Exterior e dividendos em alta | Devido a volatilidade do mercado ...

Jorge RiccaHerculano Anibal AlvesRenda VariávelOs gestores com mais fundos verdes no segmentoEdição 253

 

Dado que o momento econômico do país não foi dos mais favoráveis nos últimos meses, com a inflação alta, e o fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), os gestores de investimento voltaram seus olhares para o mercado externo em busca de retornos satisfatórios.
Na BB DTVM, por exemplo, um fundo que teve desempenho bem acima do Ibovespa na comparação de 12 meses encerrada em junho último foi o Ações Exportação, que como o nome diz, tem em seu foco empresas que tenham pelo menos 30% de suas receitas oriundas do exterior, seja por conta das exportações, seja pelo fato da companhia ter subsidiárias em outros países.
“Temos visualizado um cenário externo mais favorável, com a economia americana se recuperando de forma mais consistente, a China sinalizando que deve continuar crescendo 7,5%, e a Europa surpreendendo positivamente, mostrando que o período de recessão ficou para trás. Temos um contexto bastante favorável para o cenário externo”, pondera Jorge Ricca, gerente executivo de fundos de ações da BB DTVM. A gestora de ativos de terceiros do Banco do Brasil ficou em primeiro lugar no ranking dos melhores fundos de investimento para os institucionais na categoria de renda variável, com sete fundos considerados excelentes.
Além da recuperação dos países desenvolvidos, Ricca lembra também da desvalorização do real frente ao dólar, que estava próximo da casa dos R$ 1,80 no ano passado, e saltou para patamares de R$ 2,25 agora, o que contribui para nossa pauta exportadora.
De junho de 2012 até junho de 2013, período no qual o Ibovespa registrou uma queda de 12,7%, o fundo de ações exportadoras da BB DTVM conseguiu um avanço de 5,8%, o que resulta em uma diferença próxima aos 20% frente a um dos principais balizadores do mercado acionário brasileiro.
Se o resultado do fundo da BB pode ser considerado interessante, podemos classificar como extraordinária a performance apresentada pelo fundo de BDRs da Bradesco Asset Management (Bram), que bateu picos de valorização de 35% no acumulado de 2013, e até setembro ainda tem ganhos ao redor dos 30%. A Bram ficou em segundo lugar na categoria renda variável, com seis fundos considerados excelentes. Em seguida aparecem BTG Pactual e Itaú Asset Management, ambos com quatro fundos excelentes.
O fundo da Bram consegue captar de forma mais direta a recuperação em andamento da maior economia do globo, uma vez que pode aplicar não nas empresas brasileiras exportadoras que se aproveitam da demanda crescente, mas sim nas próprias companhias que estão gerando essa demanda.
“A Bolsa americana foi muito bem, e tivemos a desvalorização do câmbio”, pondera Herculano Alves, diretor de renda variável da Bram. O fundo de BDRs da asset, que conta com dez clientes institucionais, dispõe de um leque de opções formado por ações de 70 empresas, que perfazem um valor de mercado de US$ 6 trilhões. A Bolsa brasileira não chega a ter US$ 1 trilhão.

Dividendos – Além dos fundos com o foco no exterior, outro tipo de produto que vê sua demanda crescer, principalmente entre os institucionais, é aquele que tem como objetivo aplicar capital em empresas conhecidas por serem boas pagadoras de dividendos.
Os fundos de dividendos alguns anos atrás podiam ser considerados como um tipo alternativo de diversificação no portfólio dos investidores, o que não tem a mesma validade atualmente, uma vez que já temos cerca de 60 fundos com esse perfil hoje no mercado.
Com isso, a BB DTVM optou por montar um fundo de empresas boas pagadoras de dividendos, mas que são as ‘small’ e ‘middle caps’, que não estão entre aquelas consideradas as mais evidentes dentro desse nicho.
“Descartávamos algumas opções que eram boas alternativas de dividendos, mas que tinham uma liquidez incompatível com o volume que a gente administra”, fala Ricca.
No ano passado, o fundo Ações Dividendos Midcaps da BB rendeu 33%, contra o avanço de 7,4% do Ibovespa. “É uma estratégia diferente, você não vai encontrar em outra casa com esse enfoque”. Em 2013, até junho, o fundo caiu 6,7%, ante a baixa de 22% do Ibovespa no período.
Com um patrimônio ao redor dos R$ 45 milhões, o fundo deve ser fechado quando alcançar patamares de R$ 200 milhões. “Procuramos um nicho, o fundo é bom porque não é aproveitado por todos os fundos de dividendos que têm na indústria. A partir do momento que o fundo superar determinado patrimônio, ele deixa de ter essa vantagem competitiva”, diz o gerente executivo, para justificar o limite de capital.
Para que o fundo de dividendos da Bram também tivesse classificação excelente no ranking da Investidor Institucional, foi fator preponderante a redução de sua participação no setor elétrico de 30% para 10%, movimento que ocorreu antes dos anúncios feitos pelo governo no segundo semestre do ano passado de queda nas tarifas cobradas pelas elétricas, que descapitalizaram brutalmente o segmento.
“Conseguimos sair antes do fato consumado, e os 10% que ficamos foram as menos afetadas, que eram empresas privadas da parte de geração. Quando outros fundos caíam 10%, a gente caía 0,7%”, recorda Alves.
Para preencher a parcela das elétricas em seu fundo de dividendos, as escolhas da Bram passaram pela BB Seguridade, Vivo, Tim, CCR, além dos grandes bancos.
“Tivemos no último ano alguns institucionais migrando para esse fundo, porque achavam que seria mais imune a volatilidade da Bolsa, já que são empresas com boa geração de caixa”, pontua o diretor da Bram. “Em momentos de volatilidade é o fundo que recomendo”, admite o diretor da Bram.
Para o cenário futuro, Herculano Alves revela que papel e celulose, e siderurgia são dois setores com boas possibilidades de entregar resultados satisfatórios no curto e médio prazo.
“O preço da celulose tem aumentado, e empresas como a Fibria exportam 90% da sua receita. À medida que o câmbio vai de R$ 2,00 para R$ 2,30, ela tem um impacto de 10% a 15%, e isso é muito bom já que a maioria dos custos são em reais”, afirma o diretor de renda variável da Bram.
Entre as siderúrgicas, a aposta do especialista tem como base o próprio desconto dos papéis, que estaria em um patamar acima do recomendado. “Os papéis bateram no fundo do poço e agora estão se recuperando. A melhora no preço das ações reflete a expectativa de um futuro melhor por causa da menor importação, com a demanda que continua boa, além do reajuste de preços”, diz Alves.

Novidades – Olhando para os próximos meses, a BB DTVM está em pleno processo de lançamento de dois novos fundos, um deles com o foco nos institucionais, que já está na praça, e que visa aplicar os recursos nos próprios fundos setoriais que fazem parte da grade da asset.
“Temos de 10 a 15 fundos, entre setoriais e de estratégia específica, e devemos escolher três ou quatro que entendemos serem os melhores posicionados para o momento que venha a seguir”, diz Ricca. “A facilidade do veículo acaba atraindo os RPPSs”. O aporte mínimo no produto, que já conta com um PL de R$ 25 milhões, é de R$ 1 mil.
O outro fundo, de retorno absoluto, ainda em fase de retoque final para ser posto em prateleira, terá em um primeiro momento o segmento private como cliente em potencial, para em uma segunda etapa abrir também para outros públicos, inclusive institucionais.
Esse fundo, de retorno absoluto, terá uