À procura do juro perdido | Cenário econômico de taxas reduzidas ...

Fundos Off-Shorefidcs e fundos imobiliarios.jpgfundos private equity fundos exclusivosEdição 240

 

Os fundos de investimentos estruturados ainda representam uma parcela minoritária da indústria de gestão de recursos, mas vem apresentando nos últimos semestres as maiores taxas de crescimento. Com o corte nas taxas de juros básicas e a alta volatilidade de bolsa, os investidores concentraram a atenção em fundos imobiliários e private equity. Os fundos abertos também registraram crescimento de patrimônio (22% nos últimos 12 meses), com destaques para estratégias indexadas à inflação ou direcionadas à renda variável diferenciada, em detrimento de produtos mais tradicionais.

“Com a redução efetiva das taxas de juros básicas, aumentou a procura por investimentos estruturados. Também verificamos crescimento da demanda por fundos diferenciados de renda variável e indexados à inflação, mas a procura maior deve se concentrar daqui em diante nos fundos estruturados”, opina o diretor de clientes institucionais e produtos de asset do Itaú, Roberto Nishikawa.

O Itaú assumiu a liderança na categoria de fundos abertos, superando a BB DTVM, que caiu para a segunda posição. O diretor do Itaú diz que na renda variável houve maior procura por fundos de dividendos, small caps e governança corporativa. Já na renda fixa, o destaque dos últimos meses ficou com a captação dos fundos indexados à família IMA – que segue inflação mais um cupom.

A Bram manteve a terceira posição na categoria de fundos abertos em relação ao ranking anterior, mas registrou o maior crescimento anual entre os cinco maiores. A asset do Bradesco aposta em fundos de renda variável de small caps associada com o Ibovespa, diz o diretor superintendente da Bram, Joaquim Levy. Na renda fixa, outra aposta da Bram é o fundo indexado ao IRFM1, que foca em títulos públicos com duration inferior a um ano. “É um indexador de curto prazo mais adequado que o DI para o momento atual”, opina.

A BNY Mellon ARX também apostou e manterá a aposta em estratégias de fundos de renda variável com prazos mais longos. “Os investidores estão buscando fundos de ações com ativos de maior duration. Estão dispostos a enfrentar maior volatilidade para buscar melhores retornos”, avalia o diretor responsável pela gestora, José Alberto Tovar. Ele explica que aumentou a procura por produtos e mandatos de renda variável com gestão mais ativa, que incluem, geralmente, estratégias de small caps, principalmente por parte dos investidores institucionais.

 

Estruturados – Entre os investimentos estruturados, os fundos imobiliários (FII) tiveram crescimento acentuado, segundo dados do Top Asset, de 66,59% nos últimos 12 meses. O destaque da categoria ficou com a Rio Bravo, que saltou da terceira posição para a liderança. “Os fundos imobiliários definitivamente saíram do anonimato. São produtos que atraem número cada vez maior de investidores e, inclusive, os institucionais”, afirma o sócio diretor da área de fundos imobiliários da Rio Bravo, José Diniz.

O gestor exemplifica que até dezembro do ano passado contava com um único investidor do tipo institucional em sua carteira. No primeiro semestre de 2012, os fundos de pensão e alguns regimes próprios foram responsáveis pela aplicação em 35% das cotas dos dois principais lançamentos da asset – o The One Vila Olímpia e o Renda Corporativa 4. Os dois FIIs captaram em conjunto R$ 150 milhões.

“Em tempo de juros mais baixos e bolsa em crise, os fundos imobiliários aparecem como uma das principais opções para alcançar uma rentabilidade capaz de bater as metas atuariais”, defende Diniz. O gestor explica que os FIIs têm comprovado que conseguem bom desempenho mesmo em momentos de agudização da crise dos mercados financeiros. Mesmo que a média de rentabilidade caia um pouco nos próximos anos, o segmento deve apresentar desempenho capaz de bater as metas atuariais dos fundos de previdência. “Verificando maior procura de novos clientes institucionais e também de aumento do tíquete de investimento daqueles que já conheciam o produto”, afirma.

Na segunda posição na categoria de FIIs, aparece a Caixa Econômica. “Com o cenário de queda das taxas reais de juros desde final do ano passado, estamos promovendo a diversificação de nosso leque de produtos. Reduzimos a concentração em fundos de renda fixa tradicionais e ampliamos o foco para fundos imobiliários e participações”, diz a diretora executiva da área de gestão de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal, Alexsandra Camelo Braga.

A diretora explica que a Caixa tem um diferencial técnico em relação aos concorrentes. “Faz parte do nosso DNA nos produtos imobiliários. Temos uma equipe de engenheiros e um forte relacionamento com construtoras e incorporadoras”, diz. No semestre passado, o principal lançamento da asset foi o fundo do Porto Maravilha, que está financiando empreendimentos comerciais na região central do Rio de Janeiro. Ainda antes do término de 2012, a Caixa prepara o lançamento de outros dois fundos imobiliários – TRX Logística e o Caixa Incorporação Residencial. “Alguns especialistas dizem que o mercado imobiliário parou de crescer. Nós acreditamos que vai continuar crescendo nos próximos anos, mas talvez em ritmo menos acelerado”, diz Alexsandra.

