Ganho na duration mais longa | Bram fica na segunda posição em fu...

Edição 286

 

Os melhores na renda fixa (em pdf)

No segundo semestre do ano passado, os fundos de títulos públicos com duration mais longa apresentavam retorno baixo ou até negativo em alguns períodos. Os juros futuros tendiam à abertura e provocavam a desvalorização das cotas de fundos da família IMA e outros com títulos públicos com vencimentos mais longos. Como a recuperação de tais fundos não veio até o final do ano, muitos investidores tiveram a iniciativa de mudar de posições para fundos com duration mais curta. Não podiam prever que a partir do primeiro trimestre de 2016, o mercado daria uma virada.
“Recomendamos para os investidores no ano passado para aguentarem firmes, mesmo em momentos de desespero, era importante manter posições em fundos com duration mais longa”, lembra Guilherme Abbud, diretor de renda variável da Bram. Na época, o gestor ainda estava na asset do HSBC que agora foi incorporada pela Bram. Ele explica que a recomendação não era deixar tudo em CDI e que era importante manter a diversificação na renda fixa. “Não era razoável deixar tudo em CDI. Então, a carteira recomendada era deixar um pouco de IMA-Geral, um pouco de IMA-B, um pouco de IRFM”, diz Abbud.
Quem seguiu a recomendação, colheu os frutos nos últimos meses. Com as mudanças no cenário doméstico, com a mudança de governo e a nova equipe econômica, os juros futuros começaram a fechar. O cenário internacional também não atrapalhou a economia brasileira em 2016. Isso gerou forte valorização das cotas dos fundos da família IMA, sobretudo, para os mais longos. A Bram contou com 11 fundos de renda fixa com classificação excelente, já considerando alguns produtos incorporados do HSBC.
A diversidade de estratégias e mandatos de renda fixa é grande, são fundos passivos, ativos e de crédito privado. E as perspectivas continuam positivas para os fundos de renda fixa, sobretudo, para aqueles com estratégias baseadas em títulos pré-fixados. O diretor de renda fixa da Bram acredita que a amplitude da queda da Selic será grande, maior que a mediana das expectativas do mercado.
Enquanto o mercado precifica uma queda média de 325 basis points na Selic, o gestor da Bram prevê um corte de até 400 basis points. “A retomada do ritmo da economia brasileira será muito lenta. Com esse ritmo mais lento de retomada, e com a inflação controlada, o Banco Central será obrigado a promover um forte corte da Selic, levando-a novamente para o patamar de um dígito”, aposta Abbud.
O diretor da Bram se mostra otimista com as perspectivas da economia doméstica, mas acredita que o processo de retomada não será acelerado. “Apesar de estarmos otimistas com as reformas, com uma nova ancoragem de expectativas, com queda de juros, só temos dúvida qual a velocidade que isso tudo se transforme em crescimento econômico, em renda e emprego. Acreditamos que isso não será muito rápido”, diz o gestor da Bram.
Apesar de não começar com um grande corte em outubro, que deve ser de 0,25%, segundo Abbud, depois disso, o Banco Central deve promover um ciclo mais forte de redução da Selic até levá-la novamente ao patamar de um dígito. Por causa da retomada vagarosa, o gestor recomenda que é preciso manter a cautela com os ativos de crédito privado, que vem desde o ano passado. “Por conta do forte movimento de recessão da economia, tomamos uma postura bastante cautelosa no crédito. Ou seja, mais confiantes nos juros no segundo semestre do ano passado. E mais cautelosos no crédito privado”, diz Abbud.
O gestor da Bram se mostra otimista ainda com o controle da inflação. “Estamos projetando o IPCA para o final de 2017 em 5%. Mas poderá ser até um pouco mais baixo. Se nós errarmos, acho que será para menos, ou seja, o IPCA pode vir abaixo de 5% no próximo ano”, prevê. Isso faria com que o IPCA se aproximasse do centro da meta do Banco Central, que é de 4,5% ao ano.

