Ressignificar a previdência complementar é o grande objetivo da atual gestão da Abrapp, que será comandada por Devanir Silva pelos próximos três anos, até 2027. No primeiro dia de um workshop de dois dias, encerrado nesta quarta-feira (5/2), o novo presidente da entidade afirmou que um de seus objetivos é trabalhar para que, num prazo de 10 anos, 50% da população brasileira possa contar com cobertura previdenciária. “Seria interessante se a gente acordasse em 2035 com a previdência complementar superando 100% do PIB. E temos potencial para isso”, disse.
Silva destacou em seu discurso no workshop a importância de manter um relacionamento próximo com os parlamentares em Brasília, de forma a criar uma base de deputados, senadores e ministros identificados com as teses defendidas pela Abrapp, entre essas a de ampliar a cobertura previdenciária dos trabalhadores do País. Citou o caso dos trabalhadores autônomos e dos trabalhadores por aplicativos, dois segmentos hoje totalmente desprotegidos aos quais a Abrapp pretende dar mais foco nos próximos anos, criando produtos adequados para permitir sua inserção no sistema de previdência fechada.
Silva conta que o processo de aproximação com a classe política foi revitalizado no ano passado, com a Abrapp liderando visitas a centenas de políticos em Brasília com o objetivo de convencê-los a votar favoravelmente à uma mudança no texto original da reforma tributária, que permitiu tirar os fundos de pensão do rol de entidades financeiras com fins lucrativos para incluir no rol das entidades assistenciais sem fins lucrativos. Ele destaca a importância da alteração, assim como a importância de preservar e ampliar o capital político acumulado durante a votação da reforma tributária, para formar uma espécie de bancada parlamentar da previdência que possa atuar favoravelmente ao setor em outras teses.
Silva também destacou a importância de reforçar o relacionamento com os órgão reguladores e fiscalizadores da previdência complementar, entre eles o Ministério da Previdência, a Secretaria de Regime Próprio e Complementar e a Previc.
Na sua fala ele também traçou um paralelo das entidades de previdência fechada com as entidades de previdência aberta. Destacou que embora o número das fechadas tenha caído nos últimos 10 anos, ainda é substancialmente maior que o das abertas. E além disso, pagam mais de R$ 90 bilhões em benefícios, enquanto as abertas pagam apenas R$ 5 bilhões.