Aguardando as novas diretrizes | Gestoras com foco em ativos de f...

Edição 350

Com um crescimento expressivo em ativos de fundos de pensão, a Bradesco Asset Management colheu resultados também em outra de suas especialidades tradicionais, a gestão de crédito privado. “Tivemos um avanço importante na gestão para EFPCs, é um volume grande do nosso AuM, cerca de 15%, que está em recursos dessas entidades, sendo que 80% disso está alocado em crédito e os 20% restantes divididos entre fundos multimercados, renda variável e fundos de fundos”, explica o diretor Luiz Philipe Biolchini. Pouco mais da metade desses recursos estão em fundos exclusivos e a casa mantém um time dedicado exclusivamente a esse público .
Este ano houve expansão na classe de renda fixa/ crédito, o que incluiu aumento na captação. “A migração para a renda fixa vinha desde 2021 em busca de investimentos menos voláteis. Este ano crescemos bastante em crédito, que é nossa especialidade e é um mercado que apresentou demanda muito forte, além de seguir com a relação retorno/risco favorável”, diz.
A expectativa agora está na definição das políticas de investimento que as fundações começam a desenhar para 2023. Uma das alternativas, porém, a de investimento no exterior, ainda não foi retomado. “Por enquanto só aumentou a discussão sobre exterior porque o juro está muito alto aqui e lá fora e há muitas incertezas, o momento ainda é turbulento, mas os fundos mais sofisticados começam a olhar para lá, com a queda forte da bolsa nos EUA e ativos mais baratos aos quais nós temos acesso”, diz.
A partir de agora, com a bolsa em recuperação e o juro perto do fim do ciclo de alta, é possível vislumbrar um cenário melhor também para os demais ativos, fora da renda fixa. “A curva de juros futura já embute num corte de 3%, o que tende a favorecer outras classes fora da renda fixa” afirma. Os fundos de ações da gestora conseguiram bater o Ibovespa e, com performance positiva, já começam a voltar ao radar dos investidores, ainda que com fluxos pequenos por enquanto, e os multimercados têm tido bom desempenho.
A asset passa por uma etapa de transformação nos pilares de processos, pessoas e produtos. “Na área de pessoas, atraímos profissionais de diversos perfis, no modelo híbrido de trabalho que adotamos e que permite uma forte integração. Isso já se refletiu em ganhos de produtividade”, afirma. Em processos, há uma otimização da coleta e tradução de dados para compreender movimentos e tendências dos mercados, com processos tecnológicos que são fundamentais para a pesquisa em todas as áreas. “Usamos modelos de projeção cada vez mais sofisticados para alavancar os processos e também criamos parcerias com empresas incubadas/associadas”, conta.
Nos produtos, a demanda é para manter os que já existem e agregar outros, mais sofisticados, seja em multimercados, crédito estruturado ou fundos de fundos de private equity. A área de fundos de fundos, diz Biolchini, tem participação significativa e vai no caminho da sofisticação, com acesso a um trabalho de curadoria. “Há cerca de um ano estamos desenvolvendo essa curadoria para ter produtos sofisticados mas que não sejam aventureiros”, afirma.

O Grupo Santander como um todo colocou seu foco na linha de previdência aberta, principalmente no que diz respeito ao relacionamento com clientes – que também é um aspecto que destacamos para as EFPC-, e conseguimos este ano um ritmo de captação acima da média da indústria, avalia o CEO da asset, Carlos André.
A casa consolidou sua posição nesses segmentos com soluções que são oferecidas para as fundações de maior porte, o que inclui estratégias quantitativas combinadas a soluções de investimento lá fora. “Em previdência aberta, o mercado de renda fixa ganhou mais relevância, graças ao juro rodando em patamares elevados e tivemos captação interessante em produtos que têm componentes de crédito privado”, conta. Os fundos de previdência têm roupagem de multimercados mas seguem estratégia de alocação com três perfis de risco – conservador, moderado e agressivo -, todos com performance acima do CDI no acumulado do ano.
Os fundos de fundos (Fofs) são outra alternativa relevante para a previdência, com um blend dos melhores gestores e rentabilidades e que atingiu, este ano, retornos de 160% acima do CDI.
Em classes de ativos, ele observa que os multimercados têm conseguido uma performance interessante este ano, mas a captação da indústria ainda não reflete isso, talvez por contaminação do mau desempenho dessa classe em 2021, mas tende a começar um ciclo positivo de captação daqui para a frente. “Em ações há muita incerteza e um cenário muito desafiador nas principais economias. O Brasil pode até ter um descolamento positivo em setores mais voltados para o mercado doméstico”, afirma. Este ano, os fundos de exterior acabaram ficando aquém da perspectiva positiva do início do ano, admite André. “O S&P acumulado deste ano estava negativo em 25% até setembro, contra 5% ´positivos do Ibovespa, então houve um descolamento muito grande. Os fundos de pensão, porém, precisam montar carteiras com visão de médio e longo prazos e, embora essa classe esteja sofrendo com as inúmeras incertezas, podem surgir janelas interessantes de entrada para alocação”, acredita.
Os primeiros nove meses de 2022 têm sido particularmente agitados e o ano começou com as perspectivas globais mais positivas do que se mostraram na prática, tanto em relação ao nível de atividade econômica, à inflação e às políticas monetárias. A partir de fevereiro, o cenário passou a ser negativo e impactou os preços dos ativos no mundo, em especial nas bolsas. No Brasil, a maior preocupação com a inflação e os juros altos marcaram todo o período. “A diferença entre os mercados local e global foi de timing no aperto monetário e na correção de preços dos ativos, já que no Brasil isso vinha ocorrendo desde o segundo semestre de 2021”, afirma.
A bolsa doméstica agora passou para o território positivo e o mercado discute o início do ciclo de redução da Selic. A projeção da gestora é de que isso ocorra entre o final do primeiro trimestre e início do segundo trimestre de 2023. “A inflação, que começou o ano em dois dígitos, deve terminar o ano em 5% e o ritmo de atividade econômica acelerou, então a fotografia do momento é melhor do que a do início do ano, mas quando olhamos o filme de 2023 há o problema do arrefecimento do crescimento e o PIB no Brasil deve crescer apenas 1%”, diz. Tudo irá depender do desenrolar do cenário global e das propostas do novo governo brasileiro.

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