Sequência de bons resultados

Edição 286

 

Performance dos Gestores (em pdf)

A asset do Itaú alcançou a liderança do ranking de melhores fundos para institucionais com 28 fundos excelentes. A vice-liderança ficou com a Bradesco Asset Management (Bram) com 23 fundos excelentes, já contando a incorporação da asset do HSBC. Em terceiro lugar aparece a BB DTVM com 19 fundos excelentes, no ranking publicado pela Investidor Institucional e elaborado pela Luz Soluções Financeiras. É a terceira vez consecutiva que a Itaú Asset alcança a liderança com o maior número de fundos com classificação verde.
“É o resultado dos investimentos na capacitação e na manutenção de uma equipe experiente”, diz Marcelo Siniscalchi, co-head da Itaú Asset. O executivo explica que a asset mantém uma equipe bem capacitada e com atuação com foco específico em gestão e research. “Por exemplo, temos onze analistas que fazem apenas crédito privado. Esses analistas têm o foco apenas em crédito, eles não fazem equity, não têm outras funções”, explica Siniscalchi. A equipe de análise de equity tem outros dez analistas.
O executivo acredita que a manutenção de uma equipe numerosa e bem focada é um dos principais responsáveis pelos bons resultados dos fundos. Além de numerosa, a equipe segue uma filosofia de investimentos que se espelha nos princípios das principais assets globais. Siniscalchi explica ainda que o resultado é fruto de investimentos em capacitação e tecnologia. “Não é barato manter uma equipe como a nossa”, diz.
O foco das equipes do Itaú permitem ainda o destaque no desempenho em categorias variadas. A asset emplacou 13 fundos de renda fixa com classificação excelente, o que garantiu a liderança também nesta categoria, a frente da Bram, que ficou na segunda posição (ver matéria na pag 20). A asset do Itaú alcançou a liderança também na categoria de renda variável, com 13 fundos excelentes, seguida pela BB DTVM em segundo lugar. Na categoria dos multimercados, a gestora do Itaú teve um desempenho mais modesto, com dois fundos excelentes, ficando na oitava posição.
“A liderança geral é resultado da boa performance em estratégias variadas, em renda fixa títulos públicos, crédito, renda variável e outros”, explica o co-head da asset do Itaú. O executivo comenta que a asset tem conseguido manter a consistência e regularidade em praticamente todos os segmentos de fundos para institucionais.
Tanto na renda fixa quanto na variável, há fundos do Itaú de estratégias diferentes que ficaram bem posicionados no ranking. São fundos ativos, passivos e de crédito no caso da renda fixa. Na renda variável, também há produtos com estratégia passivo, outros ativos e ainda fundo de fundos. Estes últimos contam com gestão de uma outra área do Itaú, responsável pelos fundo de fundos, que é segregada da asset. As equipes de gestão ativa e passiva estão dentro da asset, mas tem um trabalho segregado também. “Temos uma equipe, por exemplo, com foco na gestão passiva de fundos de renda variável com o objetivo de evitar o descolamento dos índices. É uma equipe que funciona separada daquela responsável pela gestão ativa”, comenta Siniscalchi.
A asset do Itaú mantém ainda uma equipe com maior autonomia para oferecer uma gestão mais específica para grandes clientes. É a equipe de especialistas de carteiras (portfólio specialists) que têm a função de visitar clientes e oferecer mandatos específicos. Essa equipe é coordenada por Rodrigo Noel e tem um contato mais próximo de investidores institucionais.
Outro nicho de destaque do Itaú foi a de fundos internacionais, como por exemplo, os fundos S&P 500 e o fundo de BDRs. Este último tem uma parceria com a FTSE Rafi para a seleção dos BDRs. Já o fundo S&P 500 tem gestão da unidade do Itaú em Nova York. Essa unidade contou com a contratação do novo diretor do escritório, o gestor Charles Ferraz, em maio de 2016.

