Time equilibrado | Apesar de não liderar nenhuma categoria, Itaú ...

Edição 280

 

 Aproveitamento dos gestores (em pdf)

A Itaú Asset Management foi a gestora com mais fundos considerados excelentes no ranking organizado pela Investidor Institucional em parceria com a Luz Soluções Financeiras. A gestora do Itaú obteve a avaliação verde para 26 fundos, sendo 14 de renda fixa, 11 de renda variável e um multimercado, referente ao período de doze meses até dezembro de 2015. Curiosamente, a Itaú Asset obteve a liderança do ranking consolidado pelo ‘conjunto da obra’, tendo em vista que a gestora não ficou na primeira colocação em nenhuma das categorias especificamente – ficou em terceiro na renda fixa, atrás da Bram e da Santander Asset, que tiveram 17 fundos verdes cada; na renda variável ficou em segundo lugar, atrás da gestora do BB DTVM, que teve 12; e entre os multimercados, ficou na quarta posição.
“A asset teve uma postura mais defensiva em 2015, que foi um período extremamente desafiador. O viés mais conservador levou a um horizonte de investimento focado mais no curto prazo. O componente do ‘trading’ aumentou na gestão do portfólio, o que nos ajudou em todas as classes de ativos, seja na renda fixa, na variável ou nos multimercados”, afirma Marcello Siniscalchi, diretor de investimentos da Itaú Asset.
Na renda fixa, Siniscalchi destaca a leitura correta feita pela equipe de analistas e economistas da gestora do Itaú em relação ao desempenho da inflação no decorrer de 2015, o que permitiu aos gestores se posicionarem da forma mais adequada para tirar proveito dos elevados índices de preços verificados no período. Dentro do segmento de renda fixa, no nicho de crédito, o executivo aponta a leitura mais conservadora enxergada pela asset também para esse mercado, algo que já era monitorado nos anos anteriores. “Começamos o movimento de diminuição da exposição, e com o foco em ratings mais elevados no qual investimos há cerca de quatro anos”, pondera o especialista. “Notamos que os spreads de crédito não estavam condizentes com o cenário, e com a própria avaliação das empresas, e começamos o processo de redução. Com o cenário mais adverso de 2015, materializamos o movimento”, afirma Siniscalchi.

Renda variável – Na renda variável, o diretor da Itaú Asset recorda que em 2015 o apetite dos institucionais foi muito reduzido. “Em ambientes como do ano passado o institucional tende a não ter tanto apetite, com uma migração para fundos de renda fixa, e principalmente para aqueles com ativos atrelados à inflação”. Ainda assim, a demanda que surgiu por fundos de ações foi direcionada de forma geral para veículos que adotam estratégias mais defensivas, ou que dão importância para critérios de governança e sustentabilidade – dos onze fundos de ações verdes da Itaú Asset, quatro levam em consideração questões de governança e sustentabilidade.
O ‘rally do impeachment’ promovido por investidores de viés mais especulativo na bolsa nesse primeiro trimestre de 2016, acrescenta o diretor da gestora do Itaú, não teve participação expressiva de institucionais. “Eles tem adotado uma postura mais defensiva, e não temos notado uma busca por parte desse tipo de investidor em ativos de renda variável. É um público que já tem sua ‘asset alocation’ definida, e não promove alterações por conta do cenário daquele momento”, afirma o especialista.
Mesmo os fundos que permitem ao investidor alocar parte seu patrimônio no mercado global, destaca Siniscalchi, não tiveram grande apelo junto ao investidor local ao longo de 2015, diante da ‘janela de oportunidades’ oferecida pela renda fixa no período. “Até houve uma procura um pouco maior por fundos no exterior dentro da renda variável, mas foi algo apenas marginal”, pontua o executivo. Além do fundo multimercado, outros dois fundos da categoria de renda variável da Itaú Asset no levantamento da Luz tem parcela de sua exposição voltada aos mercados globais.
A primeira colocação no ranking consolidado do levantamento, destaca Siniscalchi, foi comemorada dentro da asset por premiar a análise do cenário macroeconômico feita pela equipe de economistas e analistas da casa, que permite aos gestores uma atuação mais segura e certeira dentro de cada segmento especifico do mercado. “Para cada classe de ativo temos um grupo diferente de profissionais, e nenhum faz mais de uma atividade. Conseguimos o melhor dos dois mundos, ao ter o foco de uma asset pequena independente, com uma capacidade de investimento e suporte de um grande grupo”, ressalta o diretor da gestora, ao citar os sete economistas e dez analistas de crédito que ficam voltados exclusivamente para as operações da asset. “Percebemos a diferença que essa estrutura faz quando temos um cenário mais nebuloso como foi em 2015”.

