A Assembleia Geral Extraordinária de acionistas da Invepar, reunida na manhã desta quinta-feira (12/6) para deliberar sobre um eventual pedido de Recuperação Judicial (RJ), decidiu por unanimidade suspender os trabalhos e manter-se em estado de disponibilidade permanente pelos próximos quatro dias, até segunda-feira (16/6), às 18hs, quando prossegue o processo de deliberação. Durante esse período de suspensão, dependendo do surgimento de fatos novos que demandem uma decisão, a qualquer momento os trabalhos poderão ser retomados.
Com dívidas de cerca de R$ 1,5 bilhão, a Invepar obteve há quase um mês uma liminar judicial, válida até a próxima segunda-feira, que a protege contra ações de seus credores. O principal deles é o fundo soberano Mubadala, do governo de Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos, detentor de debêntures no valor estimado entre R$ 325 milhões e R$ 350 milhões. Como os prêmios dessas debêntures não estão sendo pagos, o Mubadala decretou o vencimento antecipado das dívidas, o que abre a possibilidade de entrar com um pedido de falência.
Além do Mubadala, a empresa possui divídas também com diversos bancos, como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e BDMG. Os próprios fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, que além de controlarem 75,6% do capital da Invepar, são também seus debenturistas, também não estão recebendo as remunerações por esses papéis.
Criada no ano 2.000 como uma holding para atuar na área de infraestrutura, a Invepar é controlada pelos três principais fundos de pensão brasileiros e por um Fundo de Participações (Fip). A Previ detém uma participação de 25,6%, a Petros de 25% e a Funcef de 25%, sendo os restantes 24,4% detidos pelo Fip Yosemite (formado por antigos credores da OAS, a quarta sócia original), administrado pela gestora Monte Capital. Os principais ativos da Invepar, atualmente, são as operações do Aeroporto Internacional de Guarulhos e a Linha Amarela, do Rio de Janeiro.
O mercado avalia que o destino mais provável para a Invepar seja a adoção de uma RJ, que lhe daria uma proteção contra um pedido de falência por parte dos credores. A outra saída seria uma renegociação ampla com os credores, que está sendo conduzida pelo BR Partners, banco de investimento contratado pela companhia para liderar sua reestruturação financeira.
Ainda segundo o mercado, o BR Partners já teria conseguido a anuência de credores que detêm cerca de 80% da sua dívida para um stand still (acordo de suspensão dos pagamentos) de dois meses. A RJ, entretanto, daria à empresa uma blindagem de pelo menos 180 dias. A decisão deve ser tomada pelos acionistas até, no máximo, a próxima segunda-feira, às 18hs.