Os donos da bola | Veja quem são os melhores profissionais do mer...

Edição 289

 

Tabela 1 – Tamanho é documento (em pdf)

Tabela 2 – Melhores Profissionais do Mercado de Investimento (em pdf)

A tradicional votação promovida pela revista Investidor Institucional, que elege os melhores profissionais do ano para receber o Troféu Benchmark, teve no ano passado 741 votantes em segundo turno. Votaram 98 assets, 131 fundos de pensão, 495 RPPS e 17 empresas de consultoria/advocacia.
Em comparação com 2015, quando o número de votantes chegou a 982, houve um pequeno declínio de 24,8% nas votações, o que pode ser explicada pelo maior rigor na validação dos votos. Na votação do ano passado implantamos um sistema de logins e senhas, dando maior segurança ao processo.
Assim como na edição anterior do Prêmio Benchmark, em muitas categorias a diferença entre o candidato que mais pontuou e os outros dois candidatos, que ficaram com menções honrosas, a diferença foi muito pequena. Ou seja, a disputa no segundo turno da eleição foi bastante acirrada entre os três concorrentes.

Entenda os critérios da eleição

A eleição para o troféu Benchmark é feita em dois turnos. Os três profissionais que mais pontuam na primeira votação vão para o segundo turno.
As empresas/ instituições só votam em categorias fora do seu segmento e diretamente relacionadas à sua atividade. Assets só votam em profissionais de fundações, RPPS e consultores/advogados; fundos de pensão só votam em profissionais de assets e consultores/advogados; RPPS só votam em profissionais de assets e consultores/advogados; consultores/advogados só votam em profissionais de assets, de fundações e RPPS.
Cada instituição tem direito a um voto, tanto no primeiro quanto no segundo turno, com peso 5 para o voto das grandes, peso 3,5 para as médias e peso 2,5 para as pequenas.
No segundo turno, indicações para o 1º lugar recebem 5 pontos, para o 2º lugar recebem 2 pontos e para 3º lugar recebe 1 ponto. O peso do voto por segmento é ponderado dividindo-se o número 1000 (100 para consultorias/advogados) pelo número de votos do segmento. O fator de ponderação das assets ficou em 10,20, dos fundos de pensão 7,63, dos RPPS 2,02 e das consultorias/advocacia 5,88.

Paulo Clini – Melhor gestor de renda fixa
Antecipar a tendência de queda do mercado de juros futuros da BM&F, já no início do ano passado, foi o grande diferencial que fez a Western Asset se destacar em relação aos demais players do mercado local, avalia Paulo Clini, eleito o melhor gestor de renda fixa no Trofeu Benchmark. Enquanto a maior parte do mercado ainda mantinha uma postura mais cautelosa, com suas atenções voltadas para a crise política em um momento no qual o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff era bastante incerto, o aumento do apetite ao risco no cenário internacional foi preponderante na estratégia da Western no país, explica Clini, que ocupa o cargo de CIO na Western Asset no Brasil. “Conseguimos tirar proveito do ciclo de queda dos juros observado no mercado local praticamente em sua integralidade”, pondera o especialista.
Quando o impeachment da Dilma se tornou consenso no mercado, por volta de maio de 2016, o movimento de queda dos juros futuros também passou a ser precificado pela maior parte do mercado. A Western, no entanto, já havia se posicionado para tirar proveito do ciclo de redução de prêmio dos juros futuros em fevereiro, quando os temores dos investidores relacionados a uma queda abrupta da atividade econômica na China perderam força. “O que dirigiu a maioria dos gestores na exposição a papéis de duration longa em 2016 foi o cenário doméstico, mas na nossa visão boa parte do movimento que vimos no ano passado teve um componente global muito importante”, diz Clini.
Ele cita a escala global da Western como uma vantagem em relação às casas mais voltadas ao cenário doméstico, por permitir aos gestores, mesmo que alocados em Brasil, terem uma visão mais abrangente sobre os possíveis fatores de risco que poderiam influenciar a curva de juros local. “Em meados de fevereiro, quando o cenário local ainda estava muito turbulento, percebemos que os mercados emergentes para o investidor global estavam ficando mais interessantes”. Quando a China conseguiu demonstrar que não havia um risco de queda forte da sua economia, os investidores voltaram a comprar mercados emergentes de uma maneira geral, e o Brasil inclusive, a despeito da turbulência política interna, recorda o especialista. “O fato do escritório local ter contato quase diário com os escritórios globais nos permitiu perceber essa tendência, enquanto a maioria dos concorrentes continuava negativa sobre os juros, com uma visão ainda muito voltada para o cenário doméstico”.
Quando o mercado doméstico estava mais calmo, a curva já havia caído quase 300 bps. “Quem entrou tarde ganhou, mas nos diferenciamos porque pegamos o movimento quase em sua totalidade”.