Exterior – Em termos gerais, os fundos no exterior apresentaram maior destaque em comparação com outras classes. A rentabilidade foi alavancada em função da valorização do dólar ante o real. “Os fundos no exterior, em geral, tiveram excelente desempenho e representaram a melhor alternativa para diversificação das carteiras dos fundos de pensão e demais investidores”, diz Maria Paula Cicogna, consultora da Luz Soluções e uma das coordenadoras da análise dos melhores fundos. A consultora explica que em virtude das dificuldades do mercado doméstico de renda variável, a opção dos fundos no exterior aparece como importante alternativa para a diversificação dos riscos. Na renda variável doméstica, apesar do fraco desempenho da bolsa no ano passado, uma das subclasses que menos sofreram foi a de fundos com “melhores práticas”.
Outro grupo, que não foi tão bem, mas pelo menos teve alguns fundos com classificação verde, foi o de “alpha crescimento”. O grupo tem fundos que apostam em ações de empresas grandes com boa perspectiva de crescimento. “São fundos que investem em ações de empresas sólidas, já consolidadas e que sofreram menos no cenário de crise”, explica Maria Paula.
No caso de fundos small caps, alguns casos específicos, conseguiram avaliação verde, mesmo com as adversidades do mercado. Alexandre Mathias, diretor responsável pela área de desenvolvimento de produtos e negócios da Bradesco Asset Management (Bram), explica que a alta frequência desses veículos no levantamento se deu menos por uma boa performance das small caps e mais pelo desempenho ruim das ‘antigas blue chips’ da bolsa, como Petrobras e Vale. “Parece até um pouco contra intuitivo os fundos small caps apresentarem uma rentabilidade diferenciada em um ambiente como foi o ano passado”, comenta Mathias. O diretor da Bram destaca ainda que, em caso de uma melhora do cenário político e econômico à frente, com um ajuste fiscal que seja capaz de produzir uma trajetória estável da relação dívida PIB no futuro, as small caps tendem a se recuperar.
Mathias nota que, nos últimos três anos, os resultados entregues pela renda variável praticamente “expulsaram” os investidores dessa categoria de investimento. Ele ressalta, entretanto, que quando a saída em massa de um segmento do mercado começa a se concretizar, é um sinal de que esse mercado pode estar prestes a atingir seu ‘ponto de virada’. “Temos advertido nossos clientes de que é muito arriscado zerar a posição em bolsa nessa altura do campeonato. Caso o rumo da política econômica seja corrigido, a bolsa tem um potencial de alta muito importante”, afirma o especialista da Bram.
Para Eduardo Castro, superintendente executivo de fundos da Santander Asset, é “mandatório” que os investidores aguardem o desenrolar da atual disputa política em Brasília para se posicionar no mercado de ações. “Dependendo do desfecho, o investidor vai querer ter mais ou menos beta em suas carteiras”, diz o especialista. “Se pegarmos dois extremos, o fundo de dividendos tem um viés mais conservador, e o de small caps é mais agressivo. Vai depender do desenrolar das próximas semanas para que o investidor possa de fato fazer uma escolha mais apropriada”.

Fundos analisados – O ranking de melhores fundos para institucionais analisou 694 fundos, dos quais, 311 de renda fixa, 130 multimercados e 253 de renda variável. A consultoria Luz classificou 223 com avaliação verde (excelente), 183 amarelos e 288 vermelhos. A categoria de renda fixa teve 117 fundos excelentes, que corresponde a 37,6% do total de fundos analisados. Na renda variável, foram 87 fundos verdes, que corresponder a 34,3% do total.