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Controlar riscos é essencial
O crédito privado, que trouxe muita rentabilidade às carteiras em 2024, neste ano precisará ser olhado com lupa para manter o risco sob controle

Edição 374

Rodela,Ana(Bradesco) 25mar 01Para a indústria de fundos de investimento, o ano de 2024 foi do crédito privado, com a redução dos spreads ao longo do tempo e o consequente aumento da rentabilidade dos fundos, observa Ana Rodela, CIO da Bradesco Asset Management. A exemplo do que aconteceu no mercado, o crédito privado também foi o destaque na gestora. “Essa é a nossa maior mesa hoje porque os recursos migraram dos fundos multimercados e da renda variável e a carteira de crédito privado estava muito subdimensionada”, informa. A mesa captou R$ 72 bilhões em 2024 e tem hoje R$ 370 bilhões sob gestão.
O fundo High Yield 3, que representa bem essa estratégia, adota um formato diverso do que há no mercado. O fundo compra todos os créditos e só depois sai para captar no mercado. “Esse modelo é diferente do que existe na indústria, em que os recursos são captados antes da compra dos créditos. Isso pode se transformar numa armadilha porque aumenta as chances de selecionar maus créditos uma vez que a seleção é feita sob pressão”, diz a executiva.
O fundo Bancos II, por sua vez, investe apenas em títulos bancários e consegue melhores taxas de Letras Financeiras (LF) sem precisar abrir mão da liquidez, explica Rodela. É um fundo D+1 e consegue isso porque tem vários cronogramas de vencimento, uma vez que as LFs têm dois anos de prazo. O Ultra é um fundo bastante alocado em crédito que conseguiu entregar 117% do CDI e já tem R$ 700 milhões de PL. “Controlamos o tamanho de perto para não sermos obrigados a fechar o fundo”, afirma. Ela lembra que, apesar da forte captação, a mesa de crédito privado conseguiu manter sua capacity.
O grande desafio no momento é encontrar os créditos para alocar, o que exige proximidade com os originadores para ter acesso às operações restritas a um único investidor ou a poucos investidores, sem fazer o book building. “Em ambiente de mercado muito carente de crédito, isso foi importante para fecharmos club deals e private placements, explica. Em 2024, 54% do que foi comprado pela asset em crédito veio de private placement ou de club deal.
Em 2025, com o CDI médio muito mais alto do que no ano passado e a economia em desaceleração, teremos uma combinação que deverá aumentar a inadimplência das empresas. A gestora já havia filtrado sua carteira para ajustá-la a esse cenário, mas em dezembro decidiu rodar novamente uma simulação, desta vez considerando 10% de juro real e 17% de taxa nominal. “Esse juro real é muito ruim para as empresas. Rodamos e até saímos de algumas delas mas não vimos situações mais graves porque as empresas continuam gerando caixa suficiente para manter sua solvência”, detalha Rodela.
Um dos desafios está na seleção dos ativos de empresas que poderão passar o ano sem problemas de pagamento e ao mesmo tempo trazer rentabilidade, o que exige dosar bem o risco. “Nesse cenário, porém, é sempre melhor adotar excesso de precaução porque qualquer evento de crédito pode produzir quedas significativas dos ativos, de até 80%”, diz.
Outro aspecto delicado é o da liquidez, porque se o cenário ficar favorável a outras classes de risco no segundo semestre poderá haver uma migração do crédito e o desafio aí será fazer caixa na hora certa para garantir a liquidez.
Na renda variável, o ano foi de muita volatilidade e terminou muito mal para os ativos de risco mas a asset investiu mais no olhar internacional e explorou ativos globais com exposição a temas diversificados, diz Rodrigo Santoro Geraldes, head de equities na Bradesco Asset. “Investimos em equipes e análise, participando de conferências com os CEOs de empresas de tecnologia lá fora”, explica.
O fundo de dividendos também foi importante ao apostar em empresas mais maduras, que performam melhor no cenário de juros altos do que outras companhias. “O fundo IBX ativo para institucionais também surfou bem o ambiente, com viés mais defensivo”, afirma.
Em 2025, ele vê as companhias na bolsa ainda saudáveis, com bons lucros projetados para a bolsa e o valuation em patamares muito deprimidos. “Temos focado nas boas empresas, nos players de dividendos e na manutenção de um posicionamento conservador”, diz.
Nos EUA, o ano ainda será de crescimento e com a economia resiliente, dando espaço ao Federal Reserve para reduzir o juro “Estamos otimistas com as perspectivas de lucros das companhias listadas, principalmente as de tecnologia, e todas estão bem posicionadas”, avalia. “O governo Trump tem provocado muita volatilidade naquilo que nos parece mais uma política de negociação. Temos olhado mais para os aspectos micro das companhias”, diz Geraldes.

