Estratégias diferenciadas | Volume de recursos sob gestão cresce ...

LEVY: BDR é aposta em 2013RANKING TOP ASSETRANKING TOP ASSETRANKING TOP ASSETEdição 246

 

Um ano em que a necessidade de diversificação ditou o rumo das decisões – assim foi definido 2012 por grande parte dos gestores ouvidos para 31ª edição do Top Asset. Crescimentos baixos com os títulos públicos e ações de empresas brasileiras, em alguns casos, prejudicados por um desempenho modesto do Ibovespa e fechamento das taxas na renda fixa. Dificuldades esperadas, que os gestores tentaram compensar em outros setores como nos produtos estruturados – private equity e fundos imobiliários.

Mesmo com estes desafios, o patrimônio líquido sob gestão das assets cresceu 15,14% nos doze meses do ano passado, resultado que não foi considerado excepcional, mas que mostra o vigor da indústria de gestão de recursos no Brasil.

O levantamento feito pela Investidor Institucional mostra, em detalhes, como são distribuídos R$2,53 trilhões administrados pelas 152 gestoras que participam deste especial. A BB DTVM continua líder, seguida por Itaú Asset Management, Bradesco Asset Management e Caixa Econômica Federal. Entre as dez primeiras colocadas, duas alterações: o BTG Pactual tomou a 5ª posição do Santander, enquanto a J. Safra assumiu 10ª posição, que antes pertencia ao BNY Mellon ARX.

Um dos veículos que mais cresceu em volume investido foram os fundos de private equity e venture capital. Este crescimento foi menor do que o dos fundos imobiliários, que alavancaram desempenho de gestoras como Credit Suisse Hedging-Griffo e BTG Pactual, 8º e 5º lugares, respectivamente. As duas assets foram as que mais cresceram entre as dez maiores no último ano. O BTG Pactual cresceu nos estruturados, mas também em renda fixa e variável.

A aposta foi em empresas ligadas ao setor de serviços, beneficiadas pelo aumento de poder de compra da classe média. “A principal trajetória que determinou nossos ganhos foi a dos planos de investimento que focaram no mercado interno. Trabalhamos acreditando que o Banco Central poderia entregar mais do que estava sinalizando. O histórico da decisão do corte dos juros foi a tônica das nossas apostas e a certeza de que haveria um crescimento do mercado”, afirma o estrategista-chefe da área de Asset Management do BTG Pactual, João Scandiuzzi.

Outra asset que apresentou crescimento expressivo foi a Bradesco Asset Management (Bram), com aumento de 39,47% do patrimônio líquido nos últimos 12 meses. O crescimento maior se deu nos setores de previdência aberta e corporate. O resultado, segundo o diretor superintendente da Bram, Joaquim Levy, se deve a uma integração maior entre os setores do banco. Levy destaca mudanças no setor de atacado do Bradesco, agora chefiado por Sérgio Clemente, como responsável pelo avanço entre os clientes corporate. “Com o atacado trabalhando bem, o cliente Bradesco fica conhecendo a Bram.” O resultado da previdência aberta também deixou a diretoria satisfeita. “Com a renda do brasileiro crescendo, vai ser um instrumento de poupança cada vez mais importante”, completa.

A evolução em 2012 passou, também, pelo crescimento com os clientes private e investidores institucionais, que favoreceram a expansão da renda variável. “É muito relevante a oportunidade de produtos mais sofisticados junto aos institucionais. Private é um setor em franco crescimento e que está seguindo o mesmo caminho. Vemos os clientes se acostumando com produtos mais arriscados e sofisticados”, disse Levy.

Líderes – A líder do ranking, BB DTVM, teve um crescimento mais modesto, mas dentro do esperado, segundo seu presidente. Carlos Takahashi credita aos recursos provenientes do setor público o desempenho morno no segundo semestre.

De positivo, ele cita a relação com os investidores institucionais e os novos desafios para as gestoras, trazidos pelas mudanças no setor. Takahashi diz que é importante o crescimento no setor qualificado, onde há uma exigência maior sobre a gestão, e ressalta o objetivo da BB DTVM neste momento. “Tentamos buscar a excelência em gestão, não basta ser a maior casa.”

Para ele, a exigencia maior ajuda no desenvolvimento, inovação e atualização do portfólio. “Os grandes fundos de pensão têm uma importância pelo alto nível de profissionalização. Este relacionamento faz com que a gente se ajuste às necessidades do segmento e às tendências”, afirma.

