Para o CEO da gestora de fundos de private equity Stratus, Álvaro Gonçalves, os atos assinados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última segunda-feira (20/1), dia de sua posse, podem ser qualificados como o ato final da campanha eleitoral. “Foram quase um termo de encerramento de campanha eleitoral, com a saída dos EUA da OMS, do Acordo de Paris, mas efetivamente não representam ainda nenhuma política específica, seja comercial ou econômica, que possa ter um impacto para o Brasil.
Na opinião do executivo, os atos assinados atendem o eleitor “raiz” de Trump mas não aquele eleitor de última hora, que apoiou sua candidatura em protesto contra a inflação alta dos últimos anos. E é com esse eleitor que Trump precisa falar agora, focando em questões que tenham repercussão econômica. “Lidar com preços e inflação depende fundamentalmente de duas coisas: segurar gastos, algo que já está sinalizado mas ainda não de forma muito específica, e ganhos de produtividade. O congelamento das contratações vai evitar novos gastos, mas ainda não é corte de gastos, e os ganhos de produtividade deverão envolver as big-techs, inclusive todas elas estavam presentes na posse”, analisa.
Segundo Gonçalves, a conta que todo mundo está fazendo é se o corte de gastos e aumento de produtividade vão conseguir superar a combinação entre alta dos salários decorrente da expulsão de emigrantes e a elevação de preços decorrente da implementação de novas tarifas. “É uma equação que ainda não está clara”, afirma.
As respostas a essas questões, assim como várias outras de impacto mais direto na economia, dependerão da atuação de três secretários-chave do governo Trump: Scott Bessent, na Secretaria do Tesouro, Elon Musk, na Secretaria de Governo, e Howard Lutnick, na Secretaria de Comércio. “Eles é que vão dar o tom das implementações das políticas de impacto econômico”, afirma Gonçalvez. “E ai sim, a partir da atuação deles, acho que a gente poderá ter, até o final do mês, uma leitura mais específica”.