Luis Guedes – Melhor gestor de renda variável
O ano de 2016 marcou um período extremamente difícil para a gestão fundamentalista de ações, avalia Luis Guedes, da Bradesco Asset Management (Bram), eleito pelo Troféu Benchmark o melhor gestor de renda variável do mercado. Ele lembra que eventos, globais e domésticos, trouxeram muita volatilidade e incerteza para o segmento. Como exemplo o gestor cita o Brexit, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, no front internacional, e no âmbito doméstico, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “O impeachment foi um divisor de águas. O mercado saiu de um viés bastante pessimista para uma esperança de melhora”, recorda o especialista. “Foi muito difícil fazer gestão nesse ambiente”. Se voltássemos a janeiro de 2016, pondera Guedes, dificilmente alguém apontaria a bolsa como o ativo de maior rentabilidade do mercado brasileiro. “Isso demonstra o quão inesperado foi o mercado no ano passado”.
Por ser uma casa que adota a filosofia fundamentalista em sua análise de renda variável, a Bram sofreu com a alta de papéis que em meados do ano passado não indicavam que teriam espaço para apresentar ganhos relevantes à frente, admite o gestor. “Por outro lado, quem não tomou tanto risco e ficou mais passivo acabou tendo uma performance melhor”. Como exemplo de setores no qual a Bram não estava posicionada e que entregaram boa rentabilidade aos investidores, Guedes cita siderurgia e mineração. “Foram dois setores que naquele momento estavam bastante prejudicados por conta dos preços praticados tanto no mercado internacional como no local, com empresas muito alavancadas dado o nível de preço do minério e do aço”. Na outra ponta, como acertos da equipe, o gestor cita três nomes que tiveram boa performance ao longo de 2016 – CVC, Raia, Drogasil e Fleury.

Luis Stuhlberger – Melhor gestor de multimercados
O gestor da Verde Asset, Luis Stuhlberger, é considerado uma figura quase mitológica pelo mercado financeiro. Os resultados impressionantes de retorno de seu fundo multimercado, o Verde, já falam por si só. Até o fim de 2016, 13.879%, contra 1.723% do CDI no mesmo período. Avesso a entrevistas, Stuhlberger costuma falar ao mercado através de seus relatórios de gestão. Em um dos últimos, de dezembro de 2016, o destaque ficou por conta da valorização do dólar e do novo ambiente político global na era do presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
O documento do Verde aponta como razão para a apreciação da divisa americana o ciclo de aumento dos juros pelo Federal Reserve, mas também as perspectivas da economia dos Estados Unidos diante da montagem da equipe do político republicano, que reforça uma postura bastante protecionista no comércio global. “Wilbur Ross, Robert Lighthizer e Peter Navarro formam o triunvirato que deve direcionar o novo governo numa direção de muito mais barreiras e conflitos”, prevê o gestor do fundo.
Por conta da expectativa de que o dólar siga se valorizando nos próximos meses, o Verde montou recentemente posições em moedas de diversos países asiáticos, como Cingapura, Taiwan, Coréia e Malásia. No entanto, a grande posição do veículo continua sendo contra o renminbi chinês. O especialista avalia que a própria dinâmica do gigante asiático reforça a direção de uma moeda desvalorizada. Ele lembra que o desafio de conter a fuga de capital está ficando cada dia mais complexo na China, com as pressões acelerando desde setembro do ano passado. “Os dilemas da economia chinesa em termos de crescimento, liquidez, taxas de juro e de câmbio estão ficando mais agudos, e a probabilidade de um movimento mais forte de desvalorização do renminbi está crescendo”.
O Brasil, “curiosamente”, tem passado ao largo dos impactos de um dólar mais forte até o momento, aponta o gestor. Pelo contrário, no fim do ano passado o real chegou a alcançar níveis de sobrevalorização que não eram observados há alguns anos.
Ainda em relação ao front doméstico, Stuhlberger acertou sua previsão de que o BC iria aumentar a intensidade nos cortes da Selic, de 0,25 ponto percentual no encontro de outubro para 0,75 ponto percentual em dezembro.
Stuhlberger iniciou sua carreira no mercado financeiro em 1981, quando operava o mercado futuro e de commodities na corretora Hedging-Griffo, da qual se tornou diretor em 1985. Em 1992 estruturou e implementou a área de gestão de fundos, quando nasceu a Hedging-Griffo Asset Management. Em 2005 o montante gerido pela asset já era de R$ 10 bilhões, o que despertou o interesse de grupos estrangeiros, e em 2007 o Credit Suisse comprou o controle da instituição. Em 2015, Stuhlberger decidiu deixar o CSHG e montar a Verde Asset.

Julio CallegariMelhor gestor de investimentos no exterior
Para se destacar na estratégia de investimento no exterior em 2016, e fugir das teses mais conhecidas dos investidores locais, nas bolsas de mercados desenvolvidos, Julio Callegari, head de renda fixa da JP Morgan Asset no Brasil, eleito pelo Troféu Benchmark o melhor gestor de investimento fora do país, destaca o trabalho da casa no ano passado focado em títulos privados de empresas brasileiras negociados em mercados que não o brasileiro. “Enxergamos com um potencial bastante interessante o investimento no exterior em ativos de crédito, tendo em vista o estresse que ocorreu desde 2015 que elevou bastante o prêmio de risco em papéis privados, principalmente de companhias brasileiras, mas também de empresas da América Latina”, diz Callegari.
Essa elevação do prêmio de risco, ressalta o especialista, gerou uma situação interessante para o investidor brasileiro, que encontrou à sua disposição um mercado de crédito com muito mais liquidez na comparação com o giro local, e em papéis de companhias brasileiras que oferecem um rendimento, já transformado em CDI, que é muitas vezes claramente superior ao que o mesmo emissor disponibiliza no mercado interno. “Mesmo para o investidor que não quer correr o risco da moeda, a diversificação com o investimento no exterior também faz sentido, principalmente no caso do crédito em outros países, que têm mais liquidez, e mais prêmio em relação ao CDI”. Essa foi uma estratégia muito utilizada pela JP Morgan Asset em 2016 que trouxe bons resultados para os fundos da gestora, ressalta o profissional.