Cavallete,Fernando(Ita) 22ago SM2Estudio

Para Fernando Cavallete, do Itaú, perspectiva para fundos de ações não é positiva neste ano

Diversidade global - Na Itaú Asset Management, apesar do ano difícil foi possível navegar bem a gestão dos fundos, chegando ao final de 2024 com resultados relevantes numa variedade de veículos das diversas classes de ativos, incluindo a de multimercados, afirma Fernando Cavallete, especialista de portfólio.
Entre os fundos de maior destaque esteve o multimercado multiestratégia e multigestor Global Dinamic (GD) Plus, que combina todas as estratégias macro e tem uma parcela de long and short de ações. “O fundo operou com viés mais pessimista a partir do segundo trimestre de 2024, principalmente no mercado de juros, e o grande ganho veio da parte de juros locais, entendendo bem a inflexão do sentimento sobre as taxas e a grande reviravolta que ocorreu no ano”, ressalta.
Os gestores conseguiram mudar a posição aqui e capturaram resultados também nos mercados de juros da Europa, Reino Unido, Colômbia, México e EUA. “A visão nesses países passou a ser mais otimista, o contrário do que ocorreu com os juros nos EUA”, conta Cavallete. Entre as operações mais interessantes do GD ele destaca os ganhos em posições relativas feitas na curva dos juros do Egito, obtidos por um gestor que fica em Nova York.
Um diferencial importante é a estratégia de valor relativo que abrange as emissões do mercado local contra as emissões offshore.
A bolsa dos EUA foi importante também pelo rally das ações do setor de tecnologia, capturado pelo fundo. “Pegamos um pedaço desse movimento inclusive na bolsa da Argentina, em operação feita por um gestor de Miami”,diz. Entre os multimercados, o fundo Janeiro e outros fazem gestão dentro do GD. “O janeiro surgiu em setembro de 2023, com a chegada do Bruno Serra, e bateu o CDI graças às vertentes de juros Brasil, juros internacionais em posições otimistas na Europa e Reino Unido e pessimistas nos EUA. Na bolsa, o fundo também capturou ganhos no ecossistema de Inteligência Artificial”, detalha Cavallete.
Na renda variável, o fundo Dunamis foi novamente um destaque, operando bem o setor de tecnologia nos EUA e, além disso,conseguiu gerar alpha no Brasil. A gestão ficou overrated em Weg, por exemplo, e ficou fora de Localiza e Azul. “O game foi nos proteger de coisas que não foram bem”, conta. Já o fundo Smart Ações 50, um smart beta para diversificação, tem pegada fundamentalista e caiu menos do que o Ibovespa.A carteira ficou overrated em bancos (à exceção do Bradesco) e gerou alpha também com as ações da Klabin, Gerdau e Embraer.
Este ano é mais complicado para os fundos de ações, por conta do juro e da inflação elevados. “Há outros fatores além do juro alto que podem influenciar a bolsa mas a perspectiva da classe não é positiva e isso torna muito importante contar com uma gestão ativa”, afirma Cavallete.
Na renda fixa, o destaque foi para o crédito privado, com o fundo Prestigium Institucional, um high yield com carteira diversificada que roda 70% em créditos dos setores financeiro e de energia. “São os principais papéis mas a carteira é bem pulverizada, tem 70% em debêntures, 20% em LFT e 5% em FIDCs”, diz.
“Entre os fundos classificados como excelentes estão representadas todas as mesas do sistema multimesas da Itaú Asset”, avalia Jefferson Veiga, gerente de distribuição institucional.
“Os resultados do ano mostram a capacidade de criar e internalizar as mesas, que vão se alterando no tempo conforme performam e se alinham aos interesses dos clientes”, afirma. A casa tem hoje R$ 220 bilhões em Global Investment Solutions, diz Veiga, com mais de 500 mandatos exclusivos.

