Edição 132
O mercado de gestão de recursos de terceiros teve um pequeno crescimento no segundo semestre do ano passado, da ordem de 1,12%, passando a representar R$ 398,75 bilhões na posição de 31 de dezembro de 2002. Apesar do modesto crescimento no semestre, no acumulado do ano os gestores tiveram uma queda de 7,45% no total de recursos administrados.
Essa situação reflete o que foi o ano de 2002 para a indústria de gestão de recursos de terceiros. Entre outras coisas, o mercado perdeu cerca de R$ 9 bilhões de recursos do Regime Especial de Tributação (RET), um mecanismo criado pela Receita Federal no início do ano passado para permitir que os fundos de pensão acertassem suas pendência tributárias com o Leão. Ao final das contas, praticamente todos os fundos de pensão aderiram ao RET.
Além disso, o ano teve fuga de investidores com a política de marcação a mercado adotada pelo Banco Central no final do primeiro semestre, as quais se estenderam por boa parte do segundo semestre. No pior momento da crise da marcação a mercado, a indústria chegou a computar perdas de mais de R$ 60 bilhões. Apenas no final do ano é que os investidores, animados com a recuperação das cotas dos fundos, voltaram ao mercado.
“Foi um ano terrível”, lamenta-se o diretor de clientes institucionais do Itaú, Alexandre Zákia. Ele acredita, porém, que 2003 será um ano “mais normal para a indústria de gestão”. A única nuvem negra a pairar é a possibilidade de guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, cujas conseqüências são imprevisíveis, comenta.
Fundos de pensão – No segmento de previdência fechada, a situação é parecida com o que aconteceu com o total de recursos de terceiros: crescimento no semestre e queda no acumulado do ano. Os recursos dos fundos de pensão tiveram uma alta de 8,88% de junho a dezembro, mas uma queda de 7,40% no acumulado de janeiro a dezembro. A explicação estaria nas perdas de receitas com o RET, desvalorização das bolsas e desvalorização dos fundos de investimento com a marcação a mercado concentradas principalmente no primeiro semestre do ano, e na relativa recuperação dos fundos e das bolsas no segundo semestre.
Mesmo assim, houve quem aproveitou para fazer bons negócios. É o caso da BB Administração de Ativos, que conseguiu fazer sua carteira de institucionais saltar de R$ 20,8 bilhões para R$ 26 bilhões, o que corresponde a 25%. Segundo o gerente executivo da BB Administração de Ativos, Alberto Queiroz Netto, a gestora tem trabalhado nos últimos anos para ampliar sua participação junto aos clientes institucionais. “Antes tínhamos grande volume de poucas fundações. Agora temos uma distribuição maior entre os clientes de previdência fechada”, explica Queiroz.
Na verdade, o ranking atual mostra a consolidação da BB Administração de Ativos em várias áreas. Além de ser a maior junto aos institucionais, a gestora de recursos do Banco do Brasil também é a maior gestora de recursos dos institutos de previdência de estados e municípios (previdência do setor público), a maior em recursos do poder público (União, estados e prefeituras), a maior em recursos de clientes corporate e a maior em recursos de clientes de middle market.
Além da BB Administração de Ativos, o ranking mostra que as posições de liderança das assets do Bradesco e Itaú se consolida em alguns segmentos. É o caso da Bram em recursos de previdência aberta e do Itaú em clientes private. Será preciso muito esforço do segundo colocado nesses segmentos para ameaçar a liderança dessas assets.
Produtos – A pesquisa Top Asset mostra que os fundos abertos vêm perdendo espaço para os fundos exclusivos, basicamente junto aos clientes institucionais. Os fundos exclusivos fecharam o ano de 2002 com recursos de R$ 148,94 bilhões, o que representa um crescimento de 13,48% no semestre, de 14,50% no ano e de 52,72% em dois anos. Já as carteiras administradas fecharam o ano com R$ 41,86 bilhões, representando uma queda de 14,93% no semestre, de 36,08% no ano e de 45,52% em dois anos.