Arturo Profili – Melhor gestor de FIDCs
A atuação do gestor Arturo Profili no ano passado foi marcada pela busca de oportunidades no mercado secundário, pelo menos durante o primeiro semestre do ano. Premiado como melhor gestor de FIDCs no Troféu Benchmark, o profissional esteve atento às oportunidades que apareceram na aquisição de ativos de crédito privado. “Os gestores e investidores estavam com alta aversão ao risco e reduziram exposições aos ativos de crédito privado. Procuramos aproveitar esse movimento pois apareceram múltiplas oportunidades no mercado secundário até a metade do ano”, diz Profili, que é sócio-fundador da asset Capitânia.
A partir do segundo semestre, o gestor voltou os olhos ao mercado primário que começou a oferecer boas oportunidades também. O sócio da Capitânia, então, entrou em FIDCs de saneamento, como da Saneago (Goiás) e Sanasa (Campinas), do setor elétrico, além de fundos de ativos de financiamento das áreas de educação e veículos. Como exemplos de outros fundos investidos pela asset estão o FIDC da Omni Financeira, Ideal Educação e Infivity (eletrosul). Ao todo, foram investidos cerca de R$ 500 milhões em ativos de crédito privado e imobiliários em 2016. Outros R$ 500 milhões devem ser investidos em 2017.
Neste ano, o gestor acredita que é possível atrair maior captação de recursos de fundos de pensão. O objetivo é dobrar o número de clientes entidades fechadas neste ano. No ano passado, a captação com as entidades fechadas já tinha aumentado, mas em 2017, deve crescer ainda mais por conta do novo ciclo de corte de juros.
“Estamos nos preparando para o momento em que as NTN-Bs ofereçam prêmios ao redor ou até abaixo de 4%. Neste momento, para bater as metas atuariais, os fundos de pensão devem recorrer com maior intensidade aos ativos de crédito privado”, diz Profili. Ele acredita que aumentará a procura por fundos exclusivos por parte das entidades fechadas. Em compensação, a asset registrou menor procura de clientes de private banking no ano passado. A asset está estreando também no segmento de previdência aberta, com o lançamento de um fundo do tipo PGBL e VGBL, em parceria com a Icatu Seguros. O novo fundo tem previsão de lançamento para este mês de fevereiro e seguirá a estratégia predominante na asset, concentrada no crédito privado.
O gestor fundou a asset Capitânia há 13 anos. A gestora contava com R$ 2,46 bilhões de ativos sob gestão segundo dados do ranking top Asset de junho de 2016. A Capitânia é uma asset focada em ativos de crédito privado – FIDCs, CRIs e debêntures. Antes de fundar a asset, Profili trabalhou no Bank of America, onde permaneceu até 2003, quando a instituição suspendeu as operações no Brasil.

Alexandre Saigh – Melhor gestor de FIPs
A disciplina do Pátria Investimentos de investir em setores resilientes da economia, à despeito dos ciclos atravessados, tem permitido manter bons resultados ao longo dos anos, independentemente do cenário, afirma Alexandre Saigh, sócio co-fundador da asset, eleito novamente o melhor gestor de Fundos de Investimento em Participações (FIPs) pelo Troféu Benchmark. Ainda assim, o especialista admite que 2016 foi um ano desafiador, com o encolhimento da economia refletido no mercado como um todo. Como era de se esperar, avalia Seigh, as incertezas do ambiente doméstico deixaram, em um primeiro momento, os investidores mais preocupados com os rumos que a economia brasileira tomaria. No entanto, passado o primeiro impacto, prossegue o executivo, foi possível observar ao longo do ano passado a construção de “alicerces importantes para uma mudança positiva, a partir do momento que a maturidade com que as instituições lidaram com a crise trouxe uma perspectiva positiva, com a retomada gradual da confiança dos investidores”.
Em relação às perspectivas para o ano que se inicia, o sócio do Pátria entende que, embora as incertezas ainda não estejam completamente dissolvidas, a perspectiva para o mercado de FIPs em 2017 é melhor do que víamos no ano passado, com uma expectativa de que os investimentos que não aconteceram em 2016 comecem a ser destravados. “Há muito espaço para atrair investidores, sobretudo de longo prazo, interessados nos potencial de investimento na economia real que o Brasil oferece”, diz Saigh.
Entre as principais atuações do Pátria durante 2016, em março a gestora anunciou seu ingresso no segmento de estacionamentos, com a aquisição da Pare Bem, companhia que acabara de vencer a concorrência da Infraero para administrar o estacionamento do Aeroporto Internacional Afonso Pena, de Curitiba.

Regis Dall’Agnese – Melhor gestor de ativos imobiliários
Resultado da deterioração do ambiente macroeconômico dos anos anteriores, o ano de 2016 foi especialmente difícil. No segmento residencial, por exemplo, o consumidor final teve um longo período de redução de renda por conta do aumento do desemprego, o que derrubou as vendas do setor. No ano passado, recorda Regis Dall’Agnese, gestor da RB Capital, os distratos de unidades imobiliárias residenciais foram bastante intensificados. “Em alguns casos os distratos superaram 60% das vendas que as incorporadoras costumavam fazer”.
No segmento corporativo, prédios comerciais e centros de logística passaram por um longo período de aumento da vacância e redução de preços, ao mesmo tempo em que uma série de novos empreendimentos foram lançados. O mercado imobiliário é um transatlântico dado o tamanho de seus ativos, e por isso é muito difícil mudar sua rota no meio do caminho. “A inércia é muito grande”, explica Dall’Agnese.
Diante desse ambiente, a estratégia adotada pela RB Capital foi a de ter uma cautela muito maior nos investimentos. Investir na compra de um ativo imobiliário é uma das partes mais simples do processo, pondera o gestor da asset. “O mais complexo, que exige muito cuidado, é a gestão e manutenção do ativo após sua compra, seja para renda, seja para venda”. No ano passado o foco principal de atuação da RB Capital foi a busca por melhoria de eficiência, através da renegociação com inquilinos por exemplo. “Em momentos de estresse do mercado, o foco é maior no portfólio já existente, para evitar que ele perca valor”.
O profissional é administrador de empresas pela UFRGS (1997), onde também obteve Pós-Graduação em Economia (2000). Ele é sócio gestor e membro da diretoria da RB Capital, responsável pela divisão de asset management, tendo ingressado na empresa em 2000.

