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O desempenho dos fundos multimercados em 2018 foi marcado pelo sobe e desce da bolsa de valores, desvalorização do real frente ao dólar, manutenção da taxa Selic no patamar de 6,5% e, no cenário externo, a tendência de alta dos juros dos títulos públicos dos Estados Unidos, que acabou não ocorrendo na proporção que o mercado esperava. O desempenho dessa classe de fundos, no geral, ficou aquém do exibido no ano anterior, mas o patrimônio líquido apresentou saldo positivo. O PL constante desses veículos de investimento cresceu 7,07% no ano, atingindo R$ 976,11 bilhões em dezembro último, 0,65 ponto percentual acima da variação do CDI.
No ranking dos Melhores fundos de institucionais 53 fundos multimercados, de 33 gestores, foram classificados como Excelentes.

A Itaú Asset Management lidera o ranking nessa classe, com cinco fundos Excelentes, entre eles o Hedge e o Hedge Plus que fecharam o ano contabilizando rentabilidades de 15,76% e 10,79%. As semelhanças nas nomenclaturas se estendem às composições das carteiras dos dois produtos, que se diferenciam apenas no terço aplicado em ações. “O Plus é um long and short neutro, sem risco direcional de bolsa”, explica o especialista de portfólio Gerson Konish. “De resto, as aplicações de ambos concentram-se em empresas de saneamento, indústrias de alimentos, bancos e companhias de energia elétrica, as quais propiciaram ganhos expressivos em 2018.”
A maior parcela dos portfólios da dupla está lastreada em renda fixa, juros e câmbio, mercados nos quais a gestora opera com intensidade e diversidade. Sua lista de opções nessa seara inclui, além de dólar e real, também o euro, ien, o renminbi chinês, o peso argentino e algumas moedas pouco usuais, casos dos dólares australiano e neozelandês. “Somos, também, muito ativos com moedas latino-americanas, como os pesos argentino, mexicano, chileno e colombiano”, diz Konish. “Apuramos ganhos relevantes em agosto, apostando no dólar americano contra a moeda argentina, e em setembro, invertendo as premissas.”
No cenário doméstico, a asset aposta, há algum tempo, na manutenção da política monetária expansionista pelo Banco Central. Em sua análise, há condições, inclusive, para três cortes de 0,25 ponto percentual na Selic em 2019, que reduziriam a taxa básica de juros para 5,75% ao ano. Isso em decorrência de revisões para baixo das perspectivas de retomada da economia local, com base nos indicadores do quarto trimestre de 2018 e de janeiro último. “Trabalhamos com projeções de crescimento do PIB de 1,9% e de uma taxa de câmbio de 3,60 reais por dólar, em dezembro”, diz Konish. “Coerentes com essas linhas, os fundos da família Hedge seguem aplicados em juros nominais, vendidos em dólar e comprados contra o real.”

Estratégia global – A lenta recuperação da economia brasileira não preocupa, em absoluto, a Gávea Investimentos. Afinal, a asset carioca colhe algo em torno de 80% de seus resultados em mercados externos, como reflexo da experiência profissional de um de seus fundadores, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que respondeu de 1993 até o fim daquela década pelas operações do Soros Fund Management em nações emergentes. “Nossa estratégia é eminentemente global. Aproximadamente 60% do retorno de nossos fundos é obtido, em parcelas equivalentes, em países desenvolvidos e na Ásia, 10% no leste europeu e na África do Sul, cabendo o restante à América Latina, Brasil incluso”, comenta o sócio Bernardo Carvalho.

Multimercados
Classificação Fundos
Excelentes (verdes) 53
Adequados (amarelos) 53
Insuficientes (vermelhos) 52
Total analisado 158

 

Segundo ele, o padrão é seguido à risca pelo Macro Master, lançado em 2008. Com patrimônio líquido de R$ 3,12 bilhões, o produto tem uma carteira centrada em moedas e renda fixa, sendo reservadas para a renda variável fatias de 5% a 10%. “A análise, de cunho fundamentalista, considera os cenários políticos e macroeconômicos de diversos países, além das posturas de seus banco centrais. Ou seja, podemos ter posições em determinados mercados mesmo quando as coisas não vão bem por lá”, diz Carvalho.
No ano passado, as atenções da Gávea estiveram voltadas para a política monetária dos Estados Unidos, que tem grande relevância para a estratégia macro da instituição. Até meados do ano, a gestora estava convicta de que o Federal Reserve (FED), o banco central norte-americano, seguiria firme na alta dos juros. No segundo semestre, entretanto, o FED reconsiderou a decisão, com base na volatilidade da economia doméstica e na desaceleração de outros polos importantes do globo. “Chegamos a mudar a nossa posição nos juros norte-americanos”, observa Carvalho. “Há uma grande incerteza quanto aos rumos que o FED irá seguir. Em nossa avaliação, a economia dos Estados Unidos está em processo de desaquecimento, mas talvez ainda seja necessário algum aperto monetário para conter riscos inflacionários.”

