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Foco é aumentar a eficiência
Usando FoFs ou fundos exclusivos, o objetivo das fundações é obter o melhor retorno compatível com o perfil de risco dos planos

Edição 376

Hohl,Victor(SebraePrev) 23nov 01O Sebrae Previdência usa a investment solutions de uma forma particular, entre as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC). “Nosso modelo é um pouco diferente do que há normalmente no mercado porque adotamos perfis de investimentos e isso exige uma especialização para respeitar os limites de risco de cada um deles. Então decidimos usar a terceirização via solutions, ou Ocio (outsourced chief investment officer na sigla em inglês), mas fazendo isso por perfil”, explica Victor Hohl, diretor de Administração e Investimentos da entidade.
Os veículos utilizados são todos fundos de fundos (FoF) multimercados exclusivos, num desenho compatível com os diversos níveis de risco, e seguem restrições de acordo com o apetite a risco dos perfis. No perfil mais conservador, por exemplo, não há possibilidade de investir em exterior ou em renda variável, mas o gestor tem discricionariedade para alocar em ativos de crédito privado, renda fixa ativa e estruturados.
“Os perfis moderado e arrojado, por sua vez, têm um grau maior de liberdade. Esse desenho nos dá maior facilidade na gestão dos perfis porque quando for necessário eu posso, por exemplo, vender só a cota de um perfil para comprar a de outros”, explica Hohl.
A fundação faz a macroalocação internamente e mantém um trabalho muito próximo aos gestores, que são responsáveis pela micro alocação e pelas oportunidades táticas. Uma facilidade importante do modelo está justamente nessa troca com o gestor. “Como exemplo, o perfil moderado deveria ter apenas alocação de risco moderado, mas se por alguma razão eu não chegar a um consenso com a visão do gestor sobre esse nível de risco, eu posso comprar um pouco mais de ativos arrojados ou conservadores, para fazer esse equilíbrio”, ilustra. Como resultado, o gestor pode manter a alocação mas a fundação pode comprar cotas do perfil conservador se quiser ter menos risco de renda variável, por exemplo. “Eu tenho discricionariedade para fazer isso”, diz Hohl.
Hoje há cinco fundos exclusivos de três assets – SulAmérica, Vinci e Itaú - para atender aos três perfis, sendo que apenas um deles é conservador, por ser voltado a um perfil mais simples. “Nos outros perfis, são dois gestores que estão sempre competindo entre si, o que já dá uma dinâmica importante porque eles precisam ter algum desconforto”, afirma.
As exigências feitas aos gestores terceirizados incluem uma alocação muito tática. “O gestor precisa ter o expertise necessário para selecionar os melhores de cada estratégia, para tomar ou reduzir risco de forma ativa. Isso tem nos dado acesso aos melhores produtos do mercado embora trabalhemos com uma equipe interna bem enxuta”, enfatiza.
Com foco exclusivo na macro alocação, a gestão própria consegue agregar mais retorno e fazer um gerenciamento de forma mais eficiente graças ao modelo adotado, avalia Hohl. Ao terceirizar o processo de seleção de gestores, há um ganho de rapidez e agilidade que pode ser traduzido em resultados. “No caso de gestores que saem de uma casa e vão para outra, por exemplo, não precisamos esperar para entrar no fundo se já soubermos que foi a equipe toda que migrou e é uma equipe geradora de valor. Com isso, às vezes conseguimos acessar produtos que não conseguiríamos de outro modo a não ser pelo FoF, e isso tem gerado muito resultado, principalmente nos multimercados estruturados”, diz.

Nascimento,Francis(Prevcom) 24nov 01Conflito de interesses - A Prevcom-SP espera estrear no mundo de investment solutions por meio da alocação em fundos de fundos específicos voltados para classes de ativos mais complexas, que demandam técnicas e conhecimentos especializados, como Fundos de Investimento em Participações (FIP), Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e fundos de crédito. “Estamos em fase avançada de estudos para fazer isso porque buscamos o aperfeiçoamento de controles de risco e de rentabilidade. Nesses segmentos de ativos já conversamos com gestores para criar fundos de fundos que assegurem uma camada extra de governança e maior eficiência à nossa alocação”, explica Francis Nascimento, diretora de Investimentos.
A fundação estuda o assunto há algum tempo e esperava implementar os fundos de fundos em 2024, mas decidiu fazê-lo em 2025. Sua alocação inclui hoje mais de vinte fundos com esse perfil - entre FIP, FII e fundos de crédito -, num volume que chega a aproximadamente R$ 500 milhões.
A cota única é um fator importante para dar maior eficiência à alocação. No caso dos FIPs, por exemplo, a entidade conseguirá reunir num único veículo os seis fundos em que já investe hoje. “O FoF resultante nos permitirá ter uma única cota dessa classe, o mesmo acontecendo com a contabilização de ativos e a boletagem, assim como um acompanhamento consolidado de fluxo de caixa. Além disso, o novo veículo contará com a maior velocidade dos gestores na movimentação das carteiras”, diz.
O objetivo é passar o mandato ao gestor do FoF, que consegue maior agilidade do que a equipe interna de gestão na compra e venda de ativos porque têm processos sistemáticos de avaliação de fundos de todo o mercado. “Outra vantagem é contar com gestores especializados em cada um desses segmentos, mas estamos avaliando isso de maneira cuidadosa para evitar o risco de conflito de interesses, com a compra de cotas de fundos da própria casa gestora, que é o nosso principal ponto de preocupação nas discussões com as assets”, explica Nascimento.
Entre os aspectos positivos do novo modelo ela aponta ainda a maior capacidade desses gestores para atender a demanda de participação em assembleias. “O principal diferencial da asset está no maior dinamismo e em sua capacidade de avaliar gestores num leque muito amplo. Também vemos como importante o apoio técnico deles porque não temos braços para cobrir o mercado todo nessas classes mais complexas.”, diz.
Nos FII, por exemplo, que pagam dividendos mensais, esses recursos hoje acabam sendo reinvestidos pela fundação num fundo de renda fixa. “Com o FoF, teríamos condições de reinvestir em outros FII porque os gestores têm uma visão mais ampla e maior agilidade para fazer isso”, afirma Nascimento. Esses fundos específicos têm ido muito bem em 2025 – contra uma performance não tão boa em 2024 – e a necessidade de reinvestir os dividendos poderá dar mais urgência à criação de um FoF.
O investimento no exterior, por sua complexidade, é outra possibilidade a ser incluída na discussão sobre criação de FoFs, afirma a diretora. “Em 2024 tivemos um resultado excepcional nessa classe e em 2025, embora a rentabilidade por enquanto esteja negativa, temos uma alocação bem diversificada entre EUA e Europa, o que nos sinaliza uma expectativa de melhora”, diz. Hoje a alocação no exterior representa 2,5% dos ativos da Prevcom, que manteve sua posição, sem reduzi-la.