Edição 376
Dois anos depois de ter sido criada, em fevereiro de 2023, e de ter assumido os fundos da falida gestora Captalys, a Polígono Capital – joint-venture entre a BTG Asset Management e a Prisma Capital- já soma R$ 9 bilhões em Asset Under Management (AUM) e tem planos para seguir crescendo no mercado de crédito estruturado e FIDCs patrocinados por grandes empresas, informa o CEO Edgard Erasmi. Segundo ele, “o objetivo é atingir R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões em ativos sob gestão ao longo dos próximos três a cinco anos”.
Na época em que a gestora foi criada, a decisão de assumir os fundos de crédito da Captalys pareceu um caminho natural, explica Erasmi. “Já conhecíamos a asset, que atuava com grandes empresas. Nunca chegamos a fazer qualquer operação com eles, mas muitos clientes nossos, na Prisma, eram também clientes da Captalys e nos pediram para salvar aquele capital”, explica.
Foram transferidos 35 fundos da Captalys para a Polígono, com um patrimônio consolidado de R$ 4 bilhões, que permaneceram fechados nesses dois anos, para reestruturação e liquidação. O objetivo era trazer o dinheiro de volta e minimizar as perdas dos investidores. O fundo menor, com R$ 100 milhões de patrimônio, já devolveu tudo, com retorno acima do CDI, informa Erasmi.
No início de abril deste ano, o fundo maior, o Orion, com R$ 925 milhões de patrimônio, já havia devolvido boa parte dos recursos. “Faltam R$ 120 milhões, e o fundo deve ser liquidado até dezembro. Ele deveria ter sido reaberto em março último, mas prorrogamos esse prazo para continuar o processo de liquidação. Nossa preocupação era resolver esse imbróglio, que tinha grande chance de impairment (dar prejuízo)”, observa.
À medida que veio reestruturando e liquidando o patrimônio herdado, a gestora também começou a captar recursos para novas famílias de fundos. “ Já captamos R$ 1,5 bilhão em dinheiro novo nas estratégias que replicaram dois fundos herdados. Decidimos abrir novas famílias em vez de reabrir os antigos, porque eles tinham muitas provisões”, diz. Ao todo, há hoje entre 50 e 60 fundos, sendo que a maioria deles investe em cotas de FIDC.
Originação - A aposta para crescer é baseada na capacidade de originação e no conhecimento do mercado de créditos inadimplentes. “Temos uma originação forte para estruturar operações. Tanto a BTG Asset como a Prisma já investiram na compra de portfólios inadimplentes e isso nos faz estruturar melhor uma operação, conseguimos conhecer o que funciona ou não”, diz.
Ele destaca a vertical composta por esteiras de crédito montadas para empresas como o Mercado Livre, Energisa e Casas Bahia, entre outras. Para a Casas Bahia, a gestora estruturou um FIDC lançado em fevereiro deste ano.
No ano passado, foram captados R$ 400 milhões para o FIDC do Mercado Livre, ilustra Erasmi. “Somos investidores em cotas sênior ou mezanino no Mercado Livre, empresa que opera crédito dentro de sua plataforma”, diz.
O FIDC montado para a Casas Bahia ajudou a alavancar as esteiras de crédito da Vivo e do Mercado Livre. “Um investimento importante que temos feito é em tecnologia, porque o risco dessas operações é muito pulverizado, o que exige elevada tecnologia”, diz.
Apesar do juro real elevado, ele aponta a demanda dos institucionais pelo crédito estruturado. “Conseguimos entregar um produto com risco diferente do mercado e temos focado em carteiras mais pulverizadas. Empacotar isso para uma fundação, por exemplo, significa oferecer um produto com baixa volatilidade e muita pulverização”, afirma. Dos R$ 9 bilhões sob gestão, 90% estão entre family offices, multi family offices, fundos de pensão, clientes de private e bancos, com um pedaço menor em varejo.
Entre os projetos em perspectiva está a exploração do mercado de crédito consignado privado, com risco sacado e outras teses desenvolvidas pela gestora.