Edição 373
O CFO da Archegos Capital Management, Patrick Halligan, foi condenado no final de janeiro a oito anos de prisão por participar das fraudes do family office fundado por Bill Hwang em 2013. O colapso do family office, em 2021, resultou em perdas bilionárias para os bancos que o financiavam sem conhecer sua real situação financeira e os reais portfólios do grupo, que eram sistematicamente manipulados.
A sentença de Halligan, dada pelo juiz do distrito Sul de Nova York, Alvin Hellerstein, foi consideravelmente menor do que os 18 anos recebidos pelo CEO Hwang em novembro do ano passado, pois esse último, além de planejar e coordenar a fraude, também foi considerado culpado por manipulação de mercado.
A Archegos, sediado em Nova York, tomava empréstimos de bancos para fazer apostas agressivas em mercados futuros de ações, nos quais chegou a acumular US$ 160 bilhões em exposição. As apostas eram concentradas principalmente em ações de empresas de mídia e tecnologia, como a ViacomCBS, agora chamada Paramount Global. Quando os preços das ações começaram a cair e Hwang não conseguiu atender às chamadas de margem, a fraude veio à tona.
As ações investidas por Hwang perderam cerca de US$100 bilhões de valor de mercado. Vários bancos que emprestavam para a Archegos sofreram perdas, incluindo o Credit Suisse, hoje parte do UBS, que à época perdeu US$ 5,5 bilhões, além do Nomura Holdings.
O juiz Alvin Hellerstein disse em sua sentença que Halligan, de 48 anos, merecia uma sentença menor do que Hwang, a quem ele chamou de “força dinâmica da Archegos”. Segundo o juiz, o diretor financeiro da empresa “entendia as consequências, mas não as instigou”.
Os promotores federais disseram no processo judicial, antes de sair a sentença, que o diretor financeiro era “muito menos culpado do que Hwang”, mas enfatizaram que ele, mesmo assim, desempenhou um papel crítico. “Hwang não envolveu Halligan na negociação, mas a negociação de Hwang não poderia ter acontecido sem a ajuda de Halligan”, disseram os promotores.
O ex-chefe de risco da Archegos, Scott Becker, testemunhou no julgamento dizendo que Halligan o treinou para mentir aos bancos sobre a condição financeira da empresa para maximizar seu crédito disponível. Quando a espiral descendente da Archegos começou, Halligan passou a apresentar subterfúgios para tentar evitar as chamadas de margem dos bancos, instruindo Becker e outros a dizer que a Archegos estava enfrentando “um problema de liquidez, não de solvência”.
Tanto os promotores quanto os advogados de Halligan pediram ao juíz Hellerstein uma sentença de oito anos, apontando que as principais vítimas da Archegos eram grandes bancos de Wall Street em contraste com as “vítimas individuais vulneráveis”, que foram enganadas pelo esquema Ponzi de Bernard Madoff. Madoff foi condenado a 150 anos de prisão.
Os advogados de Halligan também argumentaram que ele rejeitava as negociações imprudentes na Archegos, e que o depoimento de Becker foi motivado por animosidade pessoal em relação aos seus antigos chefes. Em 2018, Becker tinha escrito em um e-mail que desejava que Halligan morresse em um acidente de avião. Dois anos depois, ele sugeriu que gostaria de ver Hwang e Halligan “morrerem dolorosamente e lentamente” de Covid.
Hwang, um cristão devoto, recebeu apoio de colegas evangélicos durante seu julgamento e sentença. Na segunda-feira, antes do início da audiência, Joseph “Chip” Skowron, um ex-gerente de fundos de hedge que cumpriu pena na prisão por uso de informação privilegiada, liderou cerca de duas dúzias de familiares e amigos de Halligan em oração.