Renda fixa deu as cartas | Gestores ampliaram equipes de renda fi...

Edição 350

Com fôlego de crescimento em previdência aberta, a Sul América Investimentos considera fundamentais os investimentos que têm sido feitos na ampliação de seus times de profissionais, assim como a capacidade de suas estratégias capturarem ganhos na renda fixa e no crédito em período que foi de forte entrada de recursos nesse mercado. No segmento de EFPC, são mais de 170 fundações que investem por meio de fundos exclusivos e abertos. “Saímos de R$ 48 bilhões em ativos totais sob gestão no final de 2021 para R$ 54,5 bilhões agora. Foi um crescimento importante este ano e que veio do ambiente macroeconômico, com a taxa Selic de dois dígitos trazendo um fluxo maior para renda fixa e crédito”, diz Marcelo Mello, vice-presidente de Investimentos, Vida e Previdência. As estratégias de crédito privado somam R$ 11 bilhões e alguns fundos de crédito foram fechados este ano porque já haviam atingido sua capacidade.
Do AuM total, R$ 12 bilhões estão em fundos abertos e R$ 10 bilhões em fundos de previdência (VGBL e PGBL). Os demais R$ 34 bilhões estão divididos entre fundos exclusivos, estrutura que é a mais atrativa para as EFPCs de maior porte, e carteiras administradas. A demanda das fundações atualmente pende na direção dos fundos de fundos (Fofs ou fund of funds em inglês). “Há um interesse crescente por esse modelo, um Fof como guarda-chuva exclusivo que investe em fundos abertos. Temos crescido também em Fofs, com mais de vinte desses produtos e R$ 6 bilhões sob gestão, por conta da maior sofisticação do mercado e dos investidores”, observa.
A percepção é de que a dinâmica forte na renda fixa será mantida em 2023, aliada à maior demanda dos institucionais por produtos de investimento que possam exibir o carimbo de sustentabilidade. Um dos trunfos é a estratégia de crédito ESG, que já soma R$ 1,1 bilhão. “Nossa família ESG é composta por cinco fundos mas esse processo de filtros de sustentabilidade está presente em todos os demais produtos; a diferença é que nessa família especifica usamos filtro duplo de ESG”, afirma. Signatária do PRI (Principles for Responsible Investments) desde 2011, a gestora vê a cobrança por investimentos sustentáveis crescer de modo relevante nos processos de due diligence de um ano e meio para cá.
A casa tem investido em times para acelerar o seu crescimento e contratou uma equipe para cuidar de crédito imobiliário (fundos que compram CRIs e cotas de FIIs). “Lançamos o fundo com seed money de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões e estamos no início do processo de investimentos. Acreditamos que a indústria de FIIs foi bastante impactada pelo cenário e há ativos interessantes com descontos altos para serem comprados”, diz. A ampliação da equipe incluiu a contratação de profissionais para fundos multimercados e de ações com a chegada, entre outros, de Gilberto Nagai, CFA, como porfolio manager de renda variável. Ao todo, informa, são 76 colaboradores frente aos 65 de 2021 e a projeção é de fechar o ano com um time de 80 pessoas, incluindo cientistas de dados e profissionais de inteligência analítica (em inglês, analytics).

Com atuação voltada para fundos de renda fixa crédito privado, infraestrutura incentivada e mercado imobiliário, a Capitânia Investimentos já ultrapassou a posição detida no final de junho e neste mês de outubro aumentou o total de ativos sob gestão para R$ 27,7 bilhões. A maior parte desses recursos está alocada em fundos de renda fixa pós-fixados, que garantiram boa performance e baixa volatilidade, explica Carlos Simonetti, diretor de relações com investidores e produtos. “Crescemos nas plataformas de varejo e em fundos previdenciários (VGBL e PGBL), segmento em que saímos de R$ 8,5 bilhões na virada do ano para R$ 11,2 bilhões agora, ajudados pelo desempenho dos fundos pós-fixados”, diz.
São fundos da Icatu Seguros, XP Seguros, BTG Pactual e da Itaú Vida e Previdência, com perfis que vão de conservador a moderado, todos pós-fixados, em CDI. Em julho passado, a casa lançou também um fundo com a XP Seguros que é 100% alocado em inflação.
O segmento de previdência aberta, acessível até há algum tempo apenas por meio de bancos de grande porte ou corretores de seguros, passou a oferecer acesso ampliado há pouco mais de cinco anos, lembra Simonetti. “Em 2016, a XP começou a oferecer esses produtos e em 2017 lançamos o nosso primeiro fundo de previdência, com a Icatu Seguros e distribuição da XP, então o histórico já é robusto, um fator que aliamos ao perfil conservador e aos bons retornos”, observa. O retorno de CDI mais 1,25% ou 1,5% tem sido superior ao objetivo de médio prazo que é de CDI mais 0,75%. Em 2023, a expectativa é de que o mercado volte a tomar um pouco mais de risco, em cenário mais equilibrado do que o deste ano.
No segmento de fundos de pensão, o histórico é consistente e, dos seus 21 fundos exclusivos, 16 pertencem a fundos de pensão e cinco a gestores de patrimônio. Alguns desses fundos têm mais de dez anos de histórico, com forte capacidade de retenção junto às EFPC. ”Desde 2015 não perdemos um único mandato de fundação”, comenta. A maior parte da alocação está em crédito privado, com maior ou menor presença de crédito estruturado. Entre os exclusivos, três são específicos para investimento em cotas de FII (Fundos de Investimento Imobiliário) e os outros 13 produtos são de crédito privado.