 

Private equity – Na esteira dos produtos estruturados, a categoria de private equity continua com ritmo forte de crescimento, tendo avançado pouco mais de 24% nos últimos doze meses. Um dos destaques entre os gestores é a Pátria Investimentos, que avançou mais de 60% no último ano. “Nosso desempenho é explicado, por um lado, pela abrangência de tipos de fundos, espalhados por diversas áreas como infraestrutura, imobiliária e projetos específicos. Por outro, também contamos com ampla abrangência de tipos de investidores”, avalia o sócio responsável pela área de Relações com Investidores da gestora, Nemer Rahal. O executivo explica que a carteira de clientes da empresa inclui desde investidores institucionais estrangeiros (Estados Unidos, Europa, Ásia e Oriente Médio), até clientes nacionais (fundos de pensão e family offices) de diversas regiões do País.

“Mantivemos uma captação consistente ao longo do tempo devido à pulverização de ativos e clientes”, diz Rahal. De acordo com o executivo,a gestora registrou aumento da captação entre os institucionais da indústria local nos últimos meses. “Os institucionais locais estão mais dispostos a abrir mão da liquidez e a buscar alongamento do portfólio em busca de melhores retornos”, diz o sócio da administradora. Ele verifica maior demanda por fundos de pensão, mais acostumados com os fundos de participações, mas também por regimes próprios de previdencia.

Ainda na categoria de private equity, aparecem entre os cinco maiores gestores Gávea Investimentos, BTG Pactual e Vinci Partners. Outro destaque na categoria ficou com a Votorantim Asset Management (VAM), que cresceu 33% nos últimos doze meses e ficou com a sétima posição, logo atrás da BRZ Investimentos. “Os institucionais que não possuem grandes estoques de papéis indexados à inflação com cupons mais altos são obrigados a buscar ativos alternativos, tais como fundos de ações de valor, multimercados e estruturados”, diz a responsável da área comercial da VAM, Lin Shiow.

A executiva começa a perceber maior interesse dos clientes institucionais pelos fundos de private equity e imobiliários. Um dos lançamentos da Votorantim no último semestre, o FIP Energia Sustentável, em parceria com o Banco do Brasil, captou R$ 370 milhões. “Apesar de ser um fundo voltado para pessoas físicas, ficamos felizes ao perceber interesse de diversos clientes institucionais”, conta Lin. Ao final, houve entrada de alguns fundos de pensão e regimes próprios, que totalizaram aplicações da ordem de R$ 20 milhões. Apesar do montante minoritário dos institucionais, eles demonstram apetite para entrar com maiores volumes em futuros lançamentos.

A Votorantim registrou ainda crescimento forte na categoria de fundos imobiliários. O carro chefe foi o fundo Security, composto por Certificados de Recebíveis Imobiliários. O fundo captou R$ 400 milhões na primeira emissão e R$ 112 milhões na segunda. É um fundo também voltado para pessoas físicas. Ainda no setor imobiliário, a VAM ficou com a gestão do fundo BB Papéis Imobiliários, que fechou captação em julho passado. A distribuição do produto ficou por conta do Banco do Brasil.

No segmento de estruturados, a BB DTVM não aparece entre os maiores nas categorias de fundos imobiliários e private equity justamente por atuar em parceria com a Votorantim. “Com os produtos estruturados, preferimos atuar através da Votorantim, porque eles possuem melhor expertise em produtos diferenciados”, diz o diretor presidente da BB DTVM, Carlos Massaru Takahashi. Ainda no segmento de fundos imobiliários, o Banco do Brasil avançou com a estruturação de uma carteira para a Previ fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

 

Exclusivos – A BB DTVM continua na liderança na categoria de fundos exclusivos, com crescimento anual de 14%, seguida pela Bram, Itaú e Santander, respectivamente. Entre as cinco maiores na categoria, o destaque em termos de evolução anual, ficou com a Caixa Econômica Federal (quinta posição), que avançou 17% nos últimos doze meses. “A maior parte do crescimento com fundos exclusivos se deve aos resultados do trabalho junto aos clientes corporate”, explica a diretora executiva da asset da Caixa, Alexsandra Camelo.

Ela conta que a asset formou uma equipe em 2008 para oferecer produtos para os clientes corporate com relacionamento com o banco. São clientes que utilizam o crédito da Caixa ou realizam a folha de pagamento, entre outros produtos e serviços. “Quando a empresa quer terceirizar a gestão de uma carteira com grande volume de recursos, oferecemos um fundo exclusivo. Este veículo permite a cobrança de taxas de administração mais baixas que os fundos abertos, além da adoção de estratégias diferenciadas de gestão”, diz Alexsandra.