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Mercado de distressed credit deve somar R$ 80 bi em 2022, diz MGC

Eduardo MartinsMGCA MGC Holding, empresa especializada na aquisição de distressed credit, está estimando um crescimento do mercado de títulos inadimplidos no ano que vem por conta das dificuldades financeiras vividas pelas pessoas e empresas neste ano. “Serão as carteiras da pandemiaâ€, diz o sócio Eduardo Martins. Neste ano, até o momento, o mercado negociou 35 carteiras de créditos inadimplidos, no valor de R$ 52 bilhões, contra 17 carteiras e R$ 25 bilhões em todo o ano passado. “Para o ano que vem estamos esperando que o volume chegue a R$ 80 bilhõesâ€, diz Martins.
A MGC foi montada por ele e dois sócios em 2015, contando hoje com dois Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs) e um Fundo de Participações (FIP). O FIDC Atlântico é o maior deles, com R$ 20 bilhões atualmente, operando especificamente no mercado de distressed credit. O fundo foi absorvido pela MGC no final do ano passado, quando comprou a Credigy, empresa canadense que atuava nesse segmento no País. O segundo FIDC é voltado ao mercado corporativo, comprando dívidas de empresas em recuperação judicial para depois negociá-las junto às próprias companhias ou no mercado, possuindo um patrimônio líquido de cerca de R$ 1,5 bilhão. O último é um FIP de R$ 100 milhões com operações na área de real estate, que incorpora obras inacabadas às quais fornece funding para a conclusão e posterior venda ao mercado.
Segundo Martins, o volume de carteiras de crédito inadimplido tem surpreendido neste ano. Empresas que nunca vieram à mercado fizeram sua estréia nos últimos meses. Via Varejo, por exemplo, vendeu uma carteira de R$ 3 bilhões, enquanto Lojas Marisa colocou duas ofertas que somaram R$1,5 bilhão e Lojas Riachuelo fechou ontem (25/10) uma operação de R$ 1 bilhão. “O segmento varejista foi o mais afetado pela crise, com fechamento de lojasâ€, analisa Martins. “Então começou a buscar dinheiro onde antes não buscava, vendendo carteiras estressadasâ€.
Outro segmento que passou a oferecer carteiras foi o de fintechs. “Acho que essa turma não estava preparada para esse movimento de inadimplência que veio com a pandemiaâ€, diz o executivo. Ele conta que os volumes são menores que o das grandes lojas de varejo, “mas tem fintech colocando carteiras de R$ 500 milhões, outras de R$ 600 milhõesâ€, conta Martins. Também o segmento educacional fez ofertas, além dos bancos que vieram à mercado apenas no segundo semestre deste ano. “Bradesco ofertou R$ 6 bilhões, Santander R$ 7 bilhões e Banco Pan R$ 5 bilhõesâ€.
Ele avalia que “os bancos virão mais firmes no ano que vem, com as carteiras da pandemiaâ€. O executivo avalia que 2022 deve ser “um grande ano para o mercado de crédito estressadoâ€. A avaliação é realista, frisa Martins, explicando que os melhores anos desse segmento são justamente aqueles onde a economia vai mal, pois mais gente fica inadimplente. “O nosso mercado é contra-cíclico, quanto pior vai a economia mais movimentado é esse mercadoâ€, constata com base no acompanhamento que tem desse segmento há trinta anos —antes de empreender com a MGC ele trabalhou por 25 anos nessa área no Banco do Brasil.
Na avaliação do executivo, investidores institucionais deveriam fazer pequenas incursões nesse mercado, que no Brasil é alocado, basicamente, por familly offices. Segundo ele, o FIDC Atlântico tem dado retorno anual na casa dos 30%.