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Mercado vê Copom mais agressivo para recuperar “atraso” nos juros

Claudio Pires MAGO mercado reagiu com certa surpresa à decisão unânime do Banco Central de elevar em um ponto percentual a taxa Selic, após reunião do Copom realizada nesta quarta-feira (11/12). A expectativa era de que a taxa de juros subisse 0,75%, mas o comitê optou por um caminho mais contundente diante do atual cenário econômico no país.
“A decisão do Copom foi surpreendentemente positiva. O mercado se deteriorou bastante após o frágil anúncio da tentativa de redução de gastos, e o arcabouço fiscal não vem trazendo confiança para o mercado. São seguidos os déficits, e a partir do momento em que 2025 já deveria entregar algum superávit, seria muito difícil que esta meta fosse alcançada com a redução anunciada”, avaliou o sócio-diretor da MAG Investimentos, Claudio Pires.
Este foi o terceiro aumento consecutivo na taxa, e o mais substancial, depois de uma sequência de cortes que durou de agosto de 2023 a maio desse ano, seguida de duas manutenções em 10,5%, em junho e julho. Para o diretor financeiro e de investimentos da BB Previdência, Ricardo Serone, o Banco Central “optou por ser mais agressivo no aperto monetário, demonstrando um receio maior com o cenário inflacionário proveniente também do aquecimento da economia, como mostra o crescimento do neste ano”.
O economista do Santander, Mario Caruso, também recebeu com surpresa a decisão do Copom, não só pela elevação de um ponto percentual nesta última reunião do ano, como pela sinalização de que o comportamento será repetido nas duas primeiras reuniões de 2025 caso o cenário esperado se confirme.
“O movimento busca estancar a desencoragem das expectativas. É um reconhecimento de que as últimas decisões do Copom em relação à política fiscal foram graduais demais. Estava atrasado, precisava de uma mudança de cenário mais rápida, em busca de credibilidade. Vamos ver a resposta da política monetária a esse aparente tratamento de choque nos juros”, apontou.
Já para o economista do Daycoval Rafael Cardoso, “o que está por trás da decisão é a piora de fundamentos importantes do regime de metas, como a atividade econômica mais forte do que imaginado, o câmbio depreciado e riscos fiscais percebidos como piores”. “Tudo isso se materializa na expectativa de inflação mais alta, o que sugere que, no futuro, nossa inflação estará fora da meta. Não tinha para onde o Banco Central correr”, declarou.