Eduardo Yuki – Melhor economista de asset
Uma visão que foge do consenso de mercado foi primordial para que Eduardo Yuki, da BNP Paribas Asset, fosse eleito novamente o melhor economista do mercado pelo Troféu Benchmark, segundo avaliação do próprio. E para ser capaz de ter essa visão fora da curva, o especialista ressalta a importância da filosofia fundamentalista de análise econômica adotada pela casa, baseada em modelos tanto quantitativos como também qualitativos. O economista-chefe da gestora do BNP Paribas no Brasil também destaca o trabalho em equipe como fator importante para as projeções da asset, feito em conjunto com Vitor Alves e Daniel Dantas, e a independência que eles tem para fazer seu trabalho, o que lhes dá a liberdade para em certos momentos apontar para direções que não estão em linha com a média do mercado. Ele lembra ainda que nos últimos anos foram criados uma série de indicadores proprietários internamente, o que também contribui para que o pensamento saia do consenso.
Em relação ao cenário observado ao longo de 2016, Yuki lembra que em janeiro do ano passado a gestora já previa a inflação medida pelo IPCA em 6% – fechou em 6,29% – quando a maioria da concorrência ainda estimava uma taxa ao redor dos 7%. “Para nós estava bastante claro naquele momento que teríamos uma recessão econômica importante, assim como foi, com uma queda do PIB de aproximadamente 3,6% que levaria a um processo de desinflação”.
Além da forte queda da atividade, outro ponto que ajudou a BNP Paribas Asset a ter uma projeção para a inflação em 2016 abaixo da média foi sua estimativa para o câmbio, que mirava em R$ 3,30 quando o consenso indicava R$ 4,20. “O câmbio gerou um superávit muito forte e muito rápido, o que naturalmente reverteu as conta externas de forma bastante positiva. Com isso houve um excesso de dólar e valorização do nosso câmbio”, recorda o especialista.
O economista-chefe da asset do BNP Paribas aponta também como fator importante para a leitura do cenário macroeconômico no ano passado uma análise histórica feita pela casa a respeito do PIB brasileiro desde 1900. Uma das conclusões do trabalho foi a de que é comum no país, quando há períodos de recessão aguda, como dois anos de forte retração do PIB, ocorrer uma mudança importante no rumo da política econômica. “Essa mudança foi seguida geralmente, ainda que nem sempre, de reformas econômicas que melhoraram o ambiente de negócios, o risco de solvência e a perspectiva para a economia”, diz o profissional. Essa análise histórica, acrescenta, ajudou na aposta da gestora de que em algum momento de 2016 a política econômica seria alterada.

Aquiles Mosca Melhor Atendimento a EFPC
Há 19 anos trabalhando na área de gestão de investimentos, Aquiles Mosca é diretor comercial da Santander Asset Management desde 2009, tratando diretamente com investidores institucionais. Vencedor da categoria Melhor Atendimento a fundos de pensão, o executivo destaca que, apesar da crise, 2016 foi o melhor ano em termos de captação para a asset. “Tivemos a entrada de R$ 3 bilhões em recursos de fundos de pensão e R$ 1 bilhão de regimes próprios de previdência. Além disso, 19 novos clientes passaram a compor nossa carteira”, salienta.
Para Mosca, o que direcionou o bom resultado em termos de captação no ano passado foi o trabalho de educação financeira que a asset realizou com investidores. “Do ponto de vista de atendimento, temos algo muito padronizado, mas a educação financeira é um diferencial para os dirigentes, conselheiros e gestores e para os participantes das fundações”, explica. O executivo diz que dos mais de 100 fundos de pensão que a asset do Santander tem na carteira, 20% já contam o programa de educação financeira completo, que é oferecido desde 2008. Mosca também preside o comitê de educação para investidores da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), reforçando sua atuação na área
Para 2017, o executivo permanece otimista em relação a captação, já que há um movimento de maior interesse por mandatos de risco. “Há muito tempo não víamos processos de seleção de gestores para fundos de ações, e já estamos participando de pelo menos dois”, diz.
Além disso, o investimento no exterior está ganhando força, e os mandatos de renda fixa continuam interessantes. “Nesse segmento, o fluxo dos investimentos continua nas categorias atreladas à inflação. Multimercados também estão chamando atenção de investidores”, complementa.