Magalhaes,HumbertoJoseTeofilo(Caixa) 25mar

“A grande protagonista em 2024 foi a renda fixa”, destaca Humberto José Teófilo Magalhães, da Caixa

Janelas de oportunidades - Na Caixa Asset, o ano de 2024 consolidou a gestão de renda fixa em uma posição de referência no mercado, segundo avalia Humberto José Teófilo Magalhães, diretor presidente. “A grande protagonista em 2024 foi a renda fixa, na qual, historicamente, a asset é bastante presente. Beneficiada pelo cenário de juros, a classe entregou resultado para os investidores sem precisar passar pelas altas volatilidades observadas nos ativos de risco”, diz.
Dois grandes destaques de captação, especialmente no segmento de RPPS, foram os fundos da família de vértice, que aproveitaram as altas taxas das NTN-B, e o fundo Caixa Brasil FI Renda Fixa Referenciado DI LP que possui uma carteira alocada em títulos soberanos pós e uma parte da carteira em crédito privado altamente qualificado.
“No caso dos fundos de vértice, ou seja, aqueles que adquirem um único vencimento de NTN-B e o carregam até o vencimento, realinhamos as nossas taxas de administração, deixando o produto ainda mais interessante para os investidores”, diz Magalhães.
Mesmo em um ambiente onde a renda fixa local foi a alocação predominante, esse segmento de público manteve um olhar para a diversificação do portfólio com outras classes. “Um grande destaque foi o fundo Caixa Institucional FI Ações BDR Nível I, beneficiando-se do bom desempenho das ações globais, especialmente as americanas, e capturou a valorização do dólar frente ao real, funcionando também como uma proteção à exposição aos ativos locais como bolsa e renda fixa marcada à mercado”, afirma.
“Com a perspectiva de manutenção de juros elevados no Brasil e um ambiente global mais complexo, é possível que 2025 continue navegando na renda fixa, porém com o investidor atento às janelas de oportunidade que a gestão ativa de outras classes pode oferecer”, analisa Magalhães.
Entre os fundos excelentes, ele destaca o FI Caixa Brasil IRF-M 1 Títulos Públicos RF, com rentabilidade superior aos índices IRF-M e ao IRF-M 1+ porque os papéis mais curtos foram menos afetados pela volatilidade e pela abertura dos juros nominais.
“Diante da alta volatilidade das taxas de juros observada na segunda metade do ano, a estratégia de baixa exposição ao risco de mercado se mostrou exitosa, o que foi demonstrado pelos resultados do FI Caixa Aliança Títulos Públicos RF CP, um fundo de curto prazo que aloca em operações compromissadas diárias”, explica.
Outro destaque foi o FI Caixa Saúde Suplementar, que tem aproximadamente 94% de sua carteira formada por LFT e conseguiu rentabilidade acima do CDI devido ao fechamento das taxas desses títulos em comparação com o final de 2023.
“Nos fundos de renda fixa, passamos a priorizar mais o carrego dos títulos, em detrimento à maior exposição ao risco de mercado. E a composição das carteiras migrou de uma alocação mais prefixada para uma estratégia preponderante em ativos pós-fixados e também aumentamos a exposição a ativos de crédito privado nos fundos de renda fixa ativa”, conta Magalhães.
Assim como para os fundos de renda fixa, ele lembra que a taxa de carregamento é um fator chave nos fundos de ações, o que deve limitar o espaço para valorizações sustentadas dos ativos locais de renda variável este ano.
“Vemos espaço, por exemplo, para a ocorrência de rallies de mercado, porém, por períodos curtos, com duração de poucas semanas. Dessa forma, o desempenho dos fundos multimercados tende a ser em sua maior parte explicado por ativos de renda fixa local e renda variável estrangeira”, afirma.
O foco da renda variável em ativos nacionais tende a ser em empresas e setores bons pagadores de dividendos. São empresas cujos resultados têm maior correlação com a atividade econômica local corrente, que apesar da expectativa de desaceleração, segue sem grandes surpresas contrárias, e/ou ativos com exposição à economia dos EUA.
O fundo Caixa BR IBX-50, é um destaque pela flexibilidade em alocar recursos em empresas nas quais a casa tem maior convicção. São priorizadas empresas líderes de mercado; com estrutura de capital sólida; margens robustas e valuation atrativo.
A asset mantém posições em empresas exportadoras com exposição a moeda forte e a carteira, diversificada, aposta em nomes como Itaú, Eletrobras, Equatorial, Sabesp, Vale, Petrobras, Suzano, Weg e Embraer.
A análise feita pelo time de equities identifica hoje um momento único de mercado, com uma combinação de empresas que possuem balanços sólidos, foco em eficiência e margens, crescimento, excelente alocação de capital, pagamento de dividendos e recompra de ações. “Tudo isso com um valuation super atrativo”, pondera.
Ao final de janeiro de 2025 a asset totalizou R$ 535,3 bilhões em ativos sob gestão, sendo que o segmento institucional, composto por entidades fechadas de previdência complementar, fundos de pensão, RPPS, seguradoras e capitalização, representava 47% do total de ativos e somava R$ 252,5 bilhões.
Os fundos de pensão e RPPS somavam até janeiro R$ 73,8 bilhões sob gestão, ou 13,8% dos ativos totais da casa. Ao todo, há 82 fundos de investimento aderentes às normas que regulam os investimentos dos RPPS e 61 fundos adequados às normas dos fundos de pensão.

