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Institutos atuam em conjunto
Grupo de 34 RPPS do Sul deMinas Gerais achou no compartilhamento de informações uma maneira de melhorar a eficiência da gestão

Edição 373

Dias,JuniorDonizete(Brazopolis) 25janUma rede formada por 34 institutos de previdência dos servidores públicos dos municípios do Sul de Minas Gerais vem promovendo a troca de informações e experiências para a melhoria da gestão dos regimes próprios (RPPS) da região. Liderados pelos presidentes dos institutos de Brazópolis, Lavras e Varginha, o grupo de RPPS soma patrimônio da ordem de R$ 2 bilhões.
“Tem aquele dito popular que mineiro é desconfiado. E vale para nosso grupo. Para contratar algum gestor ou prestador de serviço, a gente costuma trocar bastante informação pelo nosso grupo de whatsapp”, diz Junior Donizete Dias, Diretor Presidente do Instituto de Previdência Municipal de Brazópolis (Brazprev). Ele se refere a um grupo de informações pela rede social formado pelos presidentes de 34 institutos da região do Sul de Minas.
Juninho de Brazópolis, como é mais conhecido, é o coordenador regional da Amiprem - Associação Mineira dos RPPS - e tem liderado iniciativas para a capacitação e certificação de dirigentes dos regimes próprios. “Estamos ajudando a organizar diversos cursos de capacitação com funcionários e autoridades do Ministério da Previdência Social com temas como o Cadprev e o Comprev”, informa o Diretor-Presidente do Brazprev.
Ele diz com orgulho que o grupo conseguiu fortalecer as iniciativas conjuntas a ponto de indicar uma representante no Conaprev - Conselho Nacional dos Dirigentes de RPPS. O grupo indicou a Diretora-Presidente do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Varginha (MG), Ana Paula de Oliveira Amorim, como membro do Conaprev.
A troca de informações entre o grupo é constante e ajuda nos processos de seleção de gestores e prestadores de serviços. “Se algum gestor pisa bola, fica queimado. Sempre estamos trocando informações e experiências”, comenta.
Luciano Pereira, Diretor Presidente do Lavrasprev (Instituto de Previdência de Lavras-MG) é um dos dirigentes da região mais ativos na organização de eventos. “Começamos com um evento no final de 2023 em que convidamos o subsecretário dos Regimes Próprios de Previdência Social”, lembra. Dali em diante, foi ocorrendo uma sucessão de eventos e cursos que tinham por objetivo aprimorar a capacitação dos dirigentes e profissionais dos RPPS do Sul de Minas.
“Temos realizado uma série de cursos com nomes como Allex Albert Rodrigues, Bruno Martins, Leonardo Mota, entre outros. Sempre que possível, procuramos organizar um curso de dois dias que, na minha opinião, tem muito mais profundidade que uma simples palestra”, comenta Luciano.
Em novembro de 2024, por exemplo, foi realizado um curso sobre o Cadprev de dois dias na cidade de Extrema (MG). A iniciativa foi realizada em parceria com a Aneprem - Associação Nacional das Entidades de Previdência dos Estados e Municípios. “Os cursos e eventos que organizamos na região têm a finalidade de oferecer oportunidades para os institutos menores, que muitas vezes não conseguem participar de cursos das associações nacionais devido às restrições orçamentárias”, diz o Diretor Presidente do Lavrasprev.
Os cursos organizados pela rede de RPPS do Sul de Minas são oferecidos gratuitamente ou a baixo custo. Com a convivência a partir dos eventos regionais, os dirigentes acabam se aproximando e ganhando maior confiança na troca de informações.
“Hoje temos uma rede de troca de informações. Por exemplo, quando alguém vai se postular ao programa Pró-Gestão, costuma perguntar sobre a certificadora e o processo de seleção. O mesmo acontece quando vai contratar uma junta médica ou uma assessoria de investimentos”, explica Luciano, em referência ao grupo de whatsapp formado pelos presidentes dos 34 institutos da região. O Lavrasprev possui a certificação do Pró-Gestão nível 1 e pretende pleitear o nível 2 no próximo período.

Pereira,Luciano(RPPSLavras) 25janInformações sobre investimentos - É comum a troca de experiências sobre o trabalho dos gestores de recursos e desempenho de fundos de investimentos. O RPPS de Lavras, por exemplo, possui cerca de R$ 270 milhões de patrimônio que estão investidos no mercado financeiro. “Atualmente estamos com os investimentos concentrados em fundos DI e títulos públicos. Uma novidade para 2025 é a possibilidade de implantação da carteira de empréstimo consignado”, revela Luciano Pereira.
Ele comenta que está conversando com outros institutos mineiros que já oferecem o crédito consignado para os servidores, como são os casos de Brazópolis, Três Pontas e Boa Esperança. “Estamos analisando ainda. Você sabe que os mineiros desconfiam da própria sombra, não é? Por isso, temos de analisar todas as variáveis”, diz Luciano.
O Instituto de Brazópolis começou a conceder empréstimos aos servidores no mês de setembro do ano passado e já acumula uma carteira de R$ 1 milhão. Com um patrimônio de R$ 22 milhões, o regime próprio pode conceder até 10% de empréstimo, ou seja, R$ 2,2 milhões. “É uma carteira com baixo risco e que alcança atualmente uma rentabilidade acima do CDI”, afirma Júnior Donizete, do Brazprev.
Ele comenta que tem sido convidado para dar palestras para outros institutos para falar sobre a carteira de empréstimo. “Estamos até dando algumas palestras sobre o assunto. É uma modalidade que ajuda os servidores e ao instituto ao mesmo tempo”, diz. Juninho de Brazópolis explica que há muitos institutos que ainda têm medo de implantar a nova modalidade, por causa da prestação de contas para o Tribunal de Contas.
O instituto de Brazópolis contratou a consultoria FAC como administradora do sistema de empréstimos. A empresa oferece também o seguro prestamista, além de ter auxiliado na criação do fundo garantidor que tem o objetivo de reduzir oscilações de risco. “Estamos registrando uma alta demanda. Por isso, a carteira deve crescer ao longo deste ano”, prevê Juninho.

Resultados - Em um ano difícil, com alta volatilidade do mercado de Bolsa, o Brazprev teve retorno 0,23% abaixo de sua meta atuarial. Em 2023 e 2022, o instituto tinha batido a meta depois de dois anos (2020 e 2021) também difíceis marcados pela pandemia. Atualmente, o RPPS de Brazópolis tem 12% dos recursos investidos em renda variável; 5% em multimercados, 5% em empréstimos e o restante, está alocado em fundos de renda fixa.
“Aprendemos que os investimentos miram o longo prazo, mas o problema é que a meta precisa ser batida anualmente. Por isso, temos priorizado o atingimento da meta nos últimos anos”, comenta Juninho. O dirigente explica que sua equipe tem realizado uma avaliação criteriosa de gestores e custodiantes, com pesquisas no mercado.
“Analisamos os gestores e priorizamos os fundos com mais de 4 anos de história, pois verificamos o desempenho ao longo de uma linha do tempo. Além disso, pedimos informações para outros institutos da região para verificar se já tiveram experiência com um determinado gestor”, diz o Diretor Presidente do Brazprev. Em 2025, o instituto pretende promover um ligeiro aumento dos investimentos em fundos de crédito privado e em investimentos no exterior.