Guilherme BenitesMelhor Consultor de Investimentos de EFPC
Adotando um trabalho mais construtivo para auxiliar as entidades na decisão de investimentos, Guilherme Benites, consultor da Aditus, acreditava que ano passado teria, em algum momento, uma mudança de posicionamento das entidades em relação a começar a aumentar o risco, caso houvesse uma estabilidade para isso. O consultor diz que no início de 2016, as discussões sobre essa elevação de investimentos de risco estavam forte, mas os fundos de pensão fizeram o movimento contrário em relação a isso devido às altas taxas de juros pagas pelo mercado. “O nível das NTN-Bs e a recuperação da bolsa acabou gerando resultado positivo mesmo assim. Para 2017, com a tendência de queda dos juros, olhamos mais uma vez para uma perspectiva de aumentar um pouco risco dos investimentos até o final do ano ou em 2018”, diz.
Para Benites, a redução de risco que o mercado assistiu no ano passado pode até continuar esse ano, mas a intensidade será menor. “A expectativa é que 2017 se torne mais complicado em termos de investimentos, teremos mais desafios por conta de taxas de NTN-Bs mais baixas. Voltaremos para uma situação normal, e as taxas altas do ano passada não devem se repetir. Com isso, os fundos de pensão serão levados a investir em outros segmentos, em bolsa e multimercados”, explica o consultor.
Já no início do ano, Benites destaca que as fundações estão apostando em dois tipos de investimentos: fundos multimercados, que ainda pagam muito prêmio, e retorno à bolsa ativa. “Os fundos multimercados têm condições de capturar os momentos positivos do mercado. A bolsa também deve gerar bons retornos, mas menos bolsa passiva igual ocorreu no ano passado. Este ano, apostamos mais em bolsa ativa. A melhora da economia deve favorecer esse tipo de investimento”, salienta.
Já o retorno aos investimentos estruturados, com fundos de participações, não deve ocorrer tão cedo. “Os FIPs estão em uma situação mais complicada. Ainda que se elimine o ‘trauma’ histórico em relação aos investimentos mal-sucedidos do passado, alguns poucos FIPs podem favorecer a carteira de investimento, mas para a entidade que está com déficit, aplicar em um fundo que vai gerar mais déficit por conta da curva J é complicado”, explica Benites. “Por ora, não vejo que esse produto tendo tanto apelo”, complementa.

Antônio Fernando Gazzoni – Melhor Consultor Atuarial de EFPC
Com mais de 30 anos de atuação no mercado atuarial, Antônio Fernando Gazzoni possui larga experiência no mercado de investidores institucionais, tendo fundado a Gama Consultores Associados em 1998. A parceria com a Mercer, que comprou a Gama em 2015, consolidando a união das consultorias em 2016, fortaleceu seu trabalho no ano passado e ajudou a impulsionar sua eleição como melhor consultor atuarial do Troféu Benchmark.
“A Mercer nos proporcionou uma equipe de primeira linha, unida à equipe que já tínhamos na Gama, e nos deu acesso a novos produtos e serviços. Com a parceria, ampliamos nosso leque de visão”, destaca Gazzoni. A nova estrutura permitiu que a Gama passasse a ter uma abrangência maior não só de ferramentas como também de clientes. “Agora, nossa equipe atua no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de Brasília, onde já tínhamos presença forte”.
Aliado a essa nova estrutura, Gazzoni manteve seu trabalho próximo aos clientes, mas ressalta que 2016 foi um ano de grandes desafios para as consultorias atuariais. “As novas regras de solvência se consolidaram e as entidades tiveram que aplicá-las. Foi um ano marcado por déficits nos planos”, explica o consultor.
Gazzoni diz ainda que 2016 foi mais um ano em que as criações de planos foram raras, e por conta disso, a Mercer Gama atuou junto com a Abrapp para divulgação da importância do segmento para as empresas, poder público e associações.
O ano de 2016 também foi marcado pela atuação externa de Gazzoni às atividades como consultor. Uma delas foi a nomeação de diretor e principal responsável pela direção do Mercerprev, fundo de pensão multipatrocinado.
Já para 2017, Gazzoni espera uma recuperação do mercado e consolidará a parceria com a Mercer através de uma marca única. “Com essa união fortalecida, estaremos renovados. O foco no cliente passa a ser palavra de ordem”, salienta.

Flávio Martins Rodrigues – Melhor Advogado de EFPC
Em um ano difícil para os fundos de pensão, no qual muitos tiveram que se adequar a novas regulamentações, realizar equacionamento de déficit, e alguns ainda enfrentam investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, Flávio Martins Rodrigues, do Bocater Camargo, Costa e Silva, Rodrigues Advogados, se viu diante de muitas demandas por parte das fundações.
A principal delas, segundo o advogado, foi a de recuperação de investimentos feitos no passado. “Ano passado foi um ano de muito trabalho para os advogados de fundos de pensão. Trabalhamos também com contencioso administrativo a partir de punições da Previc, esclarecendo o fato de um investimento não ir bem não significa que houve um desvio”, salienta.
Rodrigues destaca que do ponto de vista da agenda jurídica, os fundos de pensão têm que demonstrar a sua capacidade de entrega de benefícios previdenciários melhorando a sua governança de uma forma diferente, mas o ambiente político não ajudou muito no ano passado. “Vimos um projeto de lei que tem como proposta melhorar a governança em fundos de pensão e coloca conselheiros independentes, o que seria prejudicial para a tomada de decisão dentro das fundações”, explica.
O advogado cita ainda a reforma da previdência, cujas propostas foram apresentadas no final do ano. “Também nos deparamos com a proposta de emenda constitucional (PEC) da reforma da previdência, que dá espaço para admitir que entidades abertas sejam gestoras de planos de previdência complementar de servidores públicos. E temos ainda uma regulação do CNPC sem o foco na simplificação e no fomento das entidades fechadas”, critica.
Para este ano, a demanda de fundos de pensão no âmbito jurídico não deve diminuir. Rodrigues já espera que os desdobramentos da Operação Greenfield, da Polícia Federal, que investiga investimentos em FIPs da Previ, Petros, Funcef e do Postalis, ganharão evidência. “Fundos de pensão deverão se posicionar em relação aos investimentos feitos no passado”. Outro ponto que Rodrigues acredita que será de grande destaque este ano será a implementação dos planos de equacionamento de déficit das grandes fundações. “Essa será nossa maior dificuldade, pois gera discussões muito difíceis entre participantes e patrocinadores”.