Uma das responsáveis por esse
crescimento dos fundos exclusivos, em detrimento das carteiras administra-
das e mesmo dos fundos abertos junto aos clientes institucionais, é a resolução nº 2.829, que estabelece a obrigatoriedade de relatórios diários. Como a consolidação de dados é muito mais fácil nos fundos exclusivos, até incentivadas pelos custodiantes, as fundações passaram a procurar mais esse tipo de fundo.
As recentes declarações do secretário da Previdência Complementar, Adacyr Reis, no sentido de que pretende flexibilizar a aplicação da Resolução 2.829, pode dar um novo rumo às coisas. Se isso realmente acontecer e a 2.829 for flexibilizada, inclusive no sentido de uma dimimuição no rigor dos relatórios diários, a facilidade dos fundos exclusivos perde um pouco do seu charme. Se isso ocorrer, os fundos abertos podem voltar a ter, novamente, algum atrativo para as fundações.
Quanto à alocação dos ativos totais dos gestores, houve um pequeno ganho para os títulos privados e uma pequena perda para os títulos públicos. Isso, basicamente, devido à uma expectativa de queda nas taxas pagas pelos títulos públicos, o que até o momento não se concretizou.
Nossos critérios
As informações apresentadas neste 11º Ranking Top Asset representam a posição de cada gestor no dia 30 de junho de 2002, prestadas por eles próprios à nossa área de pesquisa. O ranking engloba unicamente os recursos discricionários administrados pela empresa, ou seja, aqueles sobre os quais ela possui mandato do cliente para movimentar.
A seguir, uma explicação sobre cada item do ranking:
– Maiores e mais focados
Maiores por segmento: são aqueles que detêm o maior volume de recursos na área referida.
Mais focados por segmento: são os que têm na área referida as maiores concentrações em relação ao total de recursos administrados.
– Recursos Administrados
Total: Soma dos recursos discricionários administrados pela instituição.
– Por produtos
Fundos Abertos: abertos ao público, sob a forma de condomínios.
Fundos Exclusivos: voltados a investidores institucionais ou qualificados.
Carteiras Administradas: carteiras de investimentos de pessoas físicas, jurídicas ou instituição entregues à administração do gestor.
Fundos Imobiliários: voltados para investimentos no setor imobiliário.
Fundos Off-Shore: com registro externo, captam recursos no mercado externo para investimentos no Brasil.
Fundos de Private Equity: não abertos ao público, investem em empresas de capital fechado e têm prazo de carência para resgate das cotas.
Anexo IV: recursos vindos dos investidores externos diretamente para as bolsas, sem passar por fundos.
Outros ativos: que não se enquadram nos conceitos acima.
– Por cliente
Previdência Fechada: fundos de pensão, de patrocinadores privados, mistos ou estatais ou multipatrocinados, controlados pela SPC.
Previdência Aberta: empresas ou setores que comercializam planos de previdência abertos, controlados pela Susep.
Regimes Próprios de Estados e Municípios: institutos de previdência de estados e municípios, controlados pela SPS.
Seguradoras: empresas ou setores que vendem apólices de seguros.
Capitalização: empresas ou setores que vendem planos de capitalização.
Corporate: recursos captados junto a grandes empresas.
Middle Market: recursos captados junto a médias empresas.
Poder Público: governos e órgãos públicos da administração direta federal, estadual e municipal.
Private: recursos captados junto a clientes da área private.
Varejo: recursos captados através da rede de varejo.
Outros Bancos e Assets: recursos de outras assets, que investem nos FIFs da instituição.
Investidores Externos: recursos de investidores estrangeiros, na forma de fundos ou anexo IV.
Recursos Próprios: recursos dos sócios ou da tesouraria da instituição.
Outros Clientes: que não se enquadram nas classificações acima.
– Por alocação
Títulos Públicos: dos governos federal, estaduais e municipais.
Títulos Privados: pertencentes a empresas privadas.
Ações: ações negociadas em bolsas ou balcão.
Cambiais: moedas e títulos indexados a moedas estrangeiras.
Eurobonds e Bradies: títulos e papéis externos
Assets: recursos aplicados em FIFs de outras assets.
Outros: que não se enquadram em nenhuma das alocações acima.