Edição 381
Melhor Gestor de Multimercados – Fabiano Rios • Absolute Investimentos

A atual combinação entre a descoordenação fiscal e monetária no Brasil e a mudança estrutural na distribuição global dos investimentos redefine o mapa de oportunidades observado por Fabiano Rios, CIO da Absolute Investimentos. Ele avalia que a divergência doméstica “faz com que, mesmo com juros reais de 10%, a inflação demore à convergir”, ao mesmo tempo em que pressiona a dinâmica da dívida pública. No exterior, a expansão fiscal dos EUA pós-pandemia sustentou lucros e produtividade, mas outros países começam a disputar protagonismo. “A maior relevância de novas economias no PIB global deve estimular o espalhamento de fluxos que ficaram anos concentrados nos ativos americanos”, afirma Rios.
CIO da Absolute desde sua fundação, em 2013, Rios soma 28 anos de mercado, com passagens anteriores por Santander, Merrill Lynch e antiga Claritas (hoje Principal). Administrador de empresas formado pela FGV, Rios foi eleito como Melhor Gestor de Multimercados na votação do Troféu Benchmark.
Segundo ele, a conjuntura recente tem aumentado a procura por bolsas globais, tanto em países desenvolvidos quanto em emergentes. Isso pode favorecer ativos brasileiros, sobretudo diante de uma alocação ainda baixa de investidores no País. Para Rios, o momento abre espaço para oportunidades específicas. “Na bolsa, vemos casos interessantes em empresas com baixa alavancagem e menor dependência de um ciclo forte de cortes de juros”, afirma. Ele observa que o contraste entre o ambiente doméstico e o externo pode reforçar a atratividade desses ativos.
Nos próximos meses, a expectativa é de que o fluxo marginal para renda variável se torne mais distribuído geograficamente. “Acreditamos que o movimento não ficará restrito aos EUA e chegará a outras bolsas, inclusive a brasileira”, diz. Com isso, a Absolute tende a ajustar tamanhos e instrumentos das posições, buscando “melhor relação risco-retorno de derivativos” em um cenário de maior participação de diferentes agentes.
A casa mantém seu processo ancorado na leitura de consensos e de catalisadores que podem alterar fluxos. “Nosso foco é entender como cada agente se posiciona e calibrar as estratégias a partir disso”, afirma Rios. Para ele, o ambiente atual exige flexibilidade e precisão para capturar oportunidades que surgem da reorganização global dos investimentos.