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Engajamento com empresas
EFPCs aumentam o relacionamento com as empresas investidas em suas carteiras, buscando dar materialidade aos processos de sustentabilidade

Edição 373

Puccetti,Luciana(Vivest) 25jan FdoamareloEngajamentos individuais com as empresas investidas e atenção particular às questões climáticas são duas tônicas da atuação da Vivest em relação aos investimentos sustentáveis e que ganharam espaço de 2024 para cá, explica Luciana Puccetti, gerente executiva de Renda Variável e Análise de Investimentos. No caso das ações relacionadas ao clima, o tema tem uma ênfase particular na Vivest, que faz uma pequena separação entre o ESG como um todo e as questões climáticas.
Signatária do PRI, a entidade está interessada atualmente em quantificar mais os impactos positivos e negativos das principais informações sobre sustentabilidade. “Já fazemos o cálculo das emissões de CO2 pelas empresas investidas e estamos tentando saber agora como utilizar esses dados na prática. O objetivo é facilitar a vida dos analistas ao tornar as práticas mais sistemáticas, usar mais tecnologia e buscar mais ferramentasâ€, afirma Puccetti.
O uso mais intensivo de tecnologia também será importante para simplificar a metodologia de engajamento. Em 2024 o escopo foi amplo tanto nas ações de ESG de modo geral quanto naquelas voltadas específicamente ao clima. “Em 2025, o foco será definido a partir de maior materialidade. Usar a base de dados da Bloomberg, por exemplo, é importante para alimentar o nosso ferramental e encontrar lacunas e oportunidades. Já utilizamos essa base hoje mas é possível aproveitá-la maisâ€, explica.
Os engajamentos individuais da Vivest com empresas investidas cresceram ao longo do ano passado, ainda que a entidade mantenha sua participação em diversos engajamentos coletivos. “Os engajamentos mais intensivos que tivemos em 2024, contudo, foram no modelo individual. Temos uma metodologia que define quais empresas investidas devem ser engajadas dentro dos critérios ESG e aí também a análise ficou mais voltada às questões do climaâ€, diz.
Foram feitos engajamentos individuais com cinco empresas ao longo do ano e agora todo o conjunto de dados obtido com esse trabalho será analisado para verificar se houve evolução das companhias e se elas mostram um diferencial de valor. “ Assim que essa análise estiver concluída, poderemos tomar decisões de carteira para aumentar, reduzir posições ou seguir monitorando cada caso.A troca de informações com as empresas investidas adiciona valor à nossa carteira e ao planeta sem fazer exclusões automáticas de empresas ou setoresâ€, detalha Puccetti.
Das cinco empresas engajadas, só uma não foi responsiva durante o processo e, como a mesma companhia também não foi responsiva durante o engajamento coletivo feito pela entidade, a decisão foi por reduzir alocação em seus papéis. “Foi uma decisão acertada porque essa companhia teve performance pior do que a da bolsa. De lá para cá ela mudou de comportamento e passou a procurar os investidoresâ€, afirma.
Entre os projetos coletivos, a Vivest participou de engajamentos com o Investidores pelo Clima (IPC) junto às empresas Petrobras, Vale, Gerdau e PRIO. No âmbito do CDP (Carbon Disclosure Project) houve um engajamento climático. Este ano, esse tipo de atuação seguirá tanto no âmbito do PRI quanto do CDP e do IPC.
A política de voto em assembléias é outro meio pelo qual a entidade procura exercer influência e cumprir seu dever fiduciário ao estimular práticas sustentáveis. “Temos uma metodologia que define em quais assembléias devemos votar. Em 2024, o voto mais relevante foi relacionado à aprovação de membros dos Conselhos das empresas, o tema mais sensível ao longo do anoâ€, conta Puccetti.
Nos investimentos em crédito, a fundação desenvolveu um rating proprietário e uma das métricas utilizadas é o escore ESG aplicado também na renda variável. “Nessa classe, 60% das métricas são quantitativas e 40% qualitativas, onde entra o escore ESG, além de analisarmos sempre os relatórios de consultoriasâ€, afirma.
Em relação ao impacto do movimento contrário ao ESG que vem dos EUA, Puccetti considera que é preciso esperar mais um pouco para entender na prática o seu significado. “Os EUA são importantes mas o mundo dos investimentos não é só composto por eles. Além disso, há muita pressão para as empresas continuarem avançando nas ações voluntárias de sustentabilidade e, nesse cenário, o papel dos investidores será fundamentalâ€, diz.