Entre os principais fatores que explicam a posição da Banrisul Corretora de Valores Mobiliários e Câmbio em ativos de RPPS está a sua atuação comercial junto ao gestores do segmento, com uma oferta de produtos que tem sido capaz de complementar a grade, diz Alexandre Ponzi, diretor-presidente. Em outubro de 2021, essa grade foi reforçada com o lançamento de cinco fundos espelhos – três de ações e dois multimercados – todos de gestores com boa performance de mercado.
“A principal iniciativa foi o lançamento do Fundo Banrisul RPPS 2024, que procura concentrar a alocação em NTN-Bs com vencimento no vértice de 2024; é um fundo que permanece aberto sempre que a taxa de mercado esteja em patamar que permita o atingimento de meta atuarial pelos RPPS”, explica. O patrimônio do fundo, que em 30 de junho de 2022 estava em R$167,5 milhões, já foi praticamente dobrado e atingiu mais de R$ 322 milhões em outubro. A casa ainda estuda criar novos fundos para investir em NTN-Bs com vencimentos mais longos.
Os fundos RPPS conseguiram apresentar rentabilidade em linha com seus referenciais nos últimos 12 meses. “Eles iniciaram o ano levemente alavancados nos vértices mais curtos; porém, já no início de março essa estratégia foi revertida para uma leve desalavancagem, fruto de posição defensiva adotada para a maioria dos fundos RPPS”, afirma. Os vértices intermediários e longos permaneceram alinhados ao benchmark, fazendo com que suas rentabilidades ficassem efetivamente muito próximas dos referenciais. De modo geral, os fundos mantiveram, ao longo do ano, estratégias neutras de duration em relação a esses indicadores.
O relacionamento e a inserção da instituição com os mais de 350 RPPS na região Sul do País são um trunfo relevante para assegurar o market share. Para ampliar sua participação nesse mercado, a casa está fortalecendo parcerias com outras instituições para distribuição também fora do eixo do RS. Ainda que o foco dos fundos de investimentos seja no segmento de RPPS, há também fundos elegíveis nos segmentos de fundos de pensão, de previdência aberta e seguradoras, que juntos somam mais de R$1,2 bilhão em ativos sob gestão. “O objetivo é manter as carteiras de fundos elegíveis a esses investidores para agregar cliente e volume, seja pela oferta de fundos abertos, seja pela administração e gestão de fundos exclusivos”, diz.
As perspectivas daqui para a frente, apesar de toda a incerteza causada pela indefinição eleitoral neste momento e pelo panorama externo turbulento, são positivas para 2023. “Esperamos um cenário positivo em relação à rentabilidade dos fundos destinados aos investidores RPPS, beneficiados pela perspectiva de início de ciclo de queda da Selic, que deve trazer valorização aos ativos como um todo, tanto no mercado de renda fixa quanto no mercado de renda variável”, afirma.
A expectativa é de forte entrada de recursos nos produtos destinados aos RPPS, sobretudo nos fundos que possuem carteiras atreladas à inflação. “A se confirmarem as projeções de início dos cortes na taxa Selic/CDI já no segundo trimestre de 2023, teremos uma inversão nas expectativas das rentabilidades. Nesse caso, o desempenho dos fundos atrelados a taxas pré-fixadas e inflação será bastante positivo , ao contrário de 2022”, avalia. Ele lembra que a elevação das taxas de juros, Selic/CDI este ano afetou negativamente a demanda por títulos públicos atrelados a taxas pré-fixadas e inflação e parte dos recursos migrou para fundos atrelados a taxas de juros, IMA-S, onde a demanda efetivamente cresceu.
A gestão deverá seguir com o tema da diversificação voltada à diluição do risco. “Para isso, incorporamos estratégias de multimercados com fundos criteriosamente selecionados por meio de modelo de curadoria de investimentos. Entendemos que, mesmo com o cenário de juros favorável aos investimentos em renda fixa, ganha força a percepção de que se avizinha um novo movimento de diversificação e realocações dos investimentos, de modo a atender as necessidades de longo prazo do segmento”, diz.

Por Segmentos (em pdf)