Previdência em expansão | Recursos sob gestão dos RPPS e previdên...

Marcelo GiufridaRoberto NishikawaRANKING TOP ASSETRANKING TOP ASSETRANKING TOP ASSETRANKING TOP ASSETRANKING TOP ASSETRANKING TOP ASSETEdição 246

 

Os gestores de recursos estão fortalecendo a atuação na disputa pelos recursos do sistema de previdência. Além do volume expressivo de recursos, que contam com prazo de aplicação maior que a média de outros segmentos, os fundos de previdência são os que mais cresceram nos últimos 12 meses. Especificamente, o maior crescimento ficou com os regimes próprios dos servidores (RPPS), com 36,59% em 2012, atingindo a marca de R$ 73,29 bilhões. A previdência aberta também apresentou forte crescimento, com 30,51% em 12 meses (atrás dos clientes corporate). Mesmo o volume de recursos dos fundos de pensão, que tinha decrescido no primeiro semestre de 2012, voltou a se recuperar na segunda metade do ano passado.

A disputa mais acirrada continua entre a BB DTVM e a Caixa Econômica no segmento de regimes próprios. “Tem sido uma disputa cabeça a cabeça. É um mercado que tem proporcionado oportunidades para a indústria de fundos e vem crescendo de uma forma bastante importante por duas razões: evolução de profissionalização e melhor regulação do setor”, diz Carlos Takahashi, presidente da BB DTVM. Ele explica que o Banco do Brasil consegue se destacar nesse mercado devido à capilaridade de agências e ao relacionamento com os entes públicos em todas as regiões do país. Isso faz com que a Caixa também se destaque nesse segmento.

Ambas as instituições de controle estatal têm reformulado e ampliado a grade de produtos voltados para os regimes próprios. A BB DTVM tem introduzido novos benchmarks em fundos de renda fixa e oferecido opções estruturadas para os institutos de previdência. A asset do Banco do Brasil se favoreceu com a boa performance dos fundos da família IMA, que têm atraído a preferência dos regimes próprios.

A Caixa também registrou forte demanda dos institutos dos servidores pelos fundos da família IMA. Ao mesmo tempo, apostou na diversificação da grade de produtos, com o lançamento de fundos de renda variável adaptados à resolução 3922 (Conselho Monetário Nacional) que rege as aplicações dos RPPS. Foram lançados fundos de small caps e de dividendos, em parceria com a asset Vinci Partners, no primeiro semestre de 2012. Além disso, adaptou os fundos de varejo de ações para a legislação das aplicações dos investidores institucionais. Mas a maior aposta da Caixa foi mesmo com os produtos estruturados voltados para os RPPS – fundos de participações e imobiliários.

“Aproveitamos nossa expertise no setor imobiliário e de infraestrutura para lançar produtos voltados para os institucionais”, diz Sérgio Bini, gerente nacional de investidores corporativos da Caixa Econômica. São exemplos de produtos da Caixa nesta linha o fundo de participações (FIP) Incorporação Residencial, que captou R$ 250 milhões e o fundo imobiliário (FII) de Agências Bancárias – com R$ 520 milhões. São produtos que prometem rentabilidade acima das metas atuariais dos regimes próprios de previdência.

Já no início de 2013 a Caixa lançou outro fundo estruturado, na modalidade de um FIDC (fundo de investimentos em direitos creditórios) em parceria com o BMG. O fundo de direitos de crédito consignado já captou R$ 500 milhões em uma primeira etapa e pretende chegar a até R$ 1 bilhão. O FIDC seria lançado no ano passado, mas devido às mudanças na regulamentação do setor, promovidas pela Comissão de Valores Mobiliários, acabou ficando para o início de 2013, explica Sérgio Bini.

O executivo da Caixa explica que os fundos estruturados atraíram o interesse, além dos RPPS, também dos fundos de pensão. Isso explica em parte o crescimento da Caixa também com os clientes fundações. A Caixa cresceu também com as fundações com a obtenção de mandatos de fundos exclusivos. Foram cinco fundos de pensão que criaram fundos exclusivos com a asset, com destaque para a Funcef.