Jorge Simino – Melhor Visão de Investimentos em EFPC
Para enfrentar um ano difícil como o de 2016 em termos de recuperação de investimentos e melhoria dos resultados em meio à instabilidade política e econômica do país, Jorge Simino não abriu mão do perfil conservador focado em renda fixa na hora de direcionar os investimentos da Funcesp. Pelo terceiro ano consecutivo vencedor do Troféu Benchmark na categoria Melhor Visão de Investimentos em fundos de pensão, o diretor da fundação destaca que, assim como os outros fundos de pensão, a Funcesp enfrentou o pior começo de ano dos últimos tempos, com janeiro e fevereiro marcando uma queda forte de mercado, junto a uma instabilidade também do mercado externo. “A bolsa também caiu muito nos primeiros dias do ano e depois começou a recuperação, mas as maiores altas do índice Ibovespa não foram de papéis que primam pelo aspecto fundamentalista. O mercado foi árido para fundos de pensão que trabalham com aspectos fundamentalistas forte de médio e longo prazo”, destaca.
Diante desse cenário, Simino optou por continuar apoiando a diretriz de investimentos da Funcesp em renda fixa. “Todo os nossos títulos são marcados a mercado. Apesar das taxas de juros terem baixado muito, nos posicionamos e capturamos a rentabilidade via esses investimentos mais do que em renda variável”, salienta,
Para este ano, Simino espera que a remuneração da Selic seja mais baixa, com alta probabilidade de não pagar a meta atuarial. “Teremos que tomar risco em algum momento. Fizemos uma alocação mais expressiva em fundos multimercados e estamos iniciando mandatos com novos gestores”. O diretor diz que além da XP e da Garde, a fundação passará a contar com a Gávea, SPX e a Kondor, passando de uma carteira zerada em junho de 2016 para R$ 500 milhões investidos nesse segmento. Já os multimercados não estruturados, que possuem menor volatilidade, contavam com gestão do Bradesco e da Western Asset Management e terão também a Votorantim Asset e a Sulamérica, saindo de uma carteira de R$ 220 milhões para R$ 450 milhões.

Regídia Alvina Frantz – Melhor Visão Estratégica em EFPC
A implantação de um projeto de previdência complementar para atrair a adesão de empregados de indústrias em um momento em que discussão sobre planos setoriais estava em alta foi o ponto de destaque da atuação de Regídia Alvina Frantz à frente da Previsc – Sociedade de Previdência Complementar do Sistema Fiesc. Segundo a superintendente do fundo de pensão, a forma com que o plano foi desenhado, com o objetivo de ampliar a abrangência em indústrias de pequeno e de grande porte, contribuiu para o reconhecimento de seu trabalho. O IndustriaPrev foi implantado em 2015 e encerrou o ano passado com 700 participantes.
Ao longo de 2016, a Previsc fez um trabalho de divulgação junto a sindicatos e reuniões de liderança. “Todo esse trabalho, que é lento, começou a surtir efeito”, explica Regídia. O plano é instituído pelas indústrias do estado sob o guarda-chuva da Fiesc, e os funcionários das indústrias optam por participar do plano. Ou seja, não é necessário que cada indústria seja patrocinadora de um plano diferente, o que facilita a adesão.
Apesar do sucesso em termos de adesão ao plano setorial, Regídia destaca que em um ano de crise como 2016, em que os fundos de pensão tiveram que buscar recuperação de resultados, a Previsc enfrentou o desafio de reter participantes, já que houve uma redução significativa no número de colaboradores por conta de cortes nas indústrias. “Não conseguimos mensurar a quantidade das demissões, mas tivemos uma retenção de 25% dos participantes, que em vez de se desligarem, optaram pelo autopatrocínio ou pelo benefício proporcional diferido, quando o pagamento das contribuições é suspenso sem encerrar a inscrição no plano”.
A Previsc possui 19 planos, 32 patrocinadores e instituidores e patrimônio de R$ 1 bilhão. Regídia atua há mais de 20 anos na fundação, sendo superintendente desde 2012.

Rogério Zico – Melhor profissional de atendimento a RPPS
Até agora os regimes próprios de previdência (RPPS) têm concentrada a maior parte dos investimentos em fundos de títulos públicos. E o resultado do ano passado até que não foi insatisfatório. Favorecidos pelo início do ciclo de corte dos juros, os fundos da família IMA até que garantiram a superação das metas atuariais. Porém, a estratégia não deve seguir válida para os próximos meses e anos, pelo menos essa é a orientação de Rogério Zico, da AZ Legan, eleito melhor profissional no atendimento a RPPS. “Os regimes próprios são investidores com horizontes de 25, 30 ou até 35 anos, não é possível que não coloquem renda variável em seus portfólios”, diz o executivo.
Zico atua no segmento de regimes próprios desde 2010, quando ainda pertencia aos quadros da Concórdia, uma corretora sediada em São Paulo. Ele atuava na comercialização de fundos de direitos creditórios (FIDC) e de crédito privado direcionados aos institutos de previdência. Depois, foi contratato pela Set Investimentos, uma asset especializada na gestão de fundos de renda variável. Em seguida veio o projeto de fortalecer a captação de recursos de regimes próprios pela AZ Legan, que tinha sido comprada pela italiana Azimut.
Na AZ Legan, Zico tinha amigos que tinham trabalhado juntos na Concórdia. “Foi então que surgiu o convite da AZ Legan. O primeiro desafio foi adaptar os fundos da casa com as exigências do segmento de RPPS”, explica Zico. Foi então que utilizou sua experiência para adaptar os fundos da asset à Resolução 3922, que rege as aplicações dos RPPS e também às exigências de rating desses investidores. O trabalho começou de fato em março de 2015 quando a asset começou a sair a mercado para fazer contato com os institutos. Adaptado à legislação dos RPPS, o principal fundo de ações da casa já conta com R$ 55 milhões de recursos de 22 regimes próprios. A asset trabalha ainda com outro fundo de renda fixa com crédito privado voltado ao público institucional.
O ano de 2017 continua promissor para a bolsa, na visão do executivo. “Com a perspectiva que a taxa Selic baixe para um dígito, os institutos terão que buscar maior diversificação e uma gestão mais ativa se quiserem bater as metas”, defende Zico. Ele recomenda ainda a entrada em fundos estruturados, principalmente, os imobiliários.
Na renda variável, ele alerta que o mercado costuma antecipar e exagerar nos movimentos. E como os regimes próprios são investidores com uma velocidade de decisão mais lenta, costumam perder o timing de entrada e saída. Por isso, apesar de recomendar a entrada na renda variável, é preciso ter uma boa seleção de produtos.