Jager,Henrique(Petros) 25janEngajamento coletivo no PRI - Em 2024, a Petros avalia que teve avanços importantes em sua agenda ESG, diz Henrique Jäger, presidente da fundação. “Concluímos um mapeamento que reuniu 72 ações ESG já existentes ou em implementação em nossos processos internos.Em relação aos investimentos, trabalhamos com um rating de avaliação e classificação que incorpora indicadores de sustentabilidade na avaliação econômico-financeira dos ativosâ€, conta.
Além disso, ele explica que a entidade intensificou a incorporação de aspectos qualitativos e parâmetros quantitativos, o que permite fazer um diagnóstico cada vez mais amplo das empresas investidas.
Entre as iniciativas de 2024, a Petros passou a ser signatária do PRI (Princípios para o Investimento Responsável na sigla em inglês) e já no primeiro ano participou de um projeto de engajamento coletivo desse programa, o Spring, que pretende utilizar o poder institucional dos investidores para influenciar empresas a cessarem ou reverterem a perda de biodiversidade.
“A ambição do projeto, definida pelo próprio PRI, é alcançar melhorias em um horizonte de três anos. O primeiro relatório com um balanço deve ser publicado no início de 2026. Neste momento, estamos trabalhando temas como as perspectivas para a continuidade do Plano Amazônia e os avanços da iniciativa Biomasâ€, conta Jäger. A entidade também reiterou sua adesão ao Código de Stewardship da Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais).
A fundação reúne toda a normatização de suas ações no documento “Princípios Petros de Investimentosâ€, que inclui as práticas de governança corporativa e responsabilidade social que são esperadas das companhias nas quais investe para alavancar resultados e mitigar riscos.
“Os princípios foram definidos levando em consideração, também, os aspectos que devem ser observados nas atividades relativas ao voto em conselhos de empresas nas quais a Petros investe, bem como os requerimentos que os gestores terceirizados devem verificar quando tomam decisões sobre os investimentos da fundaçãoâ€, explica.
A convicção é de que empresas que adotam as melhores práticas em governança corporativa e gestão de riscos serão mais bem-sucedidas em suas atividades e proporcionarão desempenho sustentável, perenidade e melhor relação risco-retorno. “Preferimos companhias que sejam protagonistas no debate e na concretização do tema ESG em nossa carteira de investimentosâ€, diz.
Tanto na carteira proprietária quanto nas empresas investidas, Jäger afirma que a agenda ESG é constantemente observada. “ Acreditamos que a sustentabilidade está relacionada à perenidade dos nossos negócios.Se existem dois investimentos, mas um leva em consideração aspectos ESG e outro não, com os mesmos custos e oportunidades, é preciso optar pelo que leva em consideração esses aspectosâ€, diz.
Na gestão terceirizada dos recursos, o objetivo é selecionar gestores que consideram os temas ESG de forma central em seus processos de investimentos, principalmente em fundos de ações e investimento no exterior. “Fazemos um minucioso trabalho de revisão de normativos e procedimentos com o objetivo de tornar mais robusto e transparente o processo de investir, desinvestir e monitorarâ€, afirma. Nas entrevistas de due diligence realizadas por diversas áreas da Petros (compliance, riscos e setores da diretoria de investimentos) junto aos gestores, por exemplo, os critérios ESG são diferenciais na definição das notasâ€, assegura Jäger.

