Votação em dois turnos | Eleição dos melhores profissionais em du...

Edição 266

Pela primeira vez desde o seu início, a tradicional votação para o Troféu Benchmark organizada pela Investidor Institucional para escolher os melhores profissionais do ano, foi realizada em sistema de dois turnos. Independente do resultado que elegeu os 22 profissionais que mais se destacaram na indústria de gestão de recursos em 2014, um fato é certo: a eleição movimentou o mercado. Participaram da voltação 577 instituições entre fundos de pensão, assets, consultorias e regimes próprios de previdência.

A exemplo do que ocorre com as eleições para os cargos do Executivo – presidente, governadores e prefeitos – a votação no segundo turno é muito mais acirrada. Na eleição promovida pela revista, porém, diferentemente das eleições gerais do País, são três os candidatos – e não dois – mais votados no primeiro turno que vão para a segunda volta. Ou seja, em cada uma das categorias da eleição, três candidatos estavam disputando o prêmio do Troféu Benchmark, com direito a campanha e tudo mais que uma boa eleição tem direito.
Contaminados pelo clima eleitoral que varreu o País, na eleição presidencial, parece que os candidatos do segundo turno do Troféu Benchmark fizeram um corpo a corpo com seus clientes. E além da maior dinâmica da votação, o mais importante é que os critérios da eleição também evoluíram. Na votação anterior, o nome mais votado era eleito diretamente, mas agora o eleitor tem a possibilidade de escolher o seu candidato entre uma lista tríplice.
Um outro critério já adotado no ano passado, foi o peso atribuído ao tamanho da asset, fundo de pensão ou RPPS (ver box). Cada instituição tem direito a um único voto, mas os pesos são diferentes de acordo com seu tamanho. É uma forma de equilibrar a discrepância de tamanho existente entre as instituições que atuam nesse mercado. Outra evolução foi o surgimento de novas categorias como da comunicação com participantes em fundos de pensão e RPPS e de escritórios de advocacia.
Todas essas mudanças têm ajudado a dinamizar e a tornar mais justas as eleições dos melhores profissionais. Um fato curioso que chama a atenção na comparação com a eleição passada é o baixo número de profissionais bicampeões, ou seja, que levaram o prêmio pela segunda vez consecutiva. Foram apenas três os premiados em 2013 e 2014: Eduardo Yuki (economista de asset), Bruno Amadei (estrategista de Fidcs) e Antônio Carlos Bastos d’Almeida. Não quer dizer que os premiados do ano passado não se destacaram, pois vários deles aparecem como finalistas no segundo turno.

