Edição 266
Um dos temas mais discutidos entre os fundos de pensão em 2014, e que deve ganhar ainda mais atenção das entidades nos próximos anos, foi o início dos investimentos no exterior. Entre as casas que ofereceram essa possibilidade às fundações, uma das mais atuantes foi a BlackRock, que viu seu fundo em parceria com a BB DTVM ter a maior captação entre os produtos lançados pela asset do BB. Com o trabalho, o diretor da BlackRock Bruno Stein, foi o mais votado para o Troféu Benchmark na categoria de estrategista de investimentos no exterior.
Stein está na BlackRock desde 2010, mas os primeiros contatos com o mercado internacional ocorreram por volta do ano 2000, quando ele estava no Dresdner Bank, que na época pertencia ao Grupo Allianz. “Tinha muito contato com a matriz, para implementar uma série de procedimentos globais de governança”. No Dresdner, o executivo ajudou na construção da asset, no período da implementação da CPMF, quando muitos clientes migraram do CDB para fundos. Já o trabalho efetivo com ativos no exterior teve inicio em 2008, quando ele comandava a área de distribuição e de consultoria de investimento no Unibanco.
“Quando houve uma onda enorme de IPOs no Brasil, as assets internacionais, inclusive a BlackRock, ficavam com 85% das emissões, e comecei a pensar porque o Unibanco não poderia participar desse negócio. Vendi a história dentro do banco, e comecei a viajar pelo mundo, fiz contatos importantes”, pontua o diretor. “Idenficamos negócios no Canadá, Austrália, Coréia, montamos fundos em parcerias, fizemos acordos de distribuição com assets lá de fora”.
Em 2010, ao receber o convite da BlackRock, o executivo teve a oportunidade de fazer o caminho inverso ao que vinha fazendo até então, não mais de ir ao exterior como uma asset brasileira conhecer produtos, mas de trazer produtos do exterior para o mercado doméstico como uma asset de fora. “Percebia claramente que o mercado brasileiro em algum momento faria a abertura, havia US$ 1 trilhão de assets estrangeiras no mercado brasileiro, e praticamente zero do Brasil investido no exterior”.
A escolha de trazer um fundo que tem como foco empresas boas pagadoras de dividendos, com menor risco que a média, é vista por Stein como umas razões para a boa captação do fundo da BlackRock – o PL soma aproximadamente R$ 300 milhões, com 17 fundações como cotistas, com outras quatro entidades com o investimento já aprovado.
“As ações tem um beta de mercado em torno de 0,7, a grosso modo posso dizer que o fundo tem um risco 30% menor em relação ao mercado”, pontua o diretor. “Neste ano vimos um movimento de mais fundações do que a gente imaginava, mas com um pouco menos de dinheiro por fundação do que esperávamos”. O menor volume, acredita Stein, decorreu da abertura dos juros, quando as entidades aproveitaram para aumentar a alocação em renda fixa.
Para 2015, a visão da BlackRock é de que o mercado americano, pela recuperação da economia local, segue sendo a melhor região para alocação no exterior – até por isso a asset trouxe, além do fundo de gestão ativa, um ETF do S&P 500. Mas além das oportunidades no exterior, a casa passa a olhar com mais atenção para outro mercado em potencial a partir do próximo ano, que é o de infraestrutura.
“Queremos participar do desenvolvimento da infraestrutura no Brasil, existe uma demanda clara, e temos interesse, havendo um arcabouço regulatório de boas regras de investimento”, diz Stein. “Não é algo específico no Brasil, é uma intenção global da BlackRock; cabe ao Brasil, e também me coloco nesse desafio, de estruturar boas oportunidades”.
A nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda é vista com bons olhos pelo diretor da BlackRock para ajudar no desafio de fomentar a indústria de infraestrutura no país. “Tinhamos um diálogo muito grande com o Levy, temos parcerias de produto com o Bradesco, e estamos muito animados com a interlocução, ele acabou de chegar, mas dá um ânimo grande para essa discussão”.