Mudanças na concorrência | Com venda do HSBC para o Bradesco e di...

Edição 279

 

Segmentação por Investidores (em pdf)

Com o cenário econômico e político conturbado de 2015, a demanda dos investidores fundos de pensão e institutos de previdência não teve grande alteração entre as classes de ativo em relação aos períodos anteriores. O conservadorismo seguiu em alta, com a renda fixa concentrando praticamente a totalidade do fluxo de recursos dos institucionais; o espaço para diversificação ficou limitado à busca por veículos com crédito privado, ante a maçica demanda pelos prêmios atrativos dos títulos públicos, e ainda assim com prazos mais curtos e uma seletividade maior na escolha das emissões.
As carteiras de renda variável não tiveram uma queda expressiva entre as fundações e RPPS apenas porque a posição deles no segmento já se encontra próxima das mínimas históricas. Mas se a busca entre as classes de ativos não teve grandes mudanças no ano passado, na busca por gestores os institucionais promoveram trocas relevantes, por conta de dois grandes eventos que movimentaram o mercado no segundo semestre de 2015 – a compra do HSBC pelo Bradesco, e o envolvimento do BTG Pactual na operação Lava Jato.
No Top Asset, nos doze meses encerrados em dezembro de 2015, o HSBC registrou uma queda de 7,9% entre os investidores fundos de pensão, o que não foi suficiente para que a instituição perdesse a sexta posição entre as dez gestoras que mais tem recursos sob gestão de fundações; já no BTG Pactual o recuo chegou a 19,43%, o que levou o banco a perder uma posição, e cair do oitavo para o nono lugar. No topo, a BB DTVM manteve a liderança com folga, com R$ 104,5 bilhões (queda de 0,69% em doze meses), seguida pelo Itaú, com R$ 55,8 bilhões (alta de 4,6%). Já a terceira colocação foi alterada, com a Santander Asset, com um aumento de 22,3% entre as fundações, para R$ 48,5 bilhões, tomando o lugar da Caixa, que cresceu 6%, para R$ 46,5 bilhões.
A BNP Paribas Asset, que no ranking passado estava na nona colocação, saltou para a sétima, após registrar o maior crescimento entre as dez maiores gestoras com recursos de fundos de pensão, com uma evolução de 63,05% em doze meses, para R$ 16,1 bilhões. “Vínhamos crescendo de forma consistente no decorrer do ano, e os dois eventos com os concorrentes deram uma contribuição adicional; eles acentuaram nosso crescimento, já que são duas instituições muito presentes no segmento de fundos de pensão”, afirma Eduardo Loverro, head de investidores institucionais da BNP Paribas Asset Management, em referência ao HSBC e ao BTG Pactual. A classe de fundos de pensão foi a que a gestora do BNP Paribas mais absorveu novos clientes oriundos das duas instituições financeiras.
A migração dos clientes institucionais das duas instituições para a gestora do BNP Paribas, salienta Loverro, até como um próprio retrato do atual mercado de gestão de recursos no país, foi majoritariamente em fundos de renda fixa.

Captação na previdência – Na Santander Asset, o segmento de previdência representou quase a metade do total de R$ 12,2 bilhões de captação líquida que a gestora obteve no ano passado; R$ 3,5 bilhões foram de fundos de pensão, R$ 1,8 bilhão tiveram como destino os planos PGBL/VGBL sob gestão da casa, e outros R$ 500 milhões vieram dos RPPS. “São R$ 5,8 bilhões de clientes previdenciários, foi uma captação forte nesse aspecto”, pondera o superintendente executivo comercial da Santander Asset, Aquiles Mosca. Assim como já havia sido em 2014, em 2015 a demanda dos institucionais na asset do Santander também foi voltada basicamente para instrumentos de renda fixa. “Os fundos DI foram os mais procurados por esse público, seguidos pelos atrelados à inflação”.
Outra gestora que vem focando no crescimento com fundos de pensão é a JP Morgan Asset, que teve uma evolução de 75,64% entre os clientes fundos de pensão no segundo semestre de 2015, além do crescimento impulsionado pelos produtos de renda fixa, os investimentos no exterior seguiram com boa demanda junto ao público institucional, ainda que o volume de ativos no segmento tenha caído no fim do ano passado. “O segmento offshore chegou a ter R$ 400 milhões em alocações, com 19 investidores. Esse montante diminuiu devido à queda das bolsas, a queda do dólar no fim de 2015, e alguns resgates”, diz André Cobianchi, responsável pela relação com institucionais na JP Morgan Asset.

Crédito conservador – Na asset do Itaú, a captação entre os institucionais foi positiva em R$ 900 milhões no ano passado, parcela pequena dentro do total captado pela gestora em 2015, R$ 27 bilhões, recorde histórico de captação, dos quais R$ 24 bilhões oriundos do varejo, e R$ 3 bilhões do atacado. Na gestora do Itaú, a busca dos institucionais por veículos mais conservadores de crédito privado também foi o destaque do ano passado, segundo Marcelo Fatio, superintendente de distribuição da asset. “Em 2015 houveram alguns eventos de crédito no mercado, e passamos por eles bem, sem impacto no nosso portfólio, e isso se traduziu em captação”, comenta o executivo.
Fernando Beyruti, co-head da Itaú Asset Management, ressalta que a casa já vinha adotando uma postura mais conservadora há algum tempo, o que chegou a gerar questionamentos por parte de alguns clientes sobre a rentabilidade entregue, abaixo de seus pares. “Não estávamos colocando créditos mais agressivos dentro da carteira, e com o passar do tempo e a piora do cenário, os concorrentes sentiram mais que a gente, e os clientes perceberam o valor do negócio de longo prazo mais conservador, que ajudou bastante na performance dos nossos fundos”. Essa cabeça mais conservadora que a média do mercado nos últimos anos, emenda Beyruti, prossegue para o restante de 2016.

Regimes próprios – No segmento de RPPS, a Caixa Econômica continua na liderança, com R$ 43,14 bilhões. A asset da Caixa registrou crescimento de 9,49% em 12 meses. “Temos consolidado nossa liderança no mercado de regimes próprios devido à boa performance dos fundos focados neste segmento. Temos uma grade completa de produtos e um relacionamento forte com os institutos”, diz Sérgio Bini, superintendente de gestão de fundos líquidos da Caixa Econômica.
Em 2015, apesar das dificuldades enfrentadas pela indústria de fundos, a Caixa conseguiu manter a captação positiva em R$ 10,5 bilhões, com destaque para os fundos DI e de renda fixa crédito privado. Para os regimes próprios, a Caixa teve forte captação para uma família de fundos com 100% de títulos públicos NTN-Bs. “São fundos que aproveitaram as janelas de oportunidades com a abertura dos prêmios das NTN-Bs. Os fundos levam os ativos até o vencimento e os investidores também vão até o final”, diz Bini. Os ativos são marcados a mercado. Em 2014, a Caixa e outras gestores chegaram a lançar fundos semelhantes, mas com a marcação na curva. A Anbima entendeu, porém, que não é possível utilizar o método da marcação na curva para quaisquer fundos de investimentos, então, não foi possível lançar novos produtos deste tipo. Como alternativa, não só a Caixa, mas também a BB DTVM, lançou os novos fundos de NTN-Bs, com a marcação a mercado. A Caixa manteve a primeira posição também entre os clientes governos e políticas públicas, com R$ 166 bilhões. O motivo da primeira posição da Caixa é o mesmo aplicado aos RPPS, a proximidade com as prefeituras e estados.