A MGC Holding, empresa especializada na aquisição de distressed credit, está estimando um crescimento do mercado de tÃtulos inadimplidos no ano que vem por conta das dificuldades financeiras vividas pelas pessoas e empresas neste ano. “Serão as carteiras da pandemiaâ€, diz o sócio Eduardo Martins. Neste ano, até o momento, o mercado negociou 35 carteiras de créditos inadimplidos, no valor de R$ 52 bilhões, contra 17 carteiras e R$ 25 bilhões em todo o ano passado. “Para o ano que vem estamos esperando que o volume chegue a R$ 80 bilhõesâ€, diz Martins.
A MGC foi montada por ele e dois sócios em 2015, contando hoje com dois Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs) e um Fundo de Participações (FIP). O FIDC Atlântico é o maior deles, com R$ 20 bilhões atualmente, operando especificamente no mercado de distressed credit. O fundo foi absorvido pela MGC no final do ano passado, quando comprou a Credigy, empresa canadense que atuava nesse segmento no PaÃs. O segundo FIDC é voltado ao mercado corporativo, comprando dÃvidas de empresas em recuperação judicial para depois negociá-las junto à s próprias companhias ou no mercado, possuindo um patrimônio lÃquido de cerca de R$ 1,5 bilhão. O último é um FIP de R$ 100 milhões com operações na área de real estate, que incorpora obras inacabadas à s quais fornece funding para a conclusão e posterior venda ao mercado.
Segundo Martins, o volume de carteiras de crédito inadimplido tem surpreendido neste ano. Empresas que nunca vieram à mercado fizeram sua estréia nos últimos meses. Via Varejo, por exemplo, vendeu uma carteira de R$ 3 bilhões, enquanto Lojas Marisa colocou duas ofertas que somaram R$1,5 bilhão e Lojas Riachuelo fechou ontem (25/10) uma operação de R$ 1 bilhão. “O segmento varejista foi o mais afetado pela crise, com fechamento de lojasâ€, analisa Martins. “Então começou a buscar dinheiro onde antes não buscava, vendendo carteiras estressadasâ€.
Outro segmento que passou a oferecer carteiras foi o de fintechs. “Acho que essa turma não estava preparada para esse movimento de inadimplência que veio com a pandemiaâ€, diz o executivo. Ele conta que os volumes são menores que o das grandes lojas de varejo, “mas tem fintech colocando carteiras de R$ 500 milhões, outras de R$ 600 milhõesâ€, conta Martins. Também o segmento educacional fez ofertas, além dos bancos que vieram à mercado apenas no segundo semestre deste ano. “Bradesco ofertou R$ 6 bilhões, Santander R$ 7 bilhões e Banco Pan R$ 5 bilhõesâ€.
Ele avalia que “os bancos virão mais firmes no ano que vem, com as carteiras da pandemiaâ€. O executivo avalia que 2022 deve ser “um grande ano para o mercado de crédito estressadoâ€. A avaliação é realista, frisa Martins, explicando que os melhores anos desse segmento são justamente aqueles onde a economia vai mal, pois mais gente fica inadimplente. “O nosso mercado é contra-cÃclico, quanto pior vai a economia mais movimentado é esse mercadoâ€, constata com base no acompanhamento que tem desse segmento há trinta anos —antes de empreender com a MGC ele trabalhou por 25 anos nessa área no Banco do Brasil.
Na avaliação do executivo, investidores institucionais deveriam fazer pequenas incursões nesse mercado, que no Brasil é alocado, basicamente, por familly offices. Segundo ele, o FIDC Atlântico tem dado retorno anual na casa dos 30%.