A Indie Capital, asset com R$ 2,5 bilhões sob gestão e foco em fundos long-only, começou a testar no ano passado o seu primeiro fundo com critérios ESG, lançado em novembro de 2020. O fundo, que espelha o FIC FIA tradicional da gestora, está alinhado com a demanda das fundações que representam 45% do Patrimônio LÃquido da gestora. “O fator motivador desse lançamento foi a demanda dos family offices, mas as fundações também estavam nos cobrandoâ€, diz Daniel Reichstul, fundador e gestor da casa que existe há dez anos.
A carteira do novo fundo é a mesma do fundo original, porém incorpora um ferramental criado pela gestora que permite um rebalanceamento de pesos coerente com as notas atribuÃdas aos ativos dentro da tese ESG. “Ainda é muito cedo para testar a hipótese de melhor risco/retorno entre o fundo tradicional e o ESG, o que demandará três ou quatro anos para avaliar quanto alfa excedente foi gerado pelos investimentos sustentáveisâ€, afirma Reichstul. Mas ele observa que as duas performances ficaram muito próximas no ano passado, perÃodo em que o petróleo bombou e a Natura, uma referência em ESG, foi mal e frustrou o mercado em termos de performance e de transparênciaâ€.
A Natura, aliás, foi excluÃda não só do fundo ESG mas de todos os portfolios da casa. Entre os ativos que figuram na carteira com destaque estão a Intermédica; a Rumo; a Log-in, a Unidas e a Suzano.
São 26 empresas ponderadas pelas dez com as melhores notas e não há filtros de exclusão. A preocupação é monitorar as empresas para saber se seus gestores entenderam a materialidade de cada aspecto, se as metas de melhoria existem e como tem sido sua evolução. “Excluir limitaria as opções de investimento e consideramos que é mais importante fazer o engajamento com as empresas, olhar como elas performam dentro dos seus setores, se estão alinhadas com os padrões internacionais e menores emissões de carbonoâ€, afirma o sócio Marcelo Bronze.
Entra na avaliação também a atitude da gestão da empresa em relação a esses fatores, explica Laura Vehanen, a analista ESG contratada pela gestora. “ConstruÃmos uma matriz e ela vai sendo povoada em diversos quadrantes com as empresas do portfólio. Os pesos variam conforme as notas ESG, desde a melhor até as que mostram maior risco de sustentabilidade, mas também de acordo com a atitude dos gestoresâ€, diz a analista.
Na avaliação de Reichstul, o cenário em 2022 será desafiador para a bolsa brasileira, em especial no primeiro semestre. O ano já começou com a nova variante da Covid-19 e a preocupação com os juros nos EUA, uma vez que o Fed dá sinais cada vez mais claros de que haverá um hard landing na economia americana. “No cenário doméstico, o crescimento deverá ser baixo e há uma série de questões polÃticas e fiscais, então o cenário não é favorável mas há companhias muito descontadas e com bom valuation, então será preciso encontrar boas histórias empresariaisâ€, pondera.