As empresas brasileiras captaram o valor recorde de R$ 783,4 bilhões no mercado de capitais em 2024, com um crescimento de 66,7% na comparação com o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Do total, R$ 709,2 bilhões vieram da renda fixa, incluindo debêntures, notas comerciais e CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).
As debêntures atingiram R$ 473,7 bilhões, com os recursos sendo destinados principalmente para investimentos em infraestrutura (25,7%), gestão ordinária (24,5%) e pagamento de dívidas (23,4%). Considerando apenas os papéis com benefício fiscal pela Lei 12.431, o volume também é recorde: R$ 135,0 bilhões.
O prazo médio das debêntures como um todo atingiu 7,8 anos, ante os 12,9 anos contabilizados entre os papéis incentivados.
No mercado secundário, o volume negociado de debêntures chegou a R$ 707,6 bilhões, o maior patamar da série histórica, com um crescimento de 59,2% em relação a 2023. Os papéis com incentivo fiscal responderam por R$ 278,6 bilhões desse montante, mais do que dobrando (115,8%) o valor registrado no ano anterior.
Securitização - Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fidcs) se destacaram com o segundo maior volume anual captado, com R$ 81,4 bilhões, representando alta de 86,1% ante 2023. Em quantidade de operações (918), o crescimento foi de 56,4%. “Esses números mostram o maior acesso das empresas de menor porte ao mercado de capitais por meio dos recebíveis. O volume médio de R$ 88,7 milhões por ativo indica que as operações são bastante pulverizadas”, destaca o presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, Guilherme Maranhão.
Ainda entre os instrumentos de securitização, as companhias captaram R$ 58,9 bilhões com CRIs, alta de 23,4% na comparação com o ano anterior, e R$ 41,3 bilhões com CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), com variação negativa de 4,7%.
Já as notas comerciais registraram R$ 43,6 bilhões, superando em 56,1% o volume de 2023. Os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) movimentaram um valor próximo no período, R$ 44,3 bilhões, com um incremento de 46,1%.
Exterior - No mercado externo, as ofertas de renda fixa chegaram a US$ 20,1 bilhões, com alta de 30,2% em relação a 2023. A maior parte desse volume (68,1%) se refere a emissões com prazos entre 6 e 10 anos, seguido pela fatia referente ao intervalo superior a 15 anos (18,6%). Entre os tipos de emissores, as empresas lideraram, respondendo por 59,9% do total, com a República ficando com 31,4% e as instituições financeiras com 8,7%.
Renda variável - Na renda variável, as operações de follow-on totalizaram R$ 25,0 bilhões em 2024, com uma redução de 20,4% na comparação com o ano anterior.
Resultado de dezembro – A captação do mês de dezembro, considerado isoladamente, foi de R$ 99,4 bilhões, o maior resultado mensal de toda a série histórica, iniciada em 2012.