Desafios em 2014 – Não é novidade para ninguém que 2014 foi um ano desafiador. O baixo crescimento da economia brasileira e a alta volatilidade dos mercados provocada pela indefinição do cenário eleitoral exigiram um pouco mais de gestores, dirigentes e consultores que atuam no mercado. Os profissionais tiveram que se desdobrar para entregar resultados melhores que no ano anterior, que já tinha sido um ano também difícil em termos de retornos para os institucionais.
Premiado como melhor estrategista de multimercados, o gestor do BTG Pactual João Scandiuzzi enfrentou um grande desafio para enfrentar a volatilidade que tomou conta do cenário ao longo de todo o período por diversas razões. “No início do ano foi uma volatilidade mais relacionada com a política monetária, com a especulação sobre quando o BC iria interromper o ciclo de alta nos juros”, diz.
O gestor do BTG Pactual explica que no segundo semestre a volatilidade continuou alta, mas desta vez devido ao cenário eleitoral. “Depois teve muita volatilidade por conta do cenário eleitoral no Brasil, com muita flutuação de preços. Claramente foi um mercado com menos tendência do que em outros anos”, afirma.
Ganharam destaque aqueles que souberam antecipar os cenários de dificuldades para a economia doméstica. É o caso de Eduardo Yuki, economista-chefe do BNP Paribas Asset Management. Seu diferencial e de sua equipe é a previsão de pessimismo acima da média do mercado para o crescimento do País. Para 2014, a projeção da equipe apontou para crescimento de 1% do PIB, enquanto a média do mercado projetava 2%.
E o pessimismo do economista-chefe da asset continua acentuada. “Para 2015 continuamos bastante pessimistas, projetamos um crescimento negativo do PIB em 0,5%”, aponta Yuki, contra uma média de 1% positivo do mercado.
Outro com uma visão um pouco mais pessimista do que a média do mercado é Guilherme Abbud, estrategista de renda fixa da HSBC Asset Management. “Talvez o mercado se surpreenda um pouco com o tamanho da desaceleração no consumo, na renda, no emprego”, diz o gestor. Por conta dessa perspectiva de um PIB mais fraco, Abbud entende que o atual nível que tem sido praticado na curva de juros está relativamente alto, o que o levou a adotar novamente a estratégia de aquisição de títulos públicos mais próxima do final do ano para ficar tomado nas taxas.
Perspectivas 2015 – Apesar das dificuldades deste ano, Antônio Carlos Bastos d´Almeida, premiado na categoria de controle de risco para fundos de pensão, acredita que a definição da equipe econômica é importante para o ritmo dos investimentos voltarem ao normal. “Acredito que essa equipe econômica escolhida pelo governo fará as teses serem cumpridas; essa é a expectativa que temos. Não achamos que Joaquim Levy, como Ministro da Fazenda, terá um posicionamento figurativo, e sim será alguém que fará suas atividades”, aposta D’Almeida.
Coordenador da área de risco da Forluz, Bastos d’Almeida diz ainda que um combate maior a inflação será essencial e provavelmente prioridade do novo ministro. “Queremos acreditar que teremos um comportamento mais previsível das taxas longas de juros também. Depende de como a equipe desenvolverá seu trabalho, mas pelo menos no primeiro semestre já teremos um bom indicativo disso tudo”, diz.
Para o diretor da Funcesp Jorge Simino, melhor profissional de investimentos de fundos de pensão, para 2015, a projeção é de ajustes na economia doméstica. “Quão intenso e extenso serão os ajustes ainda vamos descobrir. Dependendo de sua intensidade e extensão, poderemos ter um momento de ajuste de portfólio”, avalia Simino.
O diretor do fundo de pensão demonstra ainda preocupação com o cenário internacional, que deve continuar difícil e recomenda que será preciso acompanhar a percepção do investidor estrangeiro em relação ao Brasil. “Somos comparados, em termos de circunstância e preço de ativos, com outros países emergentes”, ressalta Simino. Tudo indica que até a próxima votação do Troféu Benchmark, os profissionais do mercado de gestão e de institucionais terão que suar a camisa para superar seus objetivos e metas atuariais.

Sobre o Troféu Benchmark

A eleição para o troféu Benchmark é feita em dois turnos, com escolha no segundo turno de um dos nomes que compõe uma lista tríplice votada no primeiro turno. Podem votar, tanto no primeiro quanto no segundo turno, todos os fundos de pensão, RPPS, consultorias e asset management. Cada entidade tem direito a um voto, mas o peso dos votos varia segundo o tamanho da entidade, sendo 3 para grandes entidades, 2 para entidades médias e 1 para entidades de pequeno porte.
Além disso, tanto no primeiro quanto no segundo turno, uma entidade não vota em profissionais do seu próprio segmento. Os votos que elegem os profissionais de asset são provenientes de fundos de pensão, rpps e consultorias, os votos que elegem os profissionais de fundos de pensão são provenientes de assets e consultorias, os votos que elegem os profissionais de rpps são provenientes também de assets e consultorias, os votos que elegem consultores e advogados de fundos de pensão são provenientes de fundos de pensão e assets e os votos que elegem consultores e advogados de rpps são provenientes de rpps e assets.
Os três nomes que vão a votação no segundo turno, além de estarem sujeitos aos critérios acima, também são pontuados segundo a indicação do votante, recebendo 2 pontos os nomes indicados para 1º lugar, mas os nomes indicados para 2º lugar recebem 1,5 ponto e os nomes indicados para 3º lugar recebem 1 ponto. Do cruzamento desse critério com os dois acima saem os nomes dos vencedores, que recebem o troféu Benchmark, e dos outros dois finalistas que recebem diploma de menção honrosa.