Defensivos em alta | BB DTVM fica com a segunda posição na renda ...

Edição 286

 

Os melhores na renda variável (em pdf)

No período dos doze meses encerrados em junho de 2016, com elevadas incertezas tanto no campo econômico quanto político, que aumentaram de maneira expressiva a volatilidade do mercado de renda variável, tiveram destaque os fundos que adotaram como estratégia alocar em companhias que são boas pagadoras de dividendos. O trabalho de stockpicking dos gestores também ganhou espaço recentemente, diante de um ambiente nebuloso no qual os critérios fundamentalistas nem sempre nortearam os movimentos do mercado. Também se destacaram no estudo fundos com exposição a ativos no exterior e aqueles que adotam a estratégia conhecida como long e short (comprado e vendido), na qual os ganhos são oriundos da arbitragem entre papéis da bolsa e não ficam atrelados ao desempenho do Ibovespa de forma geral.
A BB DTVM ficou na segunda colocação na categoria de renda variável, com doze fundos considerados excelentes, ficando atrás somente do Itaú Unibanco, que teve treze fundos selecionados no levantamento. Na terceira colocação, com cinco fundos cada, ficaram empatadas BlackRock e Bram.
Jorge Ricca, gerente executivo de fundos de ações da BB DTVM, aponta como um dos destaques do período o fundo Dividendos Midcaps, que apesar de ter naturalmente um perfil mais defensivo, vem registrando em 2016 um rendimento próximo ao do Ibovespa, à despeito da forte valorização do índice no período – no acumulado do ano, até meados de setembro, o fundo da gestora do BB sobe 34,1%, contra os ganhos de 36,9% do Ibovespa.
“Sempre quando fazíamos a avaliação de estratégias com o foco em dividendos, nos deparávamos com um limitador que é a questão da liquidez. Alguns papéis que atendiam as nossas prerrogativas para estar na carteira não comprávamos porque o papel não tinha liquidez que suportasse o tamanho dos nossos fundos”, explica Ricca. Em 2011 a asset resolveu lançar o Dividendos Midcaps para o varejo justamente para capturar esses papéis que eram deixados de fora por conta da liquidez mas que eram interessantes para esse tipo de estratégia. “O objetivo do fundo é identificar papéis de média e baixa capitalização em bolsa que tenham como característica o pagamento de dividendos”.
Em termos setoriais, a principal exposição do fundo está hoje no segmento de utilidades públicas, como energia elétrica, gás e saneamento, com aproximadamente 35% do total. Também estão no fundo os setores de instituições financeiras, com as seguradoras com peso importante, além de empresas de milhagens de viagens, saúde e imobiliárias.

Setoriais – A BB DTVM teve ainda uma série com seis fundos setoriais no levantamento da LUZ – Construção Civil, Consumo, Energia, Infraestrutura, Setor Financeiro e Saúde e Bem Estar. “Entre os setoriais, um dos destaques no portfólio em termos de retorno é o de saúde e bem estar. Desconheço outros concorrentes que tenham um fundo similar a esse”, diz o especialista. No ano até setembro o fundo sobe 55%.
Esse fundo foi criado em 2012 a partir do pedido de um cliente, que queria ter um fundo correlacionado com a inflação do setor de saúde. Como o fundo ficaria muito concentrado em cinco ou seis papéis se fosse focar somente em ações do setor de saúde, o escopo do veículo foi ampliado e engloba também educação, turismo, shopping e consumo, que se encaixam no conceito de bem estar. Ainda assim a parte de saúde representa mais da metade do fundo. “Entendemos que é um case muito interessante por ser muito aderente ao contexto. Até em função dos debates que temos tido, sobre previdência, envelhecimento da população, o setor de saúde tende a ter uma resiliência muito grande em termos de performance e geração de receitas”.

XP – A XP Gestão teve quatro fundos considerados excelentes no levantamento – XP Long Biased, XP Dividendos, XP Investor Small Caps e XP Absoluto Bancos. Os dois últimos veículos, no entanto, por terem ficado com um patrimônio líquido muito pequeno, serão incorporados a um fundo que faz a gestão ativa do Ibovespa. O fundo de small caps tinha R$ 5 milhões, enquanto o de bancos estava com apenas R$ 1,5 milhão. “São fundos que perderam apelo na rede de captação. Já avisamos os cotistas da incorporação, e estamos esperando apenas alguns trâmites burocráticos do administrador, o BNY Mellon”, afirma Marcos Peixoto, CEO da XP Gestão e gestor dos fundos de renda variável.
A asset está em um processo de alteração da sua grade de produtos, e vai reduzir de oito para quatro os fundos de renda variável. Além dos dois já citados, um veículo voltado para o segmento de consumo também será incorporado ao fundo de Ibovespa ativo.
Sobre o fundo de dividendos selecionado pela LUZ, o CEO da XP Gestão diz que a performance do veículo tem surpreendido até os gestores da casa. “Trata-se de uma categoria que, quando a bolsa tem uma forte alta, tende a ir pior que o benchmark, o que é natural pela característica mais defensivas dos papéis”. Nesse ano, contudo, o fundo de dividendos superou o desempenho do Ibovespa – de janeiro a junho o fundo subiu 30,7%, contra uma alta de 18,8% do principal benchmark da bolsa.

Western Asset – A Western Asset teve três fundos considerados excelentes no levantamento, sendo que dois deles investem em ativos no exterior. Um dos fundos é o WA US Index 500, um veículo de estrutura relativamente simples; os gestores operam o fundo com contratos futuros do S&P 500 negociados na BM&FBovespa, e acrescentam ao veículo uma rentabilidade oriunda de LFTs. “A rentabilidade do fundo corresponde ao do S&P 500 e mais uma parcela relevante do CDI”, explica Marcelo Guterman, especialista de investimentos da Western Asset. “Como o S&P vem tendo um bom rendimento, e o CDI está em patamar alto, naturalmente o fundo tem ido muito bem”.

Santander Asset – A Santander Asset também teve três fundos de renda variável considerados excelentes, sendo que dois deles seguem a estratégia focada em ações de empresas boas pagadoras de dividendos. São eles, o Dividendos Top e o Dividendos Vip. Assim como em outros exemplos do levantamento, a diferença entre os dois fundos de dividendos da gestora no estudo é o tipo de investidor a que se destinam, mas sem alterações na estratégia e nos papéis selecionados.
“O grande acerto foi conseguir antecipar com certa agilidade as alterações de cenário”, afirma Eduardo Castro, chefe de investimentos da Santander Asset Management. Durante o segundo semestre de 2015, quando a percepção de risco tanto em relação ao ambiente internacional como no âmbito doméstico estava mais elevada, as carteiras de ações da gestora ficaram mais defensivas. “A estratégia de dividendos tem um caráter mais defensivo por si própria e teve um destaque em relação a outras estratégias”, pondera Castro. A partir de meados de 2016, com a percepção mais positiva dos agentes, os fundos de renda variável da Santander Asset adotaram como estratégia um beta mais alto e uma posição menor em caixa.
O outro fundo da Santander Asset com avaliação excelente é o Small Cap. O produto também teve um componente de gestão de caixa relevante no período analisado, explica Castro. “As empresas small caps normalmente tem um beta mais alto, mas a diferenciação do fundo veio pela gestão de caixa e pelo stockpicking, que respondeu bem à melhora da bolsa”.