Cenário incerto - Em meio a uma história de excelente desempenho para a classe de crédito privado em 2024, o fundo de crédito estruturado da Western Asset refletiu o retorno relevante dos FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), informa Marc Forster, head de operações da gestora no Brasil.
O fundo estruturado é composto apenas por FIDCs, crédito lastreado em recebíveis. “Fazemos isso há 15 anos e o produto está também nas carteiras dos institucionais, uma exposição que veio aumentando ao longo do tempo”, explica.
O fundo Prev 2, por sua vez, é um veículo de acesso que diversifica a posição entre debêntures e LFTs. “À medida que os spreads de crédito fecharam no ano passado tivemos menor apetite pelas debêntures e passamos a privilegiar a exposição às LFTs, que chegaram a pagar prêmios similares às debêntures porém com prazos mais curtos e menor volatilidade”, conta Forster. Esse foi um colchão interessante para o fundo e a asset tem aumentado sua exposição a LFTs em todas as carteiras.
Este ano os prêmios continuam pouco atrativos nas debêntures, só interessantes em operações seletivas no mercado secundário. “Temos também aumentado a nossa exposição a bancos porque os prêmios pararam de abrir, estão parados e não é hora de aumentar o crédito corporativo ainda por algum tempo”, afirma.
“O cenário é de bastante incerteza, mas não vemos uma crise de balanços nas companhias e do nosso total de ativos sob gestão, de R$ 40 bilhões no Brasil, R$ 7 bilhões estão em crédito, em mandatos dedicados ou que tenham uma parcela de crédito”, detalha.
Na renda variável, o ano foi brilhante para os fundos de BDR, lembra Forster. “Esse é um ativo que sempre sobe embora já esteja caro. Temos uma parceria com a ClearBridge nesse fundo, que se expõe a empresas de alto crescimento e reúne de 40 a 45 papéis, bem concentrado”, diz Forster. O fundo veio se beneficiando das sete grandes empresas de tecnologia, com destaque para a Inteligência Artificial, em saúde (Ozempic e similares) e foco em companhias de alto crescimento.
As perspectivas de cenário global a partir deste ano dependem em grande parte de como o governo Trump vai seguir se expressando e implementando aquilo que expressa. “A questão das tarifas é uma espada sobre o mercado, assim como a questão geopolítica na Ucrânia.O mercado fica sem foco diante de tantos anúncios mas o fato é que há tiros voando para todos os lados e isso dificulta fazer posições direcionais nos mercados”, analisa Forster.
No Brasil, ele observa que os grandes investidores institucionais, como os fundos de pensão, têm procurado tornar seus perfis de investimento ainda mais conservadores e próximos do CDI, mas naqueles perfis que têm risco vimos as fundações aumentando um pouco o exterior”, diz. Esses movimentos buscam apenas as bolsas internacionais e muitas vezes são acompanhados pela redução de exposição na bolsa local, um modo de não ficarem fora do mercado de ações.
Hoje não há convicção para fazer posição comprada na bolsa local e a carteira está levemente posicionada abaixo do ponto crítico neste momento. Nas bolsas globais, tende a haver mais espaço, mas há também o receio de que Trump entre na frente de uma economia que está funcionando . “As ameaças de tarifas trazem uma insegurança para o mercado que é equivalente ao impacto da insegurança jurídica”, conclui Forster.

Ranking - Data base 31/12/2024 (arquivo em pdf)

Fundos analidados em 12 / 24 / 26 meses (arquivo em pdf)

Performance geral dos gestores (arquivo em pdf)

Melhores gestores em Renda Fixa (arquivo em pdf)

Melhores gestores em Multimercados (arquivo em pdf)

Melhores gestores em Ações (arquivo em pdf)

Gestoras participantes (arquivo em pdf)

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