Aumenta aversão ao risco | Indústria de gestão de recursos sofre ...

Edição 279

 

Mariores e mais focados (em pdf)

Raio X do Mercado (em pdf)

Em um ano de aumento à aversão ao risco por parte dos investidores, os gestores de recursos enfrentaram maior dificuldade para alcançar crescimento expressivo. O destaque negativo mais uma vez foi a renda variável que, em geral, sofreu desvalorização – Ibovespa marcou 13,3% negativos. Já a renda fixa representou o porto seguro para os investidores que se beneficiaram da abertura da taxa básica de juros, mas mesmo assim, não foi suficiente para gerar expansão do mercado. O volume total da indústria de gestão de recursos permaneceu praticamente estagnado desde o último semestre fechado na metade de 2015.
Na primeira colocação do ranking geral, permanece a BB DTVM, com R$ 666,78 bilhões em ativos sob gestão – crescimento de 8,37% em 12 meses. “Foi um ano com volatilidade acentuada nas principais estratégias e a renda variável ficou mais uma vez aquém do desejado”, diz Carlos André, diretor executivo de gestão de fundos da BB DTVM. O gestor explica que predominaram estratégias mais defensivas, principalmente nos fundos com ativos pós-fixados. Os destaques mais positivos ficaram com os fundos cambiais e do exterior.
Em relações aos tipos de clientes, um dos destaques da BB DTVM foi o crescimento com recursos de previdência aberta – 31,72% em 12 meses. A expansão é explicada pela forte captação do grupo do BB e da Brasilprev, que tem crescido acima da média do mercado nos últimos anos. Os recursos de previdência aberta também se beneficiaram devido a maior concentração em renda fixa. “Na previdência aberta houve pequeno impacto da desvalorização da renda variável, pois a exposição à bolsa é reduzida”, diz Carlos André. Em comparação com a previdência fechada (fundos de pensão), o impacto da queda da bolsa foi muito maior. Os ativos deste tipo de cliente sob gestão da BB DTVM tiveram crescimento negativo de 0,69% em 12 meses. “Os fundos de pensão sofreram muito mais no ano passado com a desvalorização da bolsa doméstica”, diz o diretor da BB DTVM.
No resultado geral, a previdência aberta cresceu muito mais que a fechada em volume de recursos terceirizados para as assets. Outro tipo de cliente que sofreu pouco com a queda da bolsa foram os regimes próprios de previdência (RPPS). Com alocação concentrada em fundos de renda fixa, os RPPS registraram avanço positivo para a BB DTVM no ano passado – 16,70% em 12 meses.
Fundos no exterior – A BB DTVM seguiu com sua estratégia de atrair os recursos de fundos de pensão para aplicações em fundos no exterior. Atualmente são sete fundos em parceria com gestoras internacionais oferecidos para entidades fechadas. Como houve forte valorização das cotas destes fundos em 2015, puxados pela alta do Dólar, alguns investidores decidiram resgatar parte das aplicações para realizar lucros. Atualmente, a família de fundos no exterior da BB DTVM apresenta R$ 1,23 bilhão de ativos sob gestão.

Crescimentos no ranking – Entre as cinco maiores assets do ranking, os maiores crescimentos ficaram com a Santander Asset Management, quinta colocada. Entre as dez maiores, destaque para a J. Safra, com aumento de 28,56% em 12 meses. E ainda a Verde Asset, que entrou no seleto grupo das dez maiores. A asset comandada por Luís Stuhlberger entrou pela primeira vez no ranking Top Asset na edição passada publicada em agosto de 2015. Na ocasião, ficou como na 12ª posição.
Entre as nacionais privadas, destaque para a asset do Brasil Plural, com crescimento de 84,43% em 12 meses – superando a casa de R$ 21 bilhões de ativos sob gestão. Com clientes fundos de pensão, a asset alcançou crescimento de 202,55% em 12 meses. Já com clientes private, 211,33% de expansão no último ano.
A asset tem apostado em uma grade completa de produtos para crescer entre os institucionais. São fundos multimercados, de crédito privado e de ações oferecidos para os fundos de pensão que utilizam uma gestão de risco mais aprimorada e alinhada com os interesses dos gestores, que investem nos veículos da casa. “Um de nossos focos é a gestão de risco, mesmo com a deterioração do mercado, conseguimos um desempenho diferenciado”, diz Carlos Eduardo Rocha, o Duda, sócio-fundador da Brasil Plural.
A asset do Brasil Plural também tem avançado na gestão de carteiras de ativos estressados (distressed assets) para fundações. A gestora ganhou a seleção para realizar a gestão de carteiras da Fundação Petros e procura atender também a outras fundações que tenham ativos defaultados. “A partir do reconhecimento de nosso trabalho de gestão do crédito privado, temos conseguido alguns clientes para a recuperação de crédito, chamada de distressed assets”, explica Duda.