Com as dificuldades do setor bancário dos Estados Unidos e da Europa gerando apreensões e prejuízos a investidores globais, gestores de fundos de investimento locais afirmam que é remota a chance de que crise bancária norte-americana chegue ao Brasil e que o problema não deve alterar a tendência do Copom (Comitê de Política Monetária) na reunião da semana que vem, quando decide sobre a taxa Selic.
“Crise bancária a gente sabe como começa, mas não sabe como termina. No entanto tem um esforço grande sendo feito no sentido de estabilizar o sistema”, diz Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos. Ele cita a atuação do Federal Reserve, que nesta quinta-feira (16/3) instou um grupo de 11 instituições financeiras a depositar US$ 30 bilhões no First Republic Bank, um dos mais afetados após a quebra do Silicon Valley Bank, para evitar sua quebra. “Só não sabemos como o público vai reagir”, afirma Sobral, que afirma que o impacto maior pode vir com uma eventual aversão ao risco pelo exterior, gerando depreciação do câmbio.
O diretor de Investimentos e CIO da Kairos Capital, Luiz Fabiano, também vê dificuldades de uma contaminação para o sistema bancário. “Acho que com as medidas estabelecidas pelo Fed para prover liquidez para o sistema financeiro, de forma praticamente ilimitada, é difícil enxergar risco sistêmico”, diz.
Em relação ao Copom, Fabiano considera improvável alguma queda na taxa Selic: “Com as expectativas de inflação subindo a cada semana no relatório Focus, e o câmbio acima do que estava nas vésperas da última reunião, acho remota a chance de queda nessa reunião da semana que vem”.
A opinião é compartilhada por Luciano, que afirma ser difícil haver alguma mudanças como reflexo dos acontecimentos no cenário externo. “Acho difícil o Banco Central usar isso como justificativa para mudar o rumo da taxa. Está muito longe ainda da gente, a atividade econômica segue como se esperava e a inflação segue alta”, diz.