Entidades ligadas ao segmento de previdência fechada, como Abrapp representando os fundos de pensão, Sindapp as patrocinadoras de entidades, Apep as entidades de patrocÃnio privado e Anapar os participantes ativos e assistidos de fundos de pensão, estão solicitando uma reunião com o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, para debater como reagir à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que deu uma liminar suspendendo decisões do CNPC em relação ao adiamento das cobranças de contribuições extraordinárias de participantes assistidos e patrocinadoras de EFPCs.
Como o CNPC não tomou ainda nenhuma decisão nesse sentido, a ação cautelar dada pelo TCU à sua equipe de auditoria externa, que pediu a medida, representa a suspensão da aplicação de uma norma que ainda não existe. Segundo vários dirigentes ouvidos por esta publicação presentes no 44º Congresso Brasileiro da Previdência Privada, a justificativa é perigosa pois poderia ser invocada, da mesma forma, para barrar antecipadamente quaisquer outras mudanças de normas ou regulamentos que o Conselho Nacional de Previdência Complementar quisesse fazer.
Mais grave do que isso, entretanto, a cautelar do TCU se insurge contra uma determinação do presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, e do ministro Carlos Lupi, que em 2 de junho último assinaram um decreto criando um Grupo de Trabalho com o objetivo de elaborar propostas para revisar a regulação do segmento da previdência complementar fechada.
E quais temas seriam tratados pelo GT criado com as assinaturas de Lula e Lupi? Especificamente três: a) avaliação e registro de tÃtulos e valores mobiliários, processo de escolha de dirigentes e conselheiros e equacionamento de déficit atuarial relativo ao exercÃcio de 2022; b) retirada de patrocÃnio e rescisão unilateral de convênio de adesão; c) procedimentos e critérios especÃficos para a apuração e o tratamento dos resultados dos planos de benefÃcios. Ou seja, mudanças na norma de equacionamento do déficit estavam previstas no decreto assinado por Lula e Lupi.
Ainda segundo os dirigentes, a cautelar do TCU parece ter um endereçamento definido, uma vez que em julho de 2022 foi editada a Resolução CNPC 55, que alterava as regras de equacionamento de déficit em vigor, permitindo o congelamento do déficit relativo ao ano de 2021 e postergando seu equacionado para o ano de 2022. O déficit de 2021, adiado em um ano, correspondia a cerca de R$20 bilhões e abrangia 148 planos. “No governo anterior podia, nesse não podeâ€, questionam os dirigentes.
“É um absurdo suspenderem uma norma que ainda nem existe, por antecipação, e ainda por cima confrontarem um decreto do presidente da República e de um ministroâ€, confidenciou um dirigente na condição de anonimato. “E em total contradição com a postura adotada há pouco mais de um ano sobre o mesmo assuntoâ€. A solicitação da reunião com Lupi já foi encaminhada pelas entidades ao Ministério da Previdência Social e aguarda uma resposta.