Reviravolta nos mercados | Mercado de gestão registra mudança de ...

João Morais, da Santander Asset

Edição 284

 

Segmentação por Ativos (em pdf)

O mercado de gestão registrou uma reversão de tendências no primeiro semestre de 2016. A bolsa doméstica apresentou forte recuperação, pelo menos das ações que compõem os índices tradicionais (Ibovespa e IBr-X), mas por outro lado, o crédito privado sofreu mais que em semestres anteriores. O total de títulos privados do Top Asset caiu 8,50% em seis meses e 5,47% em 12 meses. Já as ações Br aumentaram o volume em 1,53% em seis meses – depois da queda dos últimos semestres. Já as ações no exterior apresentaram forte queda de 16,70% negativos, em 6 meses, afetadas pelo movimento do câmbio.
“A redução dos ativos de crédito privado foi decorrente do maior conservadorismo que adotamos em nossos fundos. Procuramos antecipar o movimento do mercado para evitar perdas”, diz Marcelo Siniscalchi, co-head da Itaú Asset Management. O gestor comenta que o movimento foi importante para reduzir o risco das carteiras de crédito privado. “Não tivemos nenhum problema mais sério nos últimos 12 meses”, diz o executivo da Itaú Asset. Já em títulos públicos, a asset registrou aumento no volume de ativos em seis meses.
A asset do Itaú registrou um aumento do volume de ações no exterior, descolando da média do mercado. “Tivemos forte aumento em ações no exterior devido ao trabalho de nossas equipes em Nova York, Santiago e Buenos Aires. Ampliamos a gestão de equities na América Latina”, explica Siniscalchi. O executivo acredita que os investidores devem voltar aos poucos para a renda variável nos próximos meses, mas neste caso, devem privilegiar a bolsa doméstica.
A asset do Santander apresentou um leve crescimento de 6,47% em seis meses em ativos de títulos privados. Já o crescimento em títulos públicos foi bem maior, de 25,59% no mesmo período. “O resultado reflete a maior procura dos investidores por fundos e estratégias de títulos públicos. A demanda foi menor por fundos de crédito privado, mas acredito que isso deve se reverter nos próximos meses”, diz João Morais, diretor comercial e de produtos da Santander Asset.
O executivo explica que a renda fixa deve continuar como carro-chefe do Santander, porém, a asset está preparada para oferecer outras alternativas para a diversificação das aplicações de seus clientes. Em relação ao crédito privado, a asset do Santander procura oferecer opções com estratégias mais conservadoras, até aquelas que buscam maiores ganhos – high yeld.
A asset do BTG Pactual apresentou forte queda nos títulos privados, com queda de 68,28% negativos em seis meses. A redução é reflexo do processo de resgates de aplicações dos investidores após a prisão do ex-CEO do banco André Esteves em novembro do ano passado. Em todo caso, a equipe de gestão da asset ressalta que todos os resgates foram pagos e que a liquidação dos ativos foi realizada de maneira conservadora. “Procuramos privilegiar a liquidez dentro de nossos fundos”, diz Marcelo Flora, diretor da asset do BTG Pactual. A asset registrou queda ainda no volume de ações Br.

Crescimento – Ao contrário de seus pares, a asset do BNP Paribas registrou forte aumento nos ativos de títulos privados nos últimos meses. A gestora teve a carteira de tpitulos privados aumentada em 49,99% em 12 meses – e em 13,60% em seis meses. “Tivemos uma forte captação na renda fixa crédito privado. O patrimônio de nossos fundos desta modalidade saltaram de R$ 2,5 bilhões para R$ 4 bilhões”, diz Luiz Sorge, CEO da BNP Paribas Asset Management.
O executivo explica que a política de investimentos dos fundos de crédito da casa tem seguido uma linha mais conservadora há cerca de dois anos. “Privilegiamos a segurança, buscamos ativos com menor risco e rating de melhor qualidade”, diz Sorge. Ele comenta que os fundos da asset não registraram nenhum problema de default de ativos nos últimos meses por conta da linha mais conservadora.
Para os próximos semestres, o executivo do BNP Paribas prevê que o investidor deve começar a buscar um risco um pouco maior se confirmada a perspectiva da redução dos juros da economia. “Acredito que veremos uma redução da aversão ao risco nas carteiras, com maior procura de opções de multimercados e renda variável”, prevê Sorge. Ele ressalta, porém, que o conservadorismo deve continuar na seleção de instituições gestoras por parte dos investidores.
Além do aumento da demanda por renda variável, a asset do BNP paribas aposta na procura de fundos estruturados e, por isso, prepara o lançamento de seu primeiro fundo de private equity. A asset prepara o lançamento de um fundo de fundos de participações no mês de outubro. “Estamos nos preparando para o fim do ciclo de extremo conservadorismo que marcou a indústria nos últimos dois anos”, diz Sorge.
O executivo da Itaú Asset, Marcelo Siniscalchi, coincide na previsão de melhora dos cenários futuros e na volta da demanda por estratégias com um pouco mais de risco. “Estamos em uma direção mais positiva, estamos olhando para frente com mais otimismo em relação a aprovações importantes de reformas para o país”, diz Siniscalchi.
Com esta perspectiva, o gestor acredita que o volume de recursos dos investidores comece a voltar para ativos de renda variável e outros com um pouco mais de risco, em detrimento dos títulos públicos e de opções de renda fixa mais conservadora. Opções de fundos multimercados e de renda variável com gestão mais ativa devem voltar ao radar dos institucionais.