmente as suas estruturas físicas. Ou seja, a crise atual poderá gerar sequelas de longo prazo para o setor imobiliário”, comenta o diretor de investimentos José Carlos Lakoski.
Tijolos em baixa
Maiores desvalorizações apresentadas por FIIs listados na B3 entre 01/01 e 20/05/2020
Fundo/ ativos/ perdas
1 - TRX Edifícios Corporativos (escritórios): -62,21%
2 - General Shopping e Outlets do Brasil (shopping centers): -52,03%
3 - Edifício Galeria (escritórios): -46,51%
4 - SP Downtown (escritórios): -45,93%
5 - Hotel Maxinvest (hotéis): -43,85%
6 - XP Industrial (galpões industriais): -42,79%
7 - Pátria Edifícios Corporativos (escritórios): -41,70%
8 - Torre Almirante (escritórios): -40,44%
9 - Brazilian Graveyard and Death Care (cemitérios): -40,31%
10 - Rio Bravo IFIX (fundo de fundos): -40,19%
11 - Kinea FII (fundo de fundos): -38,64%
12 - Kinea II Real Estate Equity (imóveis residenciais): -38,24%
13 - Malls Brasil Plural (shopping centers): -37,91%
14 - Rio Bravo Renda Corporativa (escritórios): -37,89%
15 - HSI Mall (shopping centers): -37,55%
16 - Quasar Agro (armazés rurais): -37,27%
17 - XP Properties (escritórios, escolas e hospitais): -35,85%
18 - SDI Logística Rio (centrais de distribuição): -35,80%
19 - Votorantim Shopping (shopping centers): -35,00%
20 - Hedge Brasil Shopping (shopping centers): -34,91%
Fonte: Yubb