Banrisul – A asset do Banrisul alcançou posição de destaque no ranking de melhores fundos de renda fixa, com oito produtos classificados como excelente, o que garantiu a terceira posição na categoria. A maior parte dos fundos com avaliação verde seguem estratégias mais passivas na renda fixa .
“O desempenho dos fundos refletiu a estratégia de alocação mais conservadora em títulos públicos federais, mantendo as carteiras mais aderentes aos seus referenciais, o que mostrou-se acertado face a volatilidade observada no período”, diz o gerente executivo de gestão da administradora de recursos do Banrisul, Fernando Luiz de Souza Queiroz. Para enfrentar a alta volatilidade dos cenários, o gestor procurou antecipar os movimentos das taxas de juros futuros. “Adotamos estratégias de alocação que permitiram incorporar tais movimentos nas carteiras de nossos fundos”, diz Queiroz.
No segundo semestre de 2015, a desaceleração do crescimento econômico global, em especial da economia chinesa, aumentaram os riscos associados aos mercados emergentes. Neste contexto, no âmbito interno, o mercado de ações sofreu perdas expressivas e as taxas de juros futuras registraram trajetória ascendente e elevada volatilidade, explica o gerente do Banrisul. Já no primeiro semestre de 2016, o mercado virou a partir de fevereiro ou março. “Após um início de ano conturbado, o mercado registrou sinais de acomodação, refletido em reduções acentuadas das taxas no mercado futuro de juros, em especial nos vencimentos mais longos”, lembra Queiroz.
Para o final de 2016 e durante 2017, o gestor do Banrisul prevê a continuidade da tendência de melhora já apresentada no primeiro semestre do ano. “Vislumbramos um cenário de elevada liquidez internacional ainda prevalente, enquanto as grandes economias internacionais apresentam dificuldade na retirada dos estímulos monetários que impulsionaram os mercados de risco nos últimos anos”, diz o gerente. Neste sentido, o gestor prevê a redução das políticas de afrouxamento quantitativo nas economias avançadas que deverá ocorrer de forma excepcionalmente lenta.
No âmbito doméstico, o gestor avalia que o governo conseguirá avançar, mesmo que não intensamente, na elaboração e aprovação de boa parte das tão necessárias reformas de cunho fiscal e que a gestão da política monetária se manterá independente e fiel ao controle estrito da inflação. “O conjunto destas variáveis e, ainda, a expectativa de queda da taxa de juros internas, deverá contribuir para ganhos nos fundos de renda fixa neste período”, diz Queiroz.

Santander – As estratégias adotadas nos multimercados da Santander Asset no mercado de juros valem também para os fundos de renda fixa. Os quatro fundos de renda fixa da Santander Asset selecionados no levantamento adotam como estratégia as NTN-Bs. A percepção de mudança de cenário ocorreu na virada do ano, quando o cenário externo contribuiu para alocação de ativos de risco, dentro de um ambiente de manutenção de liquidez alta, com taxas de juros negativas nos países desenvolvidos. “Junto ao cenário local, que caminhou para uma definição no lado político, dando a possibilidade de colocar em prática uma nova política econômica, mais ortodoxa, fez com que o prêmio de risco embutido na curva de juros fosse reduzido significativamente”, diz Eduardo Castro, diretor de investimentos da Santander Asset.
O que foi observado ao longo do tempo foi que todos os gestores foram convencidos dessa mudança de cenário, só que alguns montaram o portfólio mais próximo do início do ano e outros foram montando ao longo do ano. “Nós nos encaixamos entre os que perceberam a oportunidade com a mudança de cenário logo no início do ano. Isso fez com que a rentabilidade dos fundos se diferenciasse em relação à concorrência, por meio do alongamento da carteira de NTN-Bs que se beneficiaram do fechamento da curva”, diz Castro. Ele explica que a asset adotou uma gestão de duration e de inflação corrente com aumento da exposição, por vezes, em papéis mais curtos que tinham um carregamento de inflação maior.