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Mercado analisa decisão do Copom, de elevar Selic para 15% ao ano

juros1A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano, a taxa básica de juros da economia, foi comentada por economistas de várias casas de investimento. Grande parte deles ressalta a postura firme adotada pelo BC em relação ao controle da inflação, ao deixar claro que embora espere a manutenção do atual patamar da Selic em 15% por um período longo, não hesitará em fazer novos ajustes se necessário. Os economistas também apostam que cortes na taxa Selic só devem ser esperados para 2026. Reproduzimos abaixo os principais pontos abordados por 11 desses economistas em seus comentários.
Felipe Rodrigo Oliveira, economista-chefe da MAG Investimentos - “Conforme esperávamos, o Copom subiu os juros em 0,25 p.p para 15,00%. Apesar de não haver mudanças significativas no balanço de riscos para a inflação, vale destacar que o Copom espera a interrupção do ciclo por um período prolongado, a fim de examinar os impactos do ajuste já realizado. Além disso, a menção mais hawkish de que o ciclo de alta poderá ser retomado, caso a autoridade monetária julgue apropriado, também merece menção."
Julio Cesar Barros, economista do Banco Daycoval - "Nossa avaliação preliminar da decisão em elevar a taxa de juros selic para 15% teve um tom mais duro do que o esperado. O destaque é para a afirmação de que “para segurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongadoâ€. Ou seja, o ciclo de corte de juros é assunto fora da mesa. Isto, de certa forma, vai em linha com nossa expectativa de retomada dos cortes de juros apenas em 2026. O comitê ainda pontuou que, em se confirmando o cenário esperado, antecipa-se a interrupção do atual ciclo de alta.â€
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos - "A decisão (...) sinaliza uma possível manutenção na próxima reunião. O comunicado veio dentro do esperado, mesmo para quem projetava estabilidade. Há riscos inflacionários em ambas as direções e as expectativas seguem pressionadas, tanto para 2025 quanto para 2026. O grande ponto de atenção agora é observar, até o fim do mês, o comportamento da curva de juros e das expectativas de inflação. Se o Boletim Focus e o mercado começarem a ajustar para baixo as projeções de 2026 e 2027, pode haver algum alívio.â€
Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos - "A decisão é hawkish ao entregar a alta, quando grande parte dos economistas - nós, inclusive - esperavam manutenção. No entanto, achei a comunicação um pouco dovish, ao (...) mostrar um pouco mais de certeza na desaceleração e já deixar claro que o plano de voo é parar. O comunicado fala em "algum" dinamismo do mercado de trabalho, ou seja, intensidade inferior ao que via na reunião anterior - Isso apesar dos dados mais fortes na margem. Também troca o "incipientes" por "certa" ao qualificar a desaceleração. Quanto a projeções, mantemos sem cortes em 2025: 15%. E cortes apenas no primeiro tri de 2026."
Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos - “A decisão do Copom de elevar a Selic para 15% reforça o compromisso com o controle da inflação em um ambiente de persistentes incertezas fiscais. O aumento tende a gerar um ajuste imediato na curva de juros, com alongamento das taxas longas, e pode provocar uma valorização pontual do real frente ao dólar, dependendo da comunicação do Banco Central. Para os próximos meses, o foco do mercado será monitorar os desdobramentos das contas públicas e o impacto desse movimento nas expectativas de inflação, que ainda seguem desancoradas.â€
Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike - "A elevação da Selic para 15% reforça o compromisso do BC com a estabilidade econômica e o controle da inflação, criando um ambiente de maior previsibilidade para o mercado de crédito estruturado. O cenário de juros mais altos tende a valorizar operações com garantias robustas e modelos de remuneração mais ajustados ao risco, o que favorece soluções financeiras mais sofisticadas e de longo prazo. Combinado a um esforço contínuo do governo pela responsabilidade fiscal, esse contexto pode fortalecer a confiança dos investidores e impulsionar o desenvolvimento de alternativas seguras e rentáveis para empresas e investidores.â€
José Alfaix, economista da Rio Bravo - "Com o aumento de mais 25 bps da Selic, o BC encerra o ciclo de aperto monetário. A autoridade monetária segue lidando com expectativas de inflação muito distantes do centro da meta, economia operando acima do potencial e forte incerteza no cenário externo. A despeito do processo de desinflação assistida recente, com enfraquecimento do dólar e queda dos preços internacionais das commodities, o cenário benigno é de fácil reversão e menos estrutural que os fatores domésticos que têm causado a resiliência nos preços de serviços. A alta adicional demonstra cautela adicional do comitê e deve ser um fator de auxílio na continuidade do processo de reancoragem das expectativas de inflação. Ao mesmo tempo, a perspectiva de um comitê mais “hawkish†pode corrigir um pouco da inversão recente da curva de juros, trazendo abertura para os prazos mais curtos.â€
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master - “O comitê afirma que, se as condições permanecerem como estão, o ciclo está encerrado, e que vai avaliar os efeitos cumulativos das altas que já foram feitas. No entanto, deixa claro que não hesitará em aumentar mais, no futuro, se for necessário. O Copom retirou a menção ao balanço simétrico ou assimétrico, embora tenha listado três fatores de risco altistas e três baixistas. Foi uma decisão bastante dura, que deve inclusive ter efeitos amanhã, como a valorização do real e, eventualmente, a redução das expectativas inflacionárias.â€
Ricardo Serone, diretor financeiro e de investimentos da BB Previdência - “A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic para 15% ao ano indica um grau a mais no nível de austeridade do Banco Central, que já vem aumentando os juros desde setembro do ano passado, e um recado de que vai continuar perseguindo com ainda mais afinco a meta de inflação. A inflação está resiliente, acima do teto da meta, o que deve manter os juros em patamar elevado por mais tempo. A perspectiva é que a taxa comece a cair somente a partir de 2026.â€
Ricardo Pompermaier, estrategista-chefe da Davos Investimentos - “O Banco Central optou por um movimento mais conservador em meio à desaceleração da atividade econômica e à melhora de alguns indicadores de curto prazo, inclusive o câmbio, que tem colaborado para manter a inflação mais controlada. O comunicado sinaliza uma pausa daqui para frente, com manutenção da taxa em patamar elevado por um período prolongado. A escolha de apertar ainda mais a política monetária, mesmo com uma conjuntura mais benigna no curto prazo, busca reforçar a credibilidade da autoridade monetária. É uma decisão que mira, acima de tudo, a ancoragem das expectativas e a preservação do regime de metas, diante de um cenário fiscal ainda frágil e de incertezas persistentes.â€
Luiz Arthur Fioreze, diretor de gestão de fundos da Oryx Capital - “A decisão (de elevar a taxa Selic) segue o compromisso com o controle da inflação, em um contexto ainda frágil de credibilidade fiscal. Apesar da melhora recente nos indicadores inflacionários – com o IPCA desacelerando de 5,53% para 5,32% – o comitê deixa claro que será necessário observar sinais mais consistentes de ancoragem das expectativas. Ainda assim, o comunicado foi lido pelo mercado como uma sinalização de fim do ciclo, o que deve influenciar os juros futuros e o comportamento da curva de DI nos próximos meses."