Edição 374
Vou iniciar esse texto com algumas informações bem conhecidas no segmento previdenciário, de que os Fundos de pensão desempenham um papel fundamental na segurança financeira de milhões de pessoas, garantindo que, ao se aposentarem, tenham uma renda complementar. E, para cumprir com essa missão, os recursos que vão sendo acumulados pelos participantes (em conjunto com os patrocinadores/empregadores) são investidos pelos Fundos de Pensão em diversos ativos financeiros, adotando estratégias que visam o crescimento do patrimônio no longo prazo.
Mas, diferente de um investidor individual, que tende a tomar decisões de mais curto prazo, os Fundos de pensão têm um horizonte de investimento longo, muitas vezes superior a 30 anos de acumulação e outros 30 anos de pagamento da renda ao participante e seus dependentes.
Para gerar os recursos necessários ao pagamento das rendas de aposentadoria, esses Planos investem em uma combinação de ativos, como:
• Renda fixa (tÃtulos públicos e privados): investimentos mais previsÃveis, com menor risco e retorno mais estável;
• Renda variável (ações e fundos de investimento em ações): investimentos com maior potencial de valorização, mas também sujeitos a oscilações do mercado;
• Imóveis e infraestrutura: investimentos de longo prazo que oferecem estabilidade e, em alguns casos, retornos elevados;
• Investimentos no exterior: diversificação para reduzir riscos e buscar melhores oportunidades.
Entendendo esse contexto, com uma estratégia de longo prazo os Fundos de Pensão podem se beneficiar de grandes movimentos na economia. Isso significa que, mesmo em momentos de queda nos preços de alguns ativos, eles não vendem imediatamente, pois acreditam na recuperação ao longo do tempo.
A lógica por trás disso é simples: os mercados financeiros passam por ciclos de alta e baixa. Se um Fundo de pensão investe fortemente em ações, por exemplo, ele pode enfrentar perÃodos de desvalorização, mas também colher ganhos expressivos quando o mercado sobe. Essa estratégia evita que decisões precipitadas sejam tomadas em momentos de crise.
A exposição a ativos de maior risco, como ações, pode fazer com que o patrimônio de um Plano de BenefÃcios apresente variações significativas em determinados perÃodos. Se o mercado estiver em alta, os resultados serão positivos; se estiver em queda, o patrimônio do Plano pode encolher. Para movimentos de compra acontece o contrário: ao se verificar que o mercado está em baixa, talvez seja o momento de comprar. Mas se o mercado estiver em alta, analisar se é o momento de vender suas posições e aguardar um novo ciclo de queda.
No entanto, essas oscilações não significam que os benefÃcios dos participantes estejam em risco imediato. Como os Planos mantêm uma carteira diversificada e fazem projeções de longo prazo, o objetivo principal não é evitar oscilações no curto prazo, mas garantir que, ao longo dos anos, o patrimônio cresça e consiga pagar as aposentadorias no futuro.
Por fim, como conhecimento importante, cabe ressaltar que os Fundos de pensão seguem regras rÃgidas de governança e gestão de riscos, estabelecidas por órgão regulador, para assegurar a saúde financeira do patrimônio. A regulação inclusive estabelece limites de aplicação por tipo de investimento, normalmente definindo alocações até um determinado percentual máximo do patrimônio de cada Plano, evitando concentração em investimentos de alto risco.
Giancarlo Germany é diretor executivo da consultoria atuarial Mirador