O gerente nacional da Caixa prevê que a demanda deve diminuir com os fundos da família IMA e aumentar progressivamente para os fundos estruturados, incluindo os FIDCs (direitos creditórios). “O ano de 2012 foi o último que os fundos IMA ofereceram resultados acima das metas atuariais. De agora em diante, os institucionais precisam buscar novas alternativas”, diz Bini.

Fundos de pensão – A liderança com os fundos de pensão continua com a BB DTVM. Com uma carteira concentrada em recursos do fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ, a asset procura diversificar a grade de produtos voltados desse tipo de cliente. “Estamos oferecendo alternativas como os fundos de crédito privado e de renda variável do segmento de sustentabilidade”, diz Takahashi, presidente da BB DTVM. Ele ressalta que o posicionamento da asset com esses clientes é alcançado com o relacionamento próximo da equipe do BB com as fundações.

A BB DTVM procura fortalecer a grade de produtos de renda variável voltada para os institucionais. O objetivo é oferecer alternativas de produtos com gestão mais sofisticada. Um dos exemplos de diversificação, é a gestão de carteiras de ações de sustentabilidade. “Boa parte dos grandes fundos de pensão se tornaram signatários do PRI (Principles for Responsible Investments). Como também seguimos os princípios de governança e responsabilidade, foi possível sair vitoriosos em alguns processos de seleção de carteiras”, diz Takahashi. Ele se refere, por exemplo, à escolha da BB DTVM para gerir uma carteira de sustentabilidade da Funcef – fundo de pensão dos funcionários da Caixa.

Quanto ao crédito privado, a asset do BB está procurando lançar novos fundos e produtos. No ano passado, a gestora conseguiu a certificação de crédito e risco da Fundação Vanzolini. O maior cliente fundação da BB DTVM continua sendo a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Takahashi explica que o contato próximo com o maior fundo de pensão brasileiro, a Previ, funciona como um termômetro para conhecer melhor as necessidades das maiores entidades fechadas do país.

A disputa pelos recursos das fundações é acirrada entre as maiores assets privadas. A Itaú Asset Management se destacou com a segunda colocação na categoria com uma carteira de R$ 52,48 bilhões de recursos de fundos de pensão. A asset apostou em três frentes: os fundos estruturados da Kinea (asset do grupo Itaú), a família de fundo de fundos e os produtos da asset. “Foi reforçada a tendência de maior demanda por produtos diferenciados. Registramos forte demanda por um fundo de participações da Kinea, além da boa captação de nossa família de fundo de fundos voltada para as fundações e regimes próprios”, diz Roberto Nishikawa, diretor de clientes institucionais e produtos da Itaú Asset.

Na terceira posição com os clientes fundações aparece a Bram (Bradesco Asset Management), que também se destaca no segmento de regimes próprios. Com os clientes RPPS, a asset do Bradesco também aparece com o terceiro lugar, atrás apenas das assets de controle estatal, mas a frente do Itaú, que vem em quinto, logo após o Santander. “A gente nem sempre tem condições iguais de concorrência com os bancos estatais, mas nem por isso deixamos de ganhar mercado com os regimes próprios”, diz Joaquim Levy, diretor-presidente da Bram. Ele destaca a gestão de recursos realizada junto à RioPrevidência – RPPS dos servidores estaduais do Rio de Janeiro.

Com os fundos de pensão, a asset do Bradesco conquistou grandes carteiras em 2012, com destaque para a Sistel. “O mercado está mudando rapidamente e a gente tem acompanhado e se antecipado. Quando lançamos um produto novo, temos que convencer duas ou três fundações, e depois o fundo deslancha”, diz Levy. Ele destaca o aumento da captação com fundos de renda variável do tipo small caps e dividendos.

