Edição 381
Melhor Gestor de FIPs – Ricardo Fernandez • BTG Pactual Asset

O ambiente prolongado de juros elevados no Brasil e no exterior tem imposto desafios significativos à indústria de Fundos de Investimento em Participações (FIPs), exigindo maior rigor na seleção de ativos e no planejamento de saídas. Segundo Ricardo Fernandez, sócio e gestor de FIPs na BTG Pactual Asset Management, o cenário atual reduziu o apetite por investimentos de longo prazo e aumentou a cautela dos investidores. “As taxas de juros elevadas têm criado um desafio para a captação de recursos voltados a investimentos com ciclos mais longos”, explica.
Além disso, “o aumento dos holdings periods (período no qual o investidor mantém o ativo, antes de vende-lo) alonga os ciclos de desinvestimento e postergam a devolução de capital”, o que demanda disciplina na gestão e maior eficiência na execução das estratégias.
Com MBA pelo IESE e AMP pela Harvard Business School, Fernandez é o ganhador do Troféu Benchmark 2025 na categoria Melhor Gestor de FIPs. Antes de ingressar na BTG Pactual Asset Management em janeiro de 2024, atuou por uma década como head Latam na Hamilton Lane e foi sócio fundador da Signal Capital, que adquiriu as operações da Hamilton Lane no Brasil em 2020 e foi incorporada pelo BTG Asset em 2024.
Fernandez observa que a dificuldade de captação tem levado os gestores a estender o prazo dos fundos e a concluir rodadas menores que o previsto. “Quem tem equipe estruturada e agilidade de execução consegue transformar essa escassez de capital em oportunidade”, afirma. Ele destaca ainda o aquecimento do mercado secundário de private equity, infraestrutura e venture capital, impulsionado por investidores que buscam liquidez antecipada. “Embora o contexto seja desafiador, vem gerando oportunidades”, diz.
Para os próximos meses, Fernandez projeta a continuidade desse cenário, com foco em operações seletivas e ativos com fundamentos sólidos. “Seguiremos priorizando investimentos no mercado secundário, especialmente quando a pressão de venda está no ofertante e não no desempenho do ativo”, explica. Na BTG Asset, segundo ele, a estratégia também inclui “reforçar coinvestimentos e promover eventos de liquidez que reduzam o risco de prazos excessivos”, preservando a eficiência e preparando o portfólio para uma futura normalização do ciclo de juros.