Felipe Affonso – Melhor consultor de investimentos de RPPS
É certo que a rentabilidade dos investimentos dos regimes próprios foi bem melhor em 2016 que nos dois anos anteriores. Mas não há muito tempo para comemorar e nem para ficar parado, imaginando que as mesmas políticas do ano passado irão garantir a meta atuarial para 2017 e para os próximos anos, na visão do consultor Felipe Affonso, da consultoria Crédito e Mercado. Há sete anos atuando com os regimes próprios, o profissional foi eleito melhor consultor de investimentos do segmento.
“O resultado final de 2016 foi satisfatório, mas não quer dizer que foi um ano fácil, pelo contrário. No início do ano, existia uma grande preocupação com as mudanças políticas e com o cenário econômico de baixo crescimento”, lembra o consultor. Por isso, ele explica que houve necessidade de adoção de uma gestão mais ativa com mudanças contínuas nas alocações dos investimentos dos institutos. “Foi um ano que pediu maior atenção e maior proximidade com entre consultores e clientes”, comenta Affonso.
Apesar de considerar a importância dos sistemas informatizados e da geração de relatórios, o consultor acredita que a essência de seu trabalho é concretizada através do contato humano. “Tem os sistemas, tudo bem, mas o essencial é a conversa, o contato humano. Também são muito importantes a preparação e a capacitação”, diz.
E o contato deve continuar cada vez mais constante daqui para frente. “Não será possível bater a meta apenas com a renda fixa. Será preciso adotar uma gestão mais ativa, entrar na renda variável e considerar os estruturados. Por isso, o contato com clientes será cada vez mais próximo”, diz Affonso. O consultor ingressou na Crédito e Mercado no início de 2010. Em 2014 foi promovido a diretor da consultoria e em outubro do ano seguinte, assumiu a diretoria executiva da empresa.

Pablo Bernardo MachadoMelhor consultor atuarial de RPPS
“Nos cursos e palestras que participamos e promovemos, sempre apresentamos simulações de como estariam hoje, os resultados atuariais, se no passado os institutos tivessem realizado ações de planejamento, sustentabilidade e governança”, diz Pablo Bernardo Machado, eleito melhor consultor atuarial de RPPS do Troféu Benchmark. O profissional ressalta a importância da adoção de um olhar de longo prazo pelas administrações das prefeituras para equilibrar as contas previdenciários dos servidores públicos.
Apesar de manter o olhar no longo prazo, a atuação de sua consultoria, a BR Prev Atuários, procura gerar resultados também no curto prazo. “Procuramos atuar de forma ativa dentro dos planos previdenciários, gerando retornos positivos no curto prazo”, diz o atuário. O profissional cita como exemplo, a proposta apresentada a um determinado município, de incorporação de imóveis no ativo do RPPS. O atuário expicou que a solução só seria eficiente se o imóvel tivesse rentabilização igual ou superior à meta atuarial. “Para minha surpresa, o município possuía um parque ecológico, cujo valor patrimonial cobriu aproximadamente 40% do déficit atuarial. E ainda o seu rendimento mensal acompanhava a meta atuarial”, diz Machado.
Em 2017 o trabalho tem sido um pouco mais pesado devido às mudanças dos dirigentes de regimes próprios provocados pela entrada dos novos prefeitos. “Tenho me reunido com as gestões que assumiram no início do ano, as quais colocam a necessidade de novos concursos públicos para suprir carências, ou algumas classes de servidores, que me comentam a questão de revisar os planos de carreira”, comenta o atuário.
Para viabilizar os planos previdenciários dos servidores, o profissional defende que o cálculo atuarial deixe de ser meramente uma exigência atrelada ao CRP (Certificado de Regularidade Previdenciária). Ele defende que seja adotado um plano de gestão atuarial. “Ressalto que, nós atuários, temos que demonstrar aos municípios o benefício que uma gestão atuarial ativa, que traz controles gerenciais para dentro do município e da previdência pública”, conta.
Sobre a Reforma da Previdência, o atuário enxerga alguns pontos polêmicos na proposta apresentada ao Congresso pelo governo federal. “Nossa maior preocupação é que a previdência seja sustentável no longo prazo. Questões como o aumento da idade de aposentadoria, o mesmo tempo de contribuição para homens e mulheres, a aposentadoria especial e pensões, da forma que foi apresentada, o impacto atuarial será imediato nas alíquotas e neste momento, os atuários terão que zelar para não existir somente a redução de gastos no curto prazo, mas que daqui a 15 anos, o problema não reapareça de forma mais contundente”, prevê.

