O segmento de fundos de pensão fechou o mês de novembro com um déficit acumulado de R$ 18 bilhões, uma situação bem mais confortável dos que os R$ 36 bilhões acumulados no mesmo período do ano passado. Segundo o presidente da Abrapp, Jarbas de Biagi, essa evolução é resultado da boa rentabilidade da carteira consolidada de investimentos do segmento, que atingiu 7,97% no acumulado do ano, acima dos 6,41% da Taxa de Juros Parâmetro (TJP).
A TJP é o parâmetro mais próximo do atuarial do plano, medido pela duration do seu passivo. Segundo Biagi, além do segmento ter superado a TJP no acumulado do ano, também conseguiu bater essa marca em cada tipo de plano, especificamente. Os planos de Benefício Definido (BD) renderam 7,25% até novembro, os de Contribuição Definida (CD) 8,70% e os de Contribuição Variável (CV) 8,92%.
Ainda de acordo com o presidente da Abrapp, que participou hoje de coletiva de imprensa para fazer um balanço do segmento de fundos de pensão em 2023, a rentabilidade consolidada da carteira das EFPCs em 12 meses é de 9,85%, também acima da TJP que ficou em 9,25%.
Resoluções importantes - Biagi avalia que a recriação do Ministério da Previdência Social teve importante papel no avanço do segmento neste ano, pois indicou para a sociedade que a previdência fechada passou a ser uma prioridade para o governo. “Criou o Grupo de Trabalho que discutiu importantes questões sistêmicas do segmento”, disse.
Segundo ele, duas questões foram debatidas e encaminhadas pelo GT, resultando em importantes resoluções para o segmento. A primeira é a resolução que trata do equacionamento do déficit das entidades, aprovada há um mês no Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), e a segunda é a que trata da retirada de patrocínio, aprovada hoje no mesmo conselho. “Essas duas resoluções tiveram caráter social, de proteger o participante, para que ele não fosse chamado a pagar mais do que o necessário”, explicou o presidente da Abrapp.
Perspectivas - Levantamento realizado pela Abrapp no terceiro trimestre do ano mostra que os ativos do setor somavam R$ 1,2 trilhão, representando 11,8% do PIB. Os planos que mais cresceram foram os instituídos e os de servidores públicos. Os planos instituídos somavam R$ 19,7 bilhões em setembro de 2023, uma alta de 16% em relação ao mesmo mês de 2022, com mais de 721 mil participantes, salto de 4,4% na mesma comparação.
Já os planos dos servidores públicos totalizaram mais de R$ 15,6 bilhões, um aumento de 35,6% em comparação com setembro de 2022. Outra vertical em franco crescimento é a dos planos família e setoriais, que encerram setembro com ativos de R$ 1,66 bilhão, aumento de 40% em comparação com igual período do ano passado.
Cenários 2023 - A Abrapp mantém as projeções divulgadas em outubro passado, de três cenários de valorização das carteiras no encerramento de 2023. No cenário III, mais otimista (com o Ibovespa acima dos 130 mil pontos), a carteira consolidada encerraria o ano com valorização média de 13,11%, resultado de alta de 12,93% na renda fixa, 15,84% na renda variável e 11,62% em "outros". No segundo cenário (com o Ibovespa em 121 mil pontos), a renda variável ficaria em 5,77% e puxaria a carteira consolidada para 11,84%. E no terceiro cenário (com o Ibovespa em 98 mil pontos), a renda variável ficaria negativa em -14,38% e puxaria a carteira consolidada para 9,31%.