Outra asset privada que apresentou crescimento com os clientes institucionais foi o BNP Paribas, com destaque para os regimes próprios. A asset do BNP cresceu 85,47% em volume de recursos dos RPPS nos últimos 12 meses – atrás apenas da Ático que aumentou em 285,08% no mesmo período. “Temos uma equipe experiente focada em clientes institucionais que tem reforçado o relacionamento com os regimes próprios e fundações em todas as regiões, com ênfase no sul do país”, diz Marcelo Giufrida, diretor-presidente do BNP Paribas Asset Management.

Com as fundações, o crescimento do BNP Paribas foi mais acentuado no segundo semestre de 2012, compensando um avanço menor da primeira metade do ano passado. “Depois de um bom ano em 2012, as fundações estão enfrentando um enorme desafio no início de 2013 para bater suas metas”, diz Giufrida. Ele aponta a necessidade de maior diversificação em direção aos multimercados e uma gestão mais ativa de renda variável, que inclua estratégias que permitam a alocação de parte da carteira em ativos no exterior.

Abertas e corporate – Os segmentos de gestão de recursos de clientes corporate e previdência aberta foram os que mais cresceram em 12 meses, depois dos regimes próprios. O segmento de empresas cresceu 34,16% no ano passado. Entre os clientes corporate, a Bram ficou com a primeira posição, seguida da Itaú Asset Management. Na terceira posição aparece a Caixa, seguida bem de perto do BTG Pactual.

O posicionamento da Bram e seu expressivo crescimento com os clientes corporate é explicado pelo trabalho conjunto com a área de atacado do Bradesco. Isso fez com que a Bram capturasse a gestão dos recursos das empresas, chegando a mais de R$ 106 bilhões oriundos desse tipo de cliente – com crescimento de de 158% em 12 meses.

Já na previdência aberta, a Bram também ficou com a primeira posição, seguida pela Itaú e BB DTVM na terceira colocação. As três assets foram impulsionadas neste segmento por suas empresas de previdência aberta, que registraram forte expansão em 2012. Na quarta posição, aparece o Santander, que ainda está distante das primeiras colocadas, mas que apresentou o maior crescimento em 12 meses entre as maiores assets – aumento 154,11% o volume de recursos da previdência aberta.

A asset do Santander também procura crescer entre os clientes regimes próprios de previdência. Nesta categoria aparece com a quarta posição, atrás da Bram e pouco a frente do Itaú. “Existe a comparação de que os regimes próprios são os fundos de pensão de dez anos atrás. Menos importante que saber qual o tamanho desta defasagem cronológica, é ver a velocidade com que eles vão se equiparar aos fundos de pensão”, diz Eduardo Castro, Superintendente Executivo de Fundos de Investimento da Santander Asset Management.

Ele acredita que é uma questão de tempo para os RPPS se aproximarem dos fundos de pensão com uma gestão muito parecida. “Estamos nos aprimorando para oferecer produtos mais sofisticados para os regimes próprios”, diz.

Private e varejo – No segmento de private e middle private, a Itaú Asset Management continua com a liderança na gestão de recursos. “Os cliente private buscaram maior diversificação nas aplicações devido ao corte nas taxas de juros da renda fixa. Verificamos aumento na procura por produtos de crédito privado, inflação e small caps”, conta Roberto Nishikawa, diretor da Itaú Asset. O executivo acredita que a tendência deve se acentuar em 2013, com o aumento da procura por produtos de maior risco, como os multimercados do tipo hedge funds. Na segunda posição em clientes private aparece o Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), seguido pelo BTG Pactual.

No varejo, os destaques ficam novamente com as assets ligadas a bancos estatais. Na primeira posição aparece a BB DTVM, seguida pela Caixa Econômica. Ambas conseguiram expandir o volume de recursos sob gestão de clientes varejo em 2012. A BB DTVM cresceu 20,69% em 12 meses, enquanto a Caixa ampliou sua carteira de varejo em 25,35% no ano passado. As duas assets são beneficiadas com a captação de recursos de pessoas físicas em todas as regiões do país, devido à abrangência da rede de agências bancárias. “Somos beneficiados pela ampla capilaridade de nossa rede de agências em todas as regiões e interior do país”, diz Carlos Takahashi, da BB DTVM.