Renda fixa em transição

Edição 381

Melhor Gestor de Renda Fixa – Ana Rodela • Bram – Bradesco Asset

Ana Rodela, da Bradesco Asset

O ciclo de juros elevados no Brasil e o movimento de cortes nos Estados Unidos estão redesenhando o mapa global de investimentos. Para Ana Rodela, CIO da Bradesco Asset Management (Bram), o cenário impõe seletividade e visão de longo prazo na gestão das carteiras. “O nível elevado da Selic favoreceu a renda fixa pós-fixada e o crédito privado, mas exige muita cautela, porque a remuneração não reflete o risco de crédito atual”, explica.

Segundo ela, o movimento de redução de risco iniciado pela Bram em 2025 “se mostrou acertado, evitando exposições em casos estressados”. Paralelamente, a expectativa de cortes dos juros norte-americanos pelo Federal Reserve tem redirecionado fluxos globais. “A combinação dessa perspectiva com ativos brasileiros depreciados atraiu o investidor internacional, impulsionando a bolsa e, em menor grau, o mercado de títulos públicos.”

Vencedora do Troféu Benchmark 2025, na categoria Melhor Gestor de Renda Fixa, Ana Rodela atua na Bradesco Asset desde 2013, inicialmente na área de crédito. Tornou-se gestora em 2018 e assumiu o posto de CIO em fevereiro de 2025. Formada em administração de empresas, antes da Bram ela passou por Santander, Itaú Asset e BRZ Investimentos, sempre na área de crédito, tanto no lado bancário quanto no buy side.

Com a expectativa de cortes relevantes na Selic nos próximos meses, Ana acredita em uma mudança gradual na composição dos portfólios. “Devemos ver os investidores reduzindo a exposição em crédito privado e migrando para ativos de maior risco, buscando manter a rentabilidade”, projeta. A tendência, afirma, é de migração para ações e multimercados à medida que o juro real se acomoda em patamar mais baixo.

A gestora aposta na estrutura multiclasse da Bram para atravessar o período de transição. “Mesmo quando algumas classes não estão demandadas, mantemos nossas mesas de gestão preparadas”, destaca. Segundo Ana, a estratégia tem se mostrado eficaz. “Temos fundos de renda variável gerando alfa de até 16%, com retorno nominal acumulado de 47% no ano”.

Ao lado disso, a Bram intensificou o diálogo com investidores para estimular a reavaliação de portfólios. “O cenário está mudando e, em ciclos de corte de juros, ativos de maior risco tendem a entregar desempenho superior”, conclui.