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Oferta é restrita, diz Sistel
Fundo de pensão avalia que entrada de novos players facilitaria a introdução de inovações na área de custódia e administração fiduciária

Edição 377

gomes luciana sistel 25jun 01A centralização dos serviços de custódia, controladoria e administração fiduciária no mesmo prestador de serviços assegura uma resposta mais eficiente às demandas das fundações, explica Walmir Rodrigues, diretor de controladoria da Sistel. “Esse modelo tem atendido bem as nossas necessidades porque as carteiras são rodadas lá dentro, o que facilita o nosso contato com os gestores e também os controles de enquadramento, além de reduzir custos porque o quadro interno de pessoal ficou menor”, diz.
Os serviços operacionalmente intensivos, como aqueles ligados aos sistemas de ativos, ao enquadramento, à gestão de riscos e aos riscos de continuidade, por exemplo, ficam com o custodiante, reduzindo assim a necessidade de manter equipes maiores. “Ficamos só com o “filé”, que é a análise”, explica Rodrigues.
Assim como acontece com os demais contratos com prestadores de serviços, há uma reavaliação anual para conferir se a qualidade está de acordo com os padrões da entidade. “Analisamos também o risco de imagem em cada um desses contratos”, diz.
A fundação mantém hoje todos os seus investimentos terceirizados, via fundos exclusivos, exceto nos casos da carteira imobiliária e da carteira dos empréstimos aos participantes, informa Luciana da Cunha Gomes, diretora da investimentos. “Outra exceção são os fundos de investimento imobiliário (FII) e os fundos de investimento em participações (FIP), mas esses são veículos antigos e residuais, em fase de desinvestimento”, diz. Hoje focada no pagamento de benefícios aos participantes dos planos, a Sistel mantém os seus investimentos sem correr riscos adicionais, priorizando a segurança e a liquidez.
Em relação à custódia, ela ressalta a forte concentração da oferta de serviços em poucos players expressivos que estão disponíveis para os investidores institucionais no País hoje, o que limita as opções de escolha e o surgimento de novas ideias. “O argumento para uma possível desconcentração é o de que seria preciso haver maior escala, que atraísse mais prestadores, então isso limita as possibilidades”, diz.
Para Walmir Rodrigues, a atual concentração reduz as chances de surgirem inovações nos serviços prestados, como acontece em outros mercados do mundo. O uso de ferramentas de Inteligência Artificial, por exemplo, é um fator que poderia ganhar maior dimensão. “Hoje há praticamente três grandes players disponíveis para os institucionais, além de alguns menores. E sabemos que, quanto mais prestadores houver, maior será a qualidade dos serviços porque ter mais opções e mais cabeças pensantes é sempre interessante”, afirma.

cafaro emilio forluz 25junPadronização - Na avaliação feita pela Forluz, a partir de levantamento realizado pouco antes da pandemia, há uma forte padronização dos serviços de custódia, controladoria e administração fiduciária no País, o que não incentiva eventuais trocas de prestadores. “Nós temos a custódia, controladoria e administração fiduciária da Intrag, do Itaú, já há muitos anos, e pelo levantamento que fizemos não haveria benefício em uma troca de prestador, uma vez que temos um bom relacionamento com eles e o atendimento tem dado as respostas necessárias às nossas demandas”, explica Emílio Cáfaro, diretor de Investimentos e Controle.
“Diante dos resultados do estudo e como já tínhamos um prestador qualificado, concluímos que não haveria benefício em trocar, mas estamos permanentemente avaliando para garantir que os serviços estejam dentro do padrão Forluz de custo-benefício”, diz.
Ao avaliar os serviços de custódia, é importante que sejam atendidos os critérios de qualidade ligados ao atendimento e de disponibilidade da equipe do custodiante. “Isso é fundamental para fazer frente a qualquer movimento inesperado do dia a dia que precise ser resolvido com maior agilidade. Ainda que sejam raros, esses momentos ocorrem e é preciso contar com um atendimento ágil”, afirma Cáfaro.
A Forluz faz uma avaliação trimestral desses serviços e sempre que identifica algum ponto fora da curva, promove uma reunião com o custodiante, destaca Alessandra Campos, gerente de controladoria e finanças. “Nos últimos trimestres, não houve nenhum ponto discrepante”, afirma.
A fundação está em fase final de adaptação de seus 16 fundos exclusivos às regras da Resolução CVM 175 e a maioria estará adequada até o prazo-limite legal do dia 30 de junho, informa. “O grande desafio este ano era colocar todos os fundos dentro da nova regra até essa data e conseguimos isso. Os poucos que ainda faltarem serão adaptados em curto prazo. O processo aqui foi mais tranquilo porque já tínhamos tudo segregado e não em carteira única, como ocorre com algumas entidades”, diz Campos.

figueiredo andre realgrandeza 25junPrecificação - No modelo adotado pela fundação Real Grandeza, a custódia, a controladoria e a administração fiduciária são feitas pelo mesmo prestador de serviços, o Bradesco, que também faz a administração de carteiras, diz André Figueiredo, analista da controladoria da fundação. “A administração de carteiras é um item importante porque todos os ativos em carteira própria são custodiados, tem acompanhamento e administração fiduciária feitos pelo mesmo agente, incluindo a precificação dos ativos e a organização de assembleias”, diz.
As carteiras administradas trazem a vantagem de permitir segregar os ativos por segmentos e calcular sua rentabilidade, dando valor ao patrimônio em todas as classes de ativos. “Essas funções poderiam ser assumidas por agentes separados, mas quando há um único prestador de serviços, ele consegue montar a carteira com a segregação por classes”, explica Figueiredo. A precificação dos ativos também é um aspecto fundamental para a fundação, que divulga sua rentabilidade regularmente junto aos participantes dos planos. “Desenvolvemos um sistema em que batemos a precificação dos ativos junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para termos uma prévia diária”, diz.
A qualidade do atendimento feito por esse custodiante é acompanhada de perto, até para que sejam discutidas eventuais melhorias. “Essa é uma demanda importante porque no dia a dia sempre surgem pequenos problemas e, nesses momentos, a custódia e a controladoria têm que estar ao nosso lado, o dia todo, para esclarecer dúvidas operacionais com um atendimento exclusivo”, afirma Figueiredo.