Edição 266
Uma estratégia concentrada em um número reduzido de ações, de empresas consideradas excelentes, seja por ter uma diretoria competente, ou por ter uma dinâmica própria de crescimento, que independe do desempenho da atividade doméstica como um todo. É essa a estratégia adotada pela equipe de renda variável da asset do BTG Pactual, liderada por José Zitelman, premiado com o Troféu Benchmark na categoria de renda variável.
Zitelman é prata da casa no BTG Pactual. Entrou no banco em 1998 como estagiário, quando ainda cursava administração de empresas pela FGV de São Paulo. Desde 2003 Zitelman está na área de renda variável – tornou-se sócio em 2004 –, mas até 2009 ele era da equipe de tesouraria do banco. Em 2009, com a recompra do Pactual pelo BTG, o banco optou por reforçar a área de gestão de renda variável de recursos de terceiros e transferiu a equipe da tesouraria para a asset.
O trabalho da gestão da carteira propriamente, diz Zitelman, não muda em nada entre tesouraria e asset. “O que é interessante na asset é que de um ano para o outro você carrega o que construiu, que se reflete em captação, no crescimento da franquia, tem o benefício do histórico que vai se construindo. Na tesouraria em janeiro do próximo ano zera tudo”, diz o executivo.
O principal fundo da casa voltado para institucionais, o Absoluto Institucional, em 2014, até outubro, apresentou valorização de 12,61%, contra uma alta de 6,06% do Ibovespa. Nos anos anteriores, o fundo também ficou bem acima do Ibovespa. A estratégia existe desde outubro de 2009, mas o fundo voltado aos institucionais foi aberto em julho de 2010, e tem PL de aproximadamente R$ 1,2 bilhão, dos quais R$ 300 milhões foram captados em 2014.
Um outro ponto interessante dentro da estratégia do Absoluto é que os sócios do banco investem na mesma estratégia junto com os clientes; 18% é dinheiro proprietário. “É um alinhamento de interesses que temos com os clientes”, pondera Zitelman. A taxa de administração do fundo é de 3% ao ano. A asset do BTG Pactual gere aproximadamente R$ 8 bilhões em seus fundos de ações.
Por conta da filosofia de investimento de concentrar a carteira em apostas seguras, o portfólio do Absoluto Institucional, até outubro, contava com apenas 16 posições. As cinco maiores posições representam quase 60% da carteira, e as dez maiores correspondem a 80%. Os setores em que o fundo está mais exposto são os de consumo, financeiro, e serviços financeiros.
“Nossa estratégia é se concentar em empresas que tenham um ‘management’ muito bom, com características de dinâmica própria, como via penetração, empresas que estão em setores que estão aumentando a penetração na economia”, pontua Zitelman. A Cielo é uma das empresas em que o BTG Pactual investe que tem essa característica, uma vez que seu principal ‘driver’ é o crescimento da penetração do cartão de crédito como meio de pagamento na economia. “Não faz diferença se o PIB cresce 1% ou 2%, o cartão de crédito vai continuar ganhando espaço em relação ao dinheiro”, diz.
Outros exemplos de empresas consideradas excelentes na carteira do BTG Pactual citadas por Zitelman são a BB Seguridade e a Kroton. No ano, os papéis da companhia do BB tem valorização de 42,8%, até novembro, enquanto as da Kroton apreciam 89,3%. “A BB Seguridade tem o crescimento de apólices de seguro dentro da base de clientes do BB como principal ‘driver’, ainda tem muito espaço em uma base pouco penetrada; e o setor de educação está com um crescimento bastante descorrelacionado com o resto da economia”, diz o sócio.
Além de empresas que tem negócios de baixa correlação com a atividade corrente no país, o BTG Pactual não deixa de olhar para companhias bem posicionadas diante do cenário que se apresenta, como o Itaú; as ações preferenciais do banco sobem 39,7% em 2014. “O banco promoveu uma mudança no mix da carteira, partindo para negócios menos arriscados, o que fez com que seu resultado durante esse ano fosse bastante interessante depois das provisões”, comenta Zitelman.