Queiroz,Patricia(RealGrandeza) 24dez 01ESG na seleção de gestores - Com uma parte significativa de sua gestão terceirizada, a Real Grandeza usa o manual de seleção de gestores como base para definir e monitorar as questões de sustentabilidade dos investimentos em sua carteira. Do total de ativos da entidade, que somavam R$ 18,2 bilhões em dezembro de 2024, 30% estão com gestores terceirizados, sendo 55% do plano CD e 12% do plano BD (que tem a maior parte de seus recursos em cash flow matching).
“Há uma pontuação diferenciada de ESG, mas é difícil medir porque não ficamos no dia a dia. Esse processo é diferente de quando há uma carteira própria, então é importante saber, na seleção e nas reavaliações dos gestores, se eles podem de fato engajar as empresas investidasâ€, afirma Patrícia Queiroz, diretora de investimentos. Em contrapartida, “quando se engaja o gestor externo, isso contribui mais para elevar o nível de análise das carteirasâ€, diz.
Signatária do PRI desde 2009, a entidade mantém o seu olhar aguçado para as questões de sustentabilidade dos investimentos. “Durante a elaboração da política de investimentos aprovada no final de 2024, o Conselho reafirmou o interesse pelo tema ESG e trouxe para a mesa a discussão sobre como fazer a medição de impacto nas ações dos gestores externosâ€, informa Queiroz.
A fundação não investe em fundos temáticos por considerar que esse não é o melhor caminho, diz. “O nosso processo é a seleção de gestores mas, mesmo quanto tínhamos carteira própria, não usávamos fundos temáticos e desde sempre fizemos essa opçãoâ€, afirma a diretora. Ela observa que também fica mais difícil segregar os resultados dos gestores de acordo com critérios ESG. “Em fundos temáticos isso fica mais fácil, mas não é a nossa filosofiaâ€, diz.
A atuação dos gestores externos é reavaliada anualmente, mas a medição efetiva de resultados não é tão simples quando o modelo de gestão é terceirizado. “A cada reavaliação, voltamos ao assunto com os gestores, até porque temos muita preocupação em relação a certos produtos “temáticos†de ESG e ao risco de greenwashing, então preferimos olhar isso como uma política e uma filosofia de atuação dos gestoresâ€, diz Felipe Cosi, gerente de investimentos.
Essa abordagem perpassa todas as classes de ativos investidas. “Os critérios de sustentabilidade entram como uma segunda avaliação na renda variável e no crédito, mas para todas as classes a fundação olha o que os gestores fazem no tema de impacto ESGâ€, explica Cosi.

Nascimento,Francis(Prevcom) 24nov 02Faltam mais ativos - Com R$ 308 milhões alocados em fundos de investimento sustentáveis que levam o selo da Anbima – entre fundos que usam o sufixo IS (Investimento Sustentável) e aqueles que integram os princípios ESG às suas carteiras -, a Prevcom reforçou em 2024 sua aderência aos princípios da responsabilidade ambiental, social e de governança ao se tornar a 13ª EFPC brasileira a ser signatária do PRI. “Esse valor representa hoje 8% da nossa carteira totalâ€, informa Francis Nascimento, diretora de investimentos.
“Conseguimos implementar a integração ESG na entidade com o apoio da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo, com o objetivo de ampliar gradativamente essa posição à medida que for possível avaliar e comparar bem os produtos porque não há tantos ativos sustentáveis disponíveisâ€, diz Nascimento.
Entre os fundos sustentáveis escolhidos pela entidade, há um fundo de ações globais da Schroders, com R$ 39 milhões; um fundo imobiliário da VBI (PVBI11) com R$ 15,7 milhões e um FIP (Fundo de Investimento em Participações) estruturado de impacto ESG, do BTG Pactual, que soma R$ 36,8 milhões, mas a maior parte dos recursos está alocada na classe de renda fixa/crédito, com R$ 216 milhões.
O gestor dos fundos não precisa necessariamente ter a sustentabilidade incorporada ao nome do produto, detalha Nascimento. “Temos olhado a preocupação dos novos parceiros para saber se os seus indicadores estão no foco que desejamos e se eles estão protegidos, porque entendemos que assim os nossos objetivos de longo prazo são atendidos de acordo com os riscos de longo prazo das empresas investidasâ€, afirma.
Os gestores precisam incluir esses critérios em sua avaliação, como forma de mitigar riscos. Ela lembra que não são todos os gestores que oferecem esse tipo de estratégia. “Alguns deles crescem muito justamente porque faltam opções para os investidores, então seguimos observando com atenção o que há disponível no mercado e procuramos aumentar as posiçõesâ€, explica.
Há fundos ESG que deram bons resultados e o fundo de ações globais foi “disparado†o melhor investimento da carteira da Prevcom no ano passado, superando a rentabilidade das carteiras de renda fixa/crédito e de renda fixa/ativo.
Outros fundos em que a entidade aloca não usam a palavra sustentabilidade ou selos que remetam a isso em seus nomes, mas poderiam usar, acredita a diretora. “Na Itaú Asset, por exemplo,todos os produtos passam pelo crivo da sustentabilidade. Na Porto Seguro, se usam os critérios ESG por que isso não está no nome? Mas sabemos que essa é uma decisão do gestor, usar o selo ESG ou nãoâ€, observa.