Vice-liderança – A Bradesco Asset Management (Bram) ficou com onze fundos de renda fixa com classificação excelente, sete multimercados e cinco de renda variável com a nota máxima. O resultado foi considerado bem distribuídos em diversas categorias pelos gestores da asset do Bradesco. “Temos a intenção de oferecer uma grade completa e diversificada com bom desempenho em várias estratégias”, diz Ricardo Almeida, diretor de investimentos da Bram. O executivo destaca que a asset teve fundos de modalidades diversas considerados excelentes, em renda fixa, variável, fundo de fundos e exterior.
O resultado da Bram foi beneficiado pela incorporação dos fundos da asset do HSBC. Isso ocorreu devido a incorporação da própria gestora do HSBC pelo Bradesco, com a respectiva equipe da antiga concorrente. Neste processo, a nova direção da asset explica que a união das duas equipes e da grande de fundos tem o objetivo de potencializar o melhor de cada casa. “A equipe do HSBC tem uma expertise mais reconhecida na renda fixa e no crédito. Já o time da Bram tem maior reconhecimento e experiência na renda variável”, explica Almeida. Ele espera que a transição ocorra sem nenhuma descontinuidade no atendimento aos clientes.
Mais que isso, a Bram espera implantar um processo de otimização da grade de produtos das duas assets, para oferecer as melhores estratégias de cada asset. “Queremos unir e oferecer o melhor de dois mundos”, explica o diretor de investimentos. Ele acredita que a Bram deve ficar mais forte para disputar a liderança dos próximos rankings de melhores fundos com a unificação das equipes e produtos.
A Bram definiu como diretor de renda fixa, Guilherme Abbud, que veio do HSBC. Já para coordenar a renda variável, ficou Luís Guedes, que já era da Bram.

Momentos distintos – O mercado de gestão foi marcado por dois momentos bastante distintos nos 12 meses considerados para o ranking – julho de 2015 a junho de 2016. Enquanto o segundo semestre do ano passado foi marcado por dificuldades no desempenho dos mercados financeiros, sobretudo na renda variável e crédito, houve uma reviravolta na primeira metade de 2016. “O mercado sofreu bastante no segundo semestre de 2015 até janeiro deste ano, que foi um mês especialmente ruim”, diz Almeida. O executivo lembra especialmente da forte valorização do dólar até o final do ano passado.
“O mercado passou por uma grande reversão a partir de março deste ano. A alta das commodities no âmbito externo e a mudança de governo e a nova equipe econômica, no âmbito doméstico, trouxeram uma renovação das esperanças para os mercados”, comenta o diretor de investimentos da Bram. Por isso, o gestor viu a bolsa subindo com bastante força no primeiro semestre e a desvalorização do dólar. “Uma das virtudes da Bram foi conseguir navegar em cenários turbulentos”, diz o diretor.
Um dos segmentos de destaque da Bram foi o de fundos no exterior, considerados dentro da categoria de multimercados do ranking. A Bram ficou na segunda posição desta categoria, atrás apenas da asset do J. Safra (ver matéria na pág. 22). “Nossos fundos no exterior são apresentados como opções para a diversificação de risco e de portfólio”, explica Luís Guedes, diretor de renda variável da Bram. Mesmo com o câmbio desvaforável para os fundos no exterior no primeiro semestre de 2016, a estratégia continua válida para os investidores que pretendem diversificar o risco das carteiras.
A atratividade dos fundos no exterior é menor agora que nos anos anteriores, quando o dólar não parava de se valorizar. “O câmbio voltou bastante, mas os fundos no exterior continua como estratégia interessante de diversificação. Mas claro que estamos privilegiando as opções na bolsa doméstica para os investidores nos últimos meses”, diz Guedes.

Perspectivas – Em geral, os gestores mostram-se mais otimistas com as perspectivas de cenários hoje se comparados ao semestre anterior. “Estamos em um ambiente muito melhor. Ainda precisamos de um pouco de paciência, mas se o governo conseguir endereçar as principais medidas e reformas, vamos retomar o crescimento econômico”, prevê Siniscalchi, da Itaú Asset. Se o novo governo conseguir aprovar as principais reformas, o gestor da asset do Itaú prevê uma forte recuperação dos ativos de maneira geral.
Neste caso, a Selic vai voltar a cair com consistência, e os investidores deverão voltar a assumir opções de maior risco no mercado. “Com o novo ciclo de corte da Selic, os fundos de renda fixa terão maior espaço para performar. Os fundos com ativos pré-fixados e da famíia IMA oferecem boas perspectivas de ganhos”, diz Siniscalchi. Ele prevê ainda um maior espaço para a valorização do real em virtude não apenas da melhoria do cenário doméstico, mas principalmente pelo ambiente global ainda favorável aos países emergentes.