Edição 249
Depois de enfrentar um ano difícil em 2011, quando as carteiras de renda variável e renda fixa tiveram fraco desempenho, os fundos de pensão comemoraram a recuperação do desempenho no ano passado. Na renda fixa, apesar dos baixos patamares dos juros, as fundações ganharam com as aplicações em fundos da família IMA, enquanto os estoques mais antigos de títulos federais, sobretudo com a marcação a mercado, também se beneficiaram do fechamento das taxas. As carteiras de imóveis continuaram apresentando boa rentabilidade com a valorização do mercado imobiliário. Mesmo com o desempenho modesto do Ibovespa, que fechou 2012 com valorização de 7,40%, as carteiras de ações das fundações ficaram acima do índice da bolsa, devido à adoção de estratégias de valor, small caps entre outras.
O presente ranking Top Atuarial contou com a participação de cerca de 100 fundos de pensão, entre os quais figuram os maiores do país, tais como Previ do Banco do Brasil, Petros, Funcef, Fundação Itaú-Unibanco, Valia, Funcesp, Sistel, Real Grandeza, Forluminas e Banesprev. Além dos maiores por patrimônio, o ranking Top Atuarial traz um consolidado dos dez maiores e os mais focados em cada segmento de aplicações – renda fixa, renda variável, estruturados, imóveis e operações com participantes. E o principal diferencial do ranking de Investidor Institucional, são as informações referentes à rentabilidade e patrimônio das carteiras dos planos de benefícios, bem como o número de participantes, patrocinadoras e membros da diretoria.
A rentabilidade geral do sistema de fundos de pensão atingiu 15,37% em 2012, bem acima dos 9,80% alcançados no ano anterior, segundo dados da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar). Se for considerada uma taxa atuarial de INPC mais 6%, que ficou em 12,57% no ano passado, as carteiras das fundações superaram suas metas com relativa folga. Como os dados se referem a uma média do sistema, há planos de benefícios que ficaram acima da meta e outros abaixo, mas em geral, houve uma melhoria na rentabilidade das carteiras. A taxa atuarial também não é uniforme, pois muitos planos de benefícios já vinham trabalhando com metas abaixo do máximo permitido (inflação mais 6%).
Os ativos totais do sistema de fundos de pensão fecharam 2012 em R$ 641,72 bilhões. No ano anterior, tinha fechado em 573,72 bilhões, segundo dados da Abrapp. Houve portanto, um incremento de R$ 58 bilhões entre recursos provenientes de novos aportes (descontados os pagamentos de benefícios e custos administrativos) e a rentabilidade das carteiras. Do total dos recursos, 61,7% estavam alocados em renda fixa, 28,6%, em renda variável, 4,0%, em imóveis, e 5,7%, no restante dos segmentos (estruturados, operações com participantes e exterior).
Previ – O maior fundo de pensão do país, a Previ do Banco do Brasil, fechou 2012 com uma carteira de investimentos de R$ 165,84 bilhões, segundo dados do presente ranking Top Atuarial. Os ativos cresceram R$ 10,5 bilhões em comparação com o fechamento do ano anterior. O maior plano da Previ (Plano 1) cresceu 6,3%, chegando a R$ 161,6 bilhões. O plano mais novo (Previ Futuro) cresceu 33,8% e chegou a R$ 3,7 bilhões. Além dos dois planos, o fundo de pensão ainda têm recursos provenientes de um plano de gestão administrativa (PGA). Os dois planos de benefícios da Previ superaram as metas atuariais.
“O resultado de 2012 foi puxado pelo bom desempenho da carteira de renda fixa, que ainda representa um alto percentual do total. Além disso, tivemos novamente um excelente desempenho da carteira imobiliária, que valorizou mais de 30% no ano”, diz Renê Sanda, diretor de investimentos da Previ. Ele explica que cerca de 70% dos títulos de renda fixa estão marcados na curva e, por isso, são beneficiados basicamente pelos altos cupons dos estoques antigos, ao mesmo tempo, que registram baixa volatilidade com as oscilações do mercado. Já o restante da carteira, que é marcada a mercado, também ganhou com o alongamento dos prazos, que foi realizado antes da queda na curva dos juros.
