Estudo feito pela Porto Asset sobre as emissões de debêntures corporativas nos últimos vinte anos mostra que o uso do percentual do CDI (%CDI) como indexador dos tÃtulos, no passado a principal referência de rentabilidade para o investidor, está praticamente desaparecendo. Em 2022, de um total de R$ 274 bilhões emitidos em tÃtulos privados, R$ 213 bilhões usaram o CDI+ como indexador e R$ 43 bilhões usaram o IPCA+. Menos de R$ 1 bilhão usaram o %CDI e cerca de R$ 17 bilhões usaram outros indexadores.
Neste ano, até 15 de junho, foram emitidas um total de R$ 65 bilhões em debêntures corporativas, dos quais R$ 44 bilhões tiveram o CDI+ como indexador e R$ 10 bilhões o IPCA+, enquanto o %CDI foi usado para menos de R$ 1 bilhão das emissões corporativas. Cerca de R$ 10 bilhões usaram outros indexadores.
“O mercado está amadurecendoâ€, explica o gestor da área de crédito privado da Porto Asset, Ricardo Espindola, responsável pelo estudo. Segundo ele, “desde 2020, quando o governo reduziu a Selic a 2% para tentar manter a atividade econômica aquecida durante a pandemia, que as debêntures indexadas a percentual do CDI praticamente desapareceram. Nem mesmo quando a Selic voltou a subir, a partir de 2021, as emissões em percentual do CDI recuperaram seu espaço e voltaram a ser significativasâ€.
De acordo com o gestor da Porto Asset, atualmente apenas as emissões bancárias continuam usando o %CDI como indexador de seus papéis. Para Espindola, as empresas praticamente abandonaram o uso desse indexador nas emissões de dÃvidas corporativas. “No passado só se emitia em %CDI, depois se passou a usar o CDI+ e ultimamente o IPCA+ está sendo usado cada vez maisâ€, diz. “As emissões em % CDI praticamente sumiram do mercadoâ€.
Segundo o gestor, o investidor que aceita o %CDI como indexador tem uma cultura curto-prazista, enquanto o investidor de CDI+ tem um perfil mais técnico. Já o investidor de IPCA+ tem um perfil ainda mais apurado, acostumado a olhar o longo prazo, como é o caso dos institucionais, cujos passivos são também de longo prazo. “O declÃnio do uso do % CDI como indexador é uma mudança estruturalâ€, afirma Espindola. “Acho que veio para ficarâ€.