Busca por proteção | Títulos públicos foram os ativos mais demand...

Edição 290

 

Segmentação por Ativos (em pdf)

Os títulos públicos registraram em 2016 um dos maiores crescimentos entre os principais ativos negociados pelos investidores no mercado de capitais, de 26,32%, para R$ 2,41 trilhões. O alto patamar no qual se encontrava a Selic durante o primeiro semestre, e o ambiente de incertezas que prevalecia no país no período, fizeram com que os investidores adotassem uma postura conservadora, buscando refúgio nos ativos de menor risco disponíveis no mercado doméstico.
Os papéis privados, por outro lado, tiveram uma queda de 4,96% no ano passado, para R$ 535,82 bilhões, reflexo da recessão econômica que reduziu a busca das empresas por funding e também o apetite dos investidores por ativos dessa natureza. Entre as ações de empresas brasileiras, a forte valorização registrada pela Bovespa não foi suficiente para compensar os resgates que os investidores seguiram promovendo, o que fez com que o segmento tivesse uma queda de 5,19%, para R$ 178,18 bilhões.
A Santander Asset, influenciada pelo alto patamar da taxa de juros durante o ano passado, registrou um significativo crescimento em sua base de títulos públicos, com um incremento de 39,67% nos doze meses encerrados em dezembro. Aquiles Mosca, superintendente executivo comercial da gestora, lembra que, além do alto patamar dos juros, contribuiu também para o aumento dos títulos públicos a perspectiva de queda da Selic, quando os investidores seguiram em busca de ativos na renda fixa tradicional, mas em outros tipos de papéis, que mais se beneficiam do ciclo de flexibilização monetária.
“O início do fechamento da taxa de juros causou uma migração dos investidores, de ativos pós-fixados para os pré-fixados”, recorda o especialista.
A BNP Paribas Asset no Brasil, em linha com seus pares, também registrou crescimento significativo na sua base de títulos públicos, que teve evolução de 34,02% em 2016, para R$ 23,29 bilhões. Para Luiz Sorge, CEO da gestora, com a Selic em 14,25%, parte do incremento dos títulos públicos se deve a um movimento que se iniciou em 2014 e ainda foi observado no ano passado, de investidores que migraram de produtos de maior risco para estratégias mais conservadoras na renda fixa.
“A maioria das estratégias de renda fixa, mesmo as de crédito, tem uma parcela de caixa que fica investida em títulos públicos”. Além da parcela de caixa dos fundos preenchida pelos títulos públicos, Sorge lembra também que nos últimos meses houve uma demanda expressiva dos investidores por fundos puros de títulos soberanos, ou mesmo por aqueles veículos que fazem um mix entre títulos do governo e papéis privados.
Títulos privados – Já no segmento dos títulos privados, o crescimento da Santander Asset foi bem mais modesto se comparado com o desempenho dos títulos públicos, com uma evolução de 4,48% em 2016. Mosca atribui o resultado à recessão da economia no período, quando a maior parte das empresas encontrou dificuldades para se financiar em um ambiente de retração dos bancos e também dos investidores para emprestar dinheiro. “A crise comprometeu o caixa e a solvência das empresas, e as debêntures nada mais são do que dívidas das empresas”.
A Western teve uma queda de 33,72% em 2016 entre os títulos privados, para R$ 5,95 bilhões. O CIO da gestora explica que até meados do ano passado foi uma postura intencional da casa deixar os créditos detidos por ela vencerem, o que fez a proporção do segmento cair em termos absolutos dentro da carteira consolidada de renda fixa.
A BNP Paribas Asset foi na contramão da tendência, e apresentou um crescimento de 16,66% no ano passado, enquanto a indústria como um todo registrou queda de 4,96% nesses ativos. Sorge explica que esse crescimento se deu principalmente por conta de institucionais que buscaram fugir do risco em estratégias de renda fixa, e que encontraram na parcela de crédito uma forma de buscar a geração de alpha.
A Itaú Asset teve uma queda de 5,60% nos títulos privados em 2016, para R$ 140,34 bilhões. O portfolio specialist Gerson Konishi explica que nos últimos três anos a casa vem mantendo uma postura mais conservadora em relação ao risco de crédito.
“O desaquecimento da economia se refletiu no crescimento negativo em 2015 e 2016, e foi um dos fatores que nos levou a reduzir a exposição ao crédito”, diz o especialista.

Ações – A Santander Asset experimentou um crescimento expressivo em 2016 também no segmento de ações brasileiras, com uma expansão de 24,12%. O superintendente executico comercial credita o resultado principalmente à valorização da Bovespa no ano passado – o Ibovespa encerrou o período com ganhos acumulados próximos dos 40%. “Poucos investidores se posicionaram antes da alta da bolsa. O incremento que tivemos, e não só conosco mas no mercado inteiro, veio basicamente da performance do mercado mais do que por novas aplicações”. Vários segmentos de investidores inclusive seguiram reduzindo suas exposições ao mercado acionário em 2016, com destaque para os fundos de pensão, ressalta Mosca.
Já na BNP Paribas Asset, à despeito da valorização próxima de 40% da bolsa brasileira no ano passado, a gestora registrou uma queda de 30,90% na sua base nesse segmento, para R$ 3,31 bilhões. O CEO da gestora fala que esse resultado se deve basicamente a um fundo específico que detinha o bloco de controle de uma empresa e que foi desfeito porque a empresa foi vendida. O cotista do fundo, no entanto, não autorizou a divulgação do nome da empresa.