A rentabilidade global foi impulsionada também pela carteira de imóveis da Previ, que registrou alta rentabilidade pelo terceiro ano consecutivo. “A carteira de imóveis vem registrando forte rentabilidade, mas acredito que já em 2013 deva cair um pouco abaixo da casa dos 20%”, diz Sanda. O desempenho da renda variável também foi favorável em 2012, ficando acima do Ibovespa. “Foi a primeira vez que terceirizamos uma parte da renda variável, com novas carteiras de small caps, que foram muito bem no ano passado”, diz o diretor de investimentos. Algumas ações da carteira própria também apresentaram boa valorização como, por exemplo, BRF (nova denominação para BRFoods), Fundição Tupi, entre outras.
O Plano 1 da Previ teve rentabilidade de 12,62% contra uma meta de 11,51% (INPC mais 5% ao ano). Já o Previ Futuro rendeu 13,74% diante de uma meta de 12,04% (inflação mais 5,5% ao ano). A rentabilidade global, considerando todos os planos da Previ, ficou em 12,63%, bem acima do ano anterior (2011), quando o Plano 1 tinha registrado 7,70% e o Previ Futuro, apenas 4,63%. Como a Previ possui uma carteira de renda variável que representa 59,55% de seu patrimônio total, o desempenho de bolsa tem forte influência sobre a rentabilidade global.
O segundo maior fundo de pensão em patrimônio é a Petros – um fundo multipatrocinado com 48 planos de benefícios. Ainda que o maior plano seja o antigo plano de benefício definido (BD) dos funcionários da Petrobrás, a fundação também administra dezenas de outros planos patrocinados e instituídos de diversas associações. A Petros fechou 2012 com uma carteira de investimentos de R$ 66,59 bilhões, com uma rentabilidade total de 15,66%.
Para completar o time das três maiores fundações do país, em terceiro lugar em termos de ativos, aparece a Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, com R$ 49,87 bilhões. As três maiores fundações são responsáveis juntas, por cerca de 45% do patrimônio total do sistema. Porém, diferente da Previ e da Petros, a Funcef não conseguiu bater suas metas atuariais em 2012, quando alcançou rentabilidade média de 9,34%. Já a média das metas atuariais dos planos foi de 12,04% no ano passado. Somente o Novo Plano obteve retorno superior à meta, com rendimento de 12,91%. Apenas o Novo Plano e o REB mantiveram superávit, porém os demais planos (REG/Replan saldado e não saldado), que acumulam a maior parte dos recursos da entidade, registraram déficit.
O resultado abaixo da meta foi justificado pelo fraco desempenho da carteira de renda variável (5,73% em 2012). A carteira de ações da Funcef sofreu principalmente com a reprecificação da participação nas empresas Vale e Oi-Telemar. Já as demais carteiras de investimentos do fundo, apresentaram resultados mais positivos. A carteira imobiliária rendeu 20,47% e a de renda fixa, gerou ganhos de 14,48% no ano.
Primeiras posições – Entre os 10 maiores fundos de pensão, a principal mudança no ranking da carteira total foi a subida da Fundação Itaú-Unibanco para a quinta posição, que era ocupada pela Valia (fundo de pensão dos funcionários da Vale). A fundação do Itaú alcançou investimentos de R$ 16,99 bilhões no final de 2012. A ascensão do fundo de pensão deve ser ainda maior nos próximos anos, pois está em processo de incorporação de outras entidades fechadas. Com o processo de aquisição de outros bancos pelo Itaú-Unibanco, os fundos de pensão entraram também em processo de reestruturação. A mais recente incorporação foi da Prebeg, fundo de pensão do estado de Goiás.
O maior fundo de pensão que ainda não foi incorporado é o Funbep – do banco do estado do Paraná, que tem ativos de mais de R$ 3,5 bilhões. Após o término das incorporações, o fundo de pensão do Itaú deve encostar no quarto colocado do ranking dos maiores, a Funcesp (Fundação Cesp), que fechou 2012 com investimentos de
R$ 22,85 bilhões.