Juros nos EUA – Também com sede no Rio de Janeiro, a Icatu Vanguarda sentiu na pele os efeitos da mudança de opinião de Jerome Powell, o presidente do FED. A gestora assumiu posições nos juros norte-americanos em dois de seus fundos macro e, depois de alguns ganhos, acusou perdas no fim de 2018. Tais reveses não a impediram, contudo, de alcançar o segundo posto no ranking de multimercados, com quatro fundos Excelentes. Os fundos possuem forte apelo previdenciário, bem ao gosto de investidores institucionais, e propiciaram rentabilidade entre 9,20% e 17,38% em 2018. O melhor deles, o Minha Aposentadoria 2040, integra uma “família” apresentada ao mercado na última década. “São fundos que adotam posturas mais ousadas no início do ciclo de capitalização e, com o passar dos anos, vão se tornando mais conservadores”, explica o sócio e diretor de relações com investidores Bruno Horovitz. “Lançado em 2005, o Minha Aposentadoria 2030, para se ter ideia, hoje é um produto voltado basicamente à renda fixa.”
Surgidos nos Estados Unidos, onde são conhecidos como fundos alvos (target funds), esses produtos respondem por 80% dos novos recursos injetados nos planos K-1 e, de quebra, vêm conquistando espaço em outros países. Em agosto, por exemplo, a China Securities Regulatory Comission (CSRC) deu o sinal verde para os primeiros 14 projetos do gênero no mercado local. No Brasil, entretanto, a tendência, lançada pela Icatu Vanguarda, ainda não se consolidou: os ativos de todos os fundos Minha Aposentadoria não somam mais de R$ 600 milhões, apenas 3,4% da massa de recursos gerida pela asset. “Vamos investir em um trabalho educativo e de convencimento dos investidores. E continuaremos a reforçar nossa família de fundos alvos: depois de lançar o 2050, em 2018, já estamos fazendo planos para o 2060”, diz Horovitz.

Os melhores nos multimercados
Gestor Verdes Amarelos Vermelho Total
Itaú Unibanco 5 1 1 7
Icatu Vanguarda 4 1 1 6
BB DTVM 3 4 1 8
Mongeral Aegon 3 2 2 7
Kapitalo 3 0 0 3
Kinea 3 0 0 3
BRAM – Bradesco 2 7 5 14
Absolute 2 2 0 4
Claritas 2 1 1 4
AZ Quest 2 1 0 3
JGP 2 1 0 3
Caixa 1 3 1 5
Western 1 1 4 6
GAP Equities 1 1 0 2
Gávea 1 1 0 2
Occan 1 1 0 2
XP 1 1 0 2
Votorantim 1 0 2 3
J.P.Morgan 1 0 1 2
Rio Bravo 1 0 1 2
Saga 1 0 1 2
Spectra 1 0 1 2
Vinci 1 0 1 2
Apex 1 0 0 1
Bahia 1 0 0 1
Capitania 1 0 0 1
Exploritas 1 0 0 1
M Square 1 0 0 1
Pacífico 1 0 0 1
Perfin 1 0 0 1
Roma 1 0 0 1
Solis 1 0 0 1
TG Core 1 0 0 1
Novus 0 3 0 3
Santander 0 3 0 3
Pimco 0 2 0 2
Somma 0 2 0 2
Ibiuna 0 1 3 4
Adam Capital 0 1 2 3
ARX 0 1 2 3
Mauá 0 1 2 3
Sul América 0 1 1 2
BNP Paribas 0 1 0 1
Canvas 0 1 0 1
DLM Invista 0 1 0 1
Franklin Templeton 0 1 0 1
GF Gestão 0 1 0 1
Horus 0 1 0 1
Infinity 0 1 0 1
Paineiras 0 1 0 1
Truxt 0 1 0 1
Verde 0 1 0 1
Safra 0 0 5 5
BTG Pactual 0 0 2 2
Garde 0 0 2 2
Belvedere 0 0 1 1
BP Gestão 0 0 1 1
Daycoval 0 0 1 1
Kondor 0 0 1 1
Meta 0 0 1 1
Mirae 0 0 1 1
Multinvest 0 0 1 1
Schroder 0 0 1 1
SPX 0 0 1 1
UBS Consenso 0 0 1 1

Quatro gestores dividiram entre si a terceira posição no ranking dos multimercados, todas com três fundos Excelentes: BB DVTM, Kapitalo, Kinea e Mongeral Aegon Investimentos. Dos três fundos da Mongeral Aegon, um foi desenvolvido localmente e dois são produtos de grifes globais, o Neuberger Berman US Multi Cap e o Acadian Global Management Volatility Equity. Enquanto o Neuberger tem viés fundamentalista o Acadian conta com modelagem quantitativa, mas ambos alocam recursos em ações de países desenvolvidos sem recorrer a hedges cambiais.
“São fundos para investidores de longo prazo, já que em períodos mais dilatados as oscilações do câmbio tendem a se diluir”, comenta o diretor financeiro Cláudio Pires, que recentemente passou a oferecer a dupla de off shores a um novo e promissor público: os RPPS. “Estamos iniciando contatos com os regimes próprios de previdência dos servidores públicos, os RPPSs, que foram autorizados, em dezembro, a investir no exterior”, diz.

Multimercados (em pdf)