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Copom promete política monetária contracionista e atuação firme

banco central1A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira (25/6), traz uma defesa por parte do órgão de uma “política monetária (...) contracionista” e de uma “atuação firme” da autoridade monetária diante do atual momento econômico do país.
O texto é referente ao último encontro do Comitê, realizado na semana passada, que culminou na interrupção do ciclo de corte na taxa básica de juros da economia. Na ocasião, após sete reduções sequenciais, o Copom manteve a Selic em 10,50% de forma unânime.
Segundo a própria entidade, foi percebida a necessidade de uma política “mais contracionista”, que será mantida “por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
A interrupção no corte dos juros chegou a ser criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que a considerou “sem critérios”, mas foi justificada pelo Comitê, que destacou que “o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela”.
Não estão descartados, inclusive, futuros aumentos na Selic. “O Comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, aponta a ata.

Repercussão - De modo geral, a decisão do Copom foi bem recebida pelo mercado, especialmente pela unanimidade na votação que decidiu manter a taxa de juros, considerada uma demonstração de “união” em relação ao diagnóstico da economia nacional.
Em nota assinada pela economista-chefe Ana Paula Vescovi e sua equipe, o Banco Santander considerou que a ata enfatizou “o caráter unânime” da comunicação do comitê de que “a taxa deve seguir com postura contracionista por um longo período”.
“Em nossa opinião, o Copom não está apenas estabelecendo um padrão elevado para aumentar a taxa, mas também para a reduzi-la. Assim, vemos uma tendência crescente de manutenção da taxa por mais tempo do que o esperado”, apontou.
O economista-chefe da XP, Caio Megale, destacou o uso de uma hipótese de taxa de juros real mais alta por parte do Comitê e a decisão da maioria dos membros pela manutenção do balanço de riscos simétrico. “Em nossa opinião, esse é um indício de que o Copom não quer sinalizar altas de juros adiante”, afirmou.
“Em suma, acreditamos que a ata do Copom é consistente com nosso cenário de taxa Selic estável em 10,50% por um longo período. Mas nossa percepção é de que, apesar de manter um balanço de riscos simétrico, o Comitê está ficando mais preocupado com a inflação prospectiva.”