Renda fixa em recuperação | Títulos privados se destacam na categ...

Edição 262

 

Com rentabilidade em alta desde fevereiro, a renda fixa vem apresentando recuperação este ano, deixando para trás os rendimentos negativos de 2013. O estoque dos títulos públicos na carteira das gestoras voltou a apresentar crescimento. Dados do ranking Top Asset apontam que o volume de ativos sob gestão na categoria se elevou em 3,28% no primeiro semestre. O volume títulos privados também apresentou variação positiva, crescendo 6,96% no período.
“A família IMA teve uma correção bastante relevante sobre o ano anterior, principalmente por questões externas”, afirma Eduardo Castro, diretor de investimentos do Santander. De acordo com o executivo, a liquidez dos mercados internacionais se manteve em patamares elevados, beneficiando os emergentes, principalmente o Brasil. “A diferença de taxas entre as principais economias desenvolvidas (Europa e EUA) e os emergentes ainda é alta”, destaca Castro.
Já do ponto de vista do mercado doméstico, as incertezas em torno das eleições e o fraco desempenho da economia, com possibilidades de que o Produto Interno Bruto (PIB) recue, podem trazer mais volatilidade aos papéis no segundo semestre. Nesse sentido, nota-se o aumento da demanda por crédito privado. “Os investidores estão buscando alternativas mais estáveis, pois o cenário se mantém bastante nebuloso para o IMA”, pondera Castro.
Passado um ano da mudança na Instrução 531, que rege os fundos de investimento de direitos creditórios (Fidcs), o mercado de emissões de títulos privados busca retomar o crescimento, trazendo mais opções para as gestoras de fundos montarem suas carteiras com esse tipo de ativo. Segundo dados da Cetip, no primeiro semestre de 2014, frente ao mesmo período de 2013, o estoque de títulos privados registrou aumento de 8,2%, atingindo R$ 2,54 trilhões. “Aproveitando o bom momento da renda fixa a partir de fevereiro, muitas fundações revisaram o risco de suas carteiras, vendendo exposição ao IMA e ampliando CDI por meio do crédito privado”, diz.
Segundo Castro, o mercado secundário de crédito privado ainda é muito concentrado em setores como financeiro e o de infraestrutura, e precisa se desenvolver para que ganhe liquidez.
De acordo com o diretor de gestão da Safra Asset Management, Fabiano Godoi, os fundos de títulos privados se beneficiaram de um fechamento geral de taxas no mercado de crédito. “Nossos fundos são de gestão ativa e, portanto, procuramos aproveitar as oportunidades modificando a duração da carteira”, ressalta.

Ações – O mercado de ações nos últimos meses tem surpreendido, embora a volatilidade se mantenha alta. No acumulado de janeiro à agosto, o Ibovespa registrou alta de 13%, chegando a 56,9 mil pontos.
Segundo dados do ranking Top Asset, o volume de recursos em ações do mercado doméstico dentro dos fundos das gestoras cresceu 2,39% nos últimos doze meses (Raio-X), porém, registrou queda de 2,28% no semestre. “O mercado, em ano de eleições, tende a oscilar mais. Uma forma de fugir da volatilidade é apostar em estratégias que estão fora dos índices tradicionais”, afirma Marcelo Flora, chefe de distribuição da BTG Asset Management.
Com a proximidade das eleições e a deterioração do cenário macroeconômico, a tendência é que a bolsa fique ainda mais instável nos próximos meses. Tal cenário tem levado muitos institucionais a apostar mais no exterior. “Lançamos no final do ano passado um fundo híbrido que compra cotas de outras gestoras e ações do MSCI World”, diz Flora. O fundo acumula patrimônio de R$ 30 milhões. “É ainda um segmento novo para as fundações. Ano a ano elas demonstram mais interesse, mas há limites regulatórios que travam o segmento”, complementa.
Já a BNP Paribas Asset Management oferece quatro fundos para institucionais que buscam investimentos no exterior, com patrimônio de R$ 80 milhões. Dois foram lançados recentemente, um no final de 2013, e outro em fevereiro deste ano. O primeiro, o Access Equity World, tem uma estratégia de baixa volatilidade, cuja carteira é composta pelas 120 ações menos voláteis do MSCI World. “Para os institucionais é uma oportunidade de diversificação global de investimentos com um produto de baixo risco”, afirma Eduardo Loverro, diretor da área de investidores institucionais do BNP Paribas.
Já o segundo fundo, o Access Europe, investe em ações do MSCI Europe, e foi inspirado no Europe Best Selection, que a asset possui no exterior. Enquanto os brasileiros estão buscando refúgio nos mercados internacionais, os estrangeiros também parecem cautelosos com Brasil. “Eles ainda olham para os emergentes, mas com o aumento da volatilidade e a desaceleração econômica nesses países, os investimentos acabam migrando para economias mais tradicionais (EUA e Europa)”, explica Nathalie Miedzinski, gerente comercial do BNP Paribas. A gestora, que administra R$ 1,4 bilhão de ativos de clientes internacionais no Brasil e na América Latina, viu o patrimônio dessa carteira recuar 22,4% em seis meses.