Outra mudança entre os 10 maiores, foi a queda do Banesprev que antes ocupava a oitava posição, e caiu para o décimo lugar. Com isso, Real Grandeza, com R$ 11,90 bilhões, e Forluminas (Forluz), com R$ 11,80 bilhões, subiram uma posição cada, passando a ocupar a oitava e nona colocações.
A melhores rentabilidades no grupo das 10 maiores fundações foram alcançadas pela Forluminas (Forluz), Sistel e Funcesp. A rentabilidade total da Forluminas atingiu 27,03% em 2012, ficando na terceira posição entre todas as fundações analisadas no ranking. A Sistel registrou rentabilidade de 24,89% no ano, com destaque para a carteira de renda fixa, com alta de 28,92%. Já a Funcesp teve alta de 24,81% na carteira global, também com destaque na renda fixa.
Para entender o ranking Top Atuarial
O ranking Top Atuarial dos fundos de pensão é publicado anualmente pela revista Investidor Institucional, com informações que refletem a posição destes no último dia útil do ano anterior. Este reflete a posição das fundações na data de 31 de dezembro de 2012.
As informações são encaminhadas a nós diretamente pelas fundações. Portanto, as que não enviaram essas informações, não constam deste ranking. Para entender as informações de cada fundação, leia nos parágrafos abaixo as explicações sobre as abreviaturas usadas, assim como o significado dos números que acompanham o nome de cada dirigente.
No item investimentos, o primeiro número expressa o valor em R$ milhões do programa de investimentos e consolida todos os fundos geridos pela fundação.
Os porcentuais, publicados na sequência, representam a distribuição dos recursos da carteira de investimentos, de acordo com o tipo de aplicação. As abreviaturas “RF”, “RV”, “IE”, “IM”, “EP” e “O” significam, respectivamente, “Renda Fixa”, “Renda Variável”, “Investimentos Estruturados”, “Imóveis”, “Empréstimos aos Participantes” e “Outros”. As abreviaturas “BD”; “CD”; “CV”; e “ADM”, por sua vez, significam planos de “Benefício Definido”, de “Contribuição Definida”, de “Contribuição Variável”, e “Administrativos”, respectivamente.
No item “Rentabilidade”, o primeiro número refere-se ao rendimento total da fundação, e abaixo trazemos as rentabilidades das carteiras de “RF”; “RV”; “IE”; “IM”; “EP”; e “O”, assim como das rentabilidades dos planos de “BD”; “CD”; “CV”, e “ADM”.
No item “Participantes”, o primeiro número indica o total de participantes e abaixo seguem os porcentuais de ativos e de assistidos, assim como dos inscritos nos planos “BD”, “CD”; “CV”; e “ADM”.
O ranking traz ainda informações sobre as Reservas Garantidoras e as Reservas Totais, sempre em R$ milhões.
No item “Sobre a fundação”, informamos o número de planos, se tem patrocinador principal, quem é, e que tipo é. Informamos ainda os nomes do presidente, diretor de investimentos e diretor de benefícios, seguidos do ano em que assumiu o cargo e se é ou não participante do fundo de pensão.
i2invest – Algumas informações publicadas nos rankings anteriores, como a política de investimento das fundações para os próximos 12 meses (se pretende aumentar fortemente ou moderadamente, ou reduzir moderadamente ou fortemente os investimentos por classe de ativos), estarão sendo disponibilizadas unicamente através do i2invest, um novo sistema de banco de dados interativo que reunirá informações sobre fundos de pensão, RPPS e empresas de asset management e gestores de private equity num primeiro momento.
Programado para ser lançado até agosto, o i2invest trará os dados deste Top Atuarial e muito mais detalhes sobre as fundações, como seu histórico de investimentos por plano e não apenas o consolidado da fundação. Isso permitirá mostrar a entidade não apenas através dos seus números consolidados mas também de cada um de seus planos, que incluirão informações sobre investimentos, reservas, superávit/déficit, percentual de gestão terceirizada, principais gestores externos, principais consultores externos e custodiantes.