Cláudia Fernanda ItenMelhor advogada de RPPS
Com sua atuação na Associação dos Institutos Municipais de Previdência de Santa Catarina (Assimpasc), Cláudia Fernanda Iten vem coordenando o trabalho de assessoria jurídica junto aos regimes próprios das cidades catarinenses nos últimos 12 anos. “O trabalho é importante para assessorar os institutos, muitos dos quais, a maioria de pequeno porte, não possuem departamento jurídico”, diz a premiada pelo Trofeu Benchmark.
A profissional havia sido finalista do Trofeu Benchmark na edição de 2015 e agora conseguiu alcançar o primeiro lugar na premiação. Ela atribui parte do mérito do prêmio ao trabalho conjunto com outros profissionais de previdência do estado catarinense. “A maior parte do conhecimento adquirido se deve ao intercâmbio de experiência com outros profissionais de RPPS”, diz. A troca de experiência se dá por meio do contato em eventos, cursos e trabalhos de consultorias jurídicas em conjunto realizadas no âmbito da associação.
Cláudia também ressalta a importância do trabalho de capacitação de profissionais realizado pela Assimpasc. Em 2017, devido ao grande número de substituições de profissionais e dirigentes de RPPS por conta dos novos prefeitos que assumiram em janeiro, a profissional afirma que a capacitação se torna ainda mais relevante. “A maioria dos novos dirigentes é leiga e precisa passar por um processo de capacitação para entender a legislação do setor”, diz Cláudia.

Sérgio Miers – Melhor visão de investimentos de RPPS
É a segunda vez consecutiva que Sérgio Miers ganha o Troféu Benchmark como melhor profissional de investimentos de regimes próprios de previdência. O executivo ganhou pela primeira vez o prêmio no ano passado e agora repete o resultado devido ao trabalho realizado no comando da área de investimentos do Ipreville – Instituto de Previdência de Joinville (SC). Além do prêmio, o profissional tem mais um bom motivo para comemorar: o retorno bem acima da meta atuarial.
O retorno global das aplicações ficaram em 18,02% enquanto a meta atuarial marcou 12,97% (INPC mais 6% ao ano). “O ano de 2016 foi um ano muito bom para o resultado de nossos investimentos. O destaque ficou com nossa carteira administrada de renda fixa”, comenta Miers.
Com um total de R$ 1,8 bilhão de ativos investidos – e patrimônio total de R$ 2,7 bilhões – o Ipreville mantém cerca de 30% dos recursos alocados em uma carteira administrada de títulos públicos. A carteira conta com gestão compartilhada entre três gestores e a equipe do Ipreville. Os gestores da carteira são a BB DTVM, Bradesco e XP. A carteira foi formada no segundo semestre de 2015, mas começou a dar resultados mais positivos a partir do primeiro semestre do ano passado. “ O cenário de corte de juros favoreceu bastante o desempenho de nossa carteira de renda fixa, ainda mais pelo fato de realizarmos um rebalanceamento constante das alocações”, explica. As posições de renda fixa antigas foram mantidas enquanto os novos recursos foram direcionados para títulos com prazo mais longos.
Outro destaque veio com o retorno dos fundos de renda variável. Com a alta do Ibovespa, os fundos de renda variável apresentaram recuperação no ano passado em comparação com os anos anteriores. Apesar da alta, o Ipreville aproveitou para reduzir o número de fundos e gestores de renda variável no quarto trimestre de 2016. Antes com 16 gestores, o regime próprio terminou o ano com oito gestores. O tamanho da renda variável foi reduzida de 12% dos ativos no final de 2015 para 8% no final do ano passado.
Se no ano passado, os resultados com a renda fixa garantiram bons resultados, em 2017, o Ipreville já prepara um reposicionamento. “Temos a percepção que não podemos continuar concentrados em títulos públicos, senão não conseguiremos bater a meta”, diz Miers. Por isso, o executivo acredita que há mais espaço para a renda variável e estruturados, principalmente para os fundos de participações (FIPs).
Os desafios de Sérgio Miers não são poucos. Além de continuar perseguindo bons resultados com os investimentos do RPPS de Joinville, o profissional agora assumiu como diretor presidente da entidade.

Alessandra Cristina HoehnMelhor Visão Estratégica em RPPS
O ano de 2016 começou com um cenário complicado. Crise política e previsão de baixo crescimento da economia. “Tínhamos que atingir a meta atuarial, pois no ano anterior tinha sido muito complicado para as finanças e precisávamos mostrar um resultado positivo”, comenta Alessandra Cristina Hoehn, do Navegantesprev, vencedora do Troféu Benchmark na categoria de visão estratégica de RPPS. “Ao final, o resultado de 2016 foi muito bom: atingimos os nossos objetivos, nossa rentabilidade foi de 15,43%, bem acima da meta atuarial. A carteira de investimentos está diversificada e com bons fundos”, diz.
Alessandra explica que em 2015, o RPPS havia encurtado prazos dos fundos. “Escolhemos o conservadorismo, não batemos a meta, pois o IPCA foi muito alto, mas buscamos menos volatilidade e menos riscos em fundos de curto prazo”, explica Alessandra. A recuperação veio em 2016. “Em março começamos a alongar a carteira, ou seja, iniciamos o movimento contrário ao do ano anterior, aplicando os novos aportes de recursos nos fundos de investimentos de médio e longo prazo”, lembra Alessandra. As opções foram o IMA-B, IMA Geral, IRFM-1 e IMA-B 5+.
“A renda variável também foi uma opção de aplicação, pode parecer pouco, mas passamos de 5% para 7,08% em fundos de índices e setoriais. Para um RPPS conservador é uma demonstração de crescimento, que nossa carteira está cada ano evoluindo”, conta a profissional.
O ano de 2017 já começou agitado. “Alcançar a meta atuarial em um ano com tendência de redução de juros forçará a saída do comodismo. A diversificação da carteira é a única saída”, diz a dirigente. Ela é economista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e está no Navegantesprev desde sua fundação em 2012.