João Scandiuzzi | Melhor Estrategista de multimercados

João Scandiuzzi, do BTG PactualEdição 266

O segmento de multimercados, por reunir diversas estratégias em um único fundo, nas mais diversas classes de ativos e regiões, é um dos mais afetados pela volatilidade, já que ela pode vir dos mais diferentes canais. Para fazer uma leitura adequada, e conseguir relacionar quais são os pontos dentro da economia real que geram essa volatilidade, João Scandiuzzi utiliza, além de sua experiência de mercado, uma sólida formação acadêmica. O gestor é doutor em economia pela PUC-RJ e já deu aulas de microeconomia, na mesma instituição, e de derivativos na Universidade Cândido Mendes.
Scandiuzzi entrou no BTG Pactual em 1996, como economista da área macro focado em Brasil. Em 2000, passou para área de buy/side (de análise de fundos de investimento), quando começou a mesclar os fundamentos econômicos com as estratégias de mercado. “Essa transição da economia para mercados se consolidou fortemente entre os anos de 1999 e 2000, período da crise na Argentina, que cubrimos de perto, não só pela importância dos ativos argentinos, mas porque na época se falava muito sobre um possível contágio”, lembra o gestor. Por dois anos foi um fenômeno que afetou muito os preços no Brasil, principalmente por causa dos impactos no câmbio.
Em 2005 se tornou sócio do banco, e em 2009, com a recompra do Pactual pelo BTG Pactual, Scandiuzzi foi transferido para a asset, quando iniciou sua trajetória na área de multimercados.
O ano de 2014, destaca o sócio do BTG Pactual, foi bastante desafiador para o segmento dos multimercados, por conta da volatilidade que tomou conta do cenário ao longo de todo o período por diversas razões. “No início do ano foi uma volatilidade mais relacionada com a política monetária, com a especulação sobre quando o BC iria interromper o ciclo de alta nos juros.
Depois teve muita volatilidade por conta do cenário eleitoral no Brasil, com muita flutuação de preços. Claramente foi um mercado com menos tendência do que em outros anos”, afirma Scandiuzzi. Além de fatores internos, questões externas, como a desaceleração no crescimento chinês, e a retirada dos estímulos nos Estados Unidos, também influenciaram os preços no mercado brasileiro.
Para navegar nesse cenário complexo, a estratégia de multimercados na asset do BTG Pactual foi adotar uma postura mais defensiva. “Por ser um período de muita incerteza, aumentamos nossa exposição na estratégia Long & Short na Bolsa. Não tínhamos uma opinião propriamente sobre o mercado em geral, sobre o Ibovespa, mas temos uma visão específica sobre um par de ações, na qual uma tende a ter uma performance melhor do que a outra”, explica Scandiuzzi.
Na renda fixa, créditos corporativos foram os ativos mais procurados nos últimos meses, em um momento em que a demanda aumentou ao mesmo tempo em que a oferta diminuiu.
Entre os fundos multimercados mais arrojados, outro movimento ocorrido no ano foi iniciar uma exposição ao exterior, tanto ao crédito corporativo, como a moedas latino-americanas, e também a Bolsa, principalmente estratégias Long & Short no México.
Para 2015, a percepção de Scandiuzzi aponta que os primeiros ganhos devem vir da curva de juros futuros da BM&F, que o executivo acredita que terá uma redução de sua inclinação nos próximos meses. Uma das principais razões para isso é a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, que deve conduzir uma política fiscal mais austera e controlada, tirando parte do peso das costas da política monetária.
O especialista também espera por uma postergação na normalização da política monetária americana, o que também favorece uma queda na ponta longa da curva brasileira. A queda no preço das commodities, que pressiona a inflação global pra baixo, ganhos de produtividade acima do aumento dos salários nos Estados Unidos são fatores que devem influenciar na decisão do Fed de deixar para subir os juros apenas em 2016.