Na 2ª posição geral do ranking e 1ª entre as gestoras privadas, a Itaú Asset Management cresceu 10,08% em 12 meses. O diretor de clientes institucionais e produtos da Itaú Asset Management, Roberto Nishikawa, destaca que o ano foi marcado pelo aumento da demanda por produtos diferenciados. Com a queda da Selic, os investidores, principalmente os clientes private, buscaram uma maior diversificação.

Nishikawa aponta as estratégias de crédito privado, fundos de inflação e small caps como bem sucedidas. A Kinea, gestora de fundos estruturados do grupo Itaú Unibanco, aumentou consideravelmente seu patrimônio líquido e chegou a crescer 598% entres os fundos de pensão.

Na Caixa, a desconcentração em renda fixa marcou um ano de crescimento de 16,6%, puxado, em grande parte, pelo aumento dos recursos aplicados em ações e valores imobiliários. Todos os fundos de renda variável de prateleira foram adaptados à Resolução 3.922, que rege as aplicações dos regimes próprios de previdência.

O movimento de transição na 4ª maior gestora do país favoreceu ainda investimentos em fundos de DPGEs, capital protegido, fundos de ações de valor e dividendos. Estes últimos foram feitos em parceria com a Vinci Partners. “Queremos aproveitar a tradição da casa em fundos imobiliários e continuamos buscando parceiros para lançar novos produtos em áreas em que a Caixa ainda não tem expertise”, conta o superintendente nacional de produtos de ativos de terceiros da Caixa, Alenir Romanelo.

O Santander, que caiu da 5ª para a 6ª posição e viu seu patrimônio líquido diminuir pelo segundo semestre consecutivo, credita a perda ao desempenho no varejo. Para o superintendente executivo de fundos de investimento da Santander Asset Management, Eduardo Castro, mais que a simples retirada de recursos, a concorrência foi a responsável pelo resultado negativo. Produtos como CDBs, fundos imobiliários e até poupança teriam atraído recursos.

O que Castro ressalta é o aumento de recursos oriundos de empresas e institucionais. “A queda no varejo foi quase compensada por empresas e institucionais”, diz. A previdência aberta do banco aumentou seu patrimônio líquido em 154%, em 2012. Segundo o superintendente, isso aconteceu graças à captação feita junto ao private.

Estrangeiras – Apesar da perda de uma posição no ranking geral, o Santander continua liderando o ranking de gestoras estrangeiras, seguido por HSBC, Credit Suisse, Western Asset e BNP Paribas, respectivamente. A disputa se acirrou desde o último levantamento, com o crescimento apresentado pelas quatro assets que perseguem o líder Santander.

A diretoria da BNP Paribas, uma das três que mais cresceu, se mostra satisfeita com o resultado em private, distribuidoras, institucionais e endowments. “Alcançamos nosso recorde histórico de crescimento. Aumentamos o volume de recursos sob gestão em todos os segmentos, o que deu um bom resultado geral (24,18% em 12 meses)”, comemora o diretor-presidente do BNP Paribas Asset Management, Marcelo Giufrida.

Giufrida ressalta ainda as dificuldades do cenário de 2013 com a necessidade de diversificação. “Nenhuma aplicação ganhou da inflação nos dois primeiros meses do ano. Desafio gigantesco de bater as metas inflação mais 6% ao ano. Pra atingir a meta atuarial tem que bater 200% do CDI”, diz.

A asset estrangeira que mais cresceu em 2012 foi a BlackRock com seus ETFs, os fundos de índices. O patrimônio líquido aumentou 171% em 12 meses. O diretor da BlackRock no Brasil Bruno Stein diz que os números são o florescimento de um trabalho de difusão e convencimento sobre a eficiência dos ETF’s iniciado em 2008. “Criamos em 2008, em 2010 eles começaram a olhar e só em 2012 é que houve um aumento significativo de alocação.”

Foram 30 novos clientes institucionais no ano passado. Novos produtos se juntaram ao Bova 11, que reproduz o Ibovespa. O Small 11 tem patrimônio de R$200 milhões e o Ecoo 11, criado em parceria com o BNDES e que replica índice de carbono eficiente, captou R$ 320 milhões. “Oito dos dez maiores fundos de pensão do país usam nossos ETFs. Segundo nossos cálculos, quase 20% de todo o dinheiro que entrou em fundos de ação em 2012 veio para os nossos ETFs”, diz.