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CVM suspende AGE que discutiria incorporação da BRF pela Marfrig

BRF LogoA Comissão de Valores Mobiliários determinou nova suspensão da Assembleia Geral Extraordinária da BRF, que estava marcada para esta segunda-feira (14/7), para deliberar sobre sua incorporação pela empresa controladora Marfrig. É a segunda vez que a AGE da BRF, marcada com essa finalidade, é suspensa à pedido de investidores minoritários, que reclamam da insuficiência de dados e falta de clareza nas informações fornecidas pela controladora.
A primeira AGE estava marcada para ocorrer em 18 de junho, mas um dia antes dessa data a CVM adiou o evento atendendo a pedido da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e do acionista minoritário Alex Fontana, que alegaram que as informações fornecidas pela controladora eram insuficientes e pouco claras para a tomada de decisão. A Marfrig tem 50,49% da BRF, enquanto a Previ tem cerca de 5% e Fontana pouco menos de 0,2%.
Após o adiamento dessa primeira AGE, e paralelamente à marcação de nova assembleia para o dia 14 de julho, a CVM determinou à Marfrig que fornecesse aos minoritários as informações solicitadas por eles, de forma a dar mais transparência ao processo. Entre as informações solicitadas estavam os dados e projeções que permitiram à controladora definir o valor de mercado das duas empresas, com base nos quais estabeleceu a proporcionalidade para a troca das ações no processo de incorporação. Os minoritários questionam essa proporcionalidade, alegando ser prejudicial a eles.
As novas informações fornecidas pela Marfrig, por determinação da CVM, foram repassadas aos minoritários em novo documento que, mais uma vez, foi classificado como truncado por Previ e Fontana. Argumentando que algumas informações vieram incompletas e outras, inclusive, com uma “tarja” sobre dados estratégicos que encobria o conteúdo, os minoritários entraram na Justiça para pedir novo adiamento da AGE.
Analisando o novo pedido dos minoritários a CVM deliberou, por unanimidade, pelo adiamento, pela segunda vez, da AGE. Reconhecendo a pertinência do pedido dos minoritários, parecer da Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM diz que “a alegação de sigilo como justificativa para a não divulgação de determinada informação expressamente prevista na norma, ainda que venha a ser aceita, nos termos da Decisão do Colegiado, somente poderia ser considerada adequada, em casos excepcionais e devidamente fundamentados. Para a Área Técnica, mesmo em tais casos, é fundamental que reste demonstrado que o objetivo almejado pela regra foi alcançado por meio da divulgação de outras informações ou por procedimentos alternativos”.
A CVM ainda não marcou uma data para a realização da nova AGE, mas deliberou que a controladora tem 21 dias para disponibilizar as informações solicitadas pelos minoritários. A diretora da CVM, Marina Copola, acompanhando parecer da SEP, diz em seu voto, que ‘tarjamentos’ de informações sensíveis nos documentos que “é algo com o qual a CVM se depara com alguma frequência (mas) o equívoco, em casos como o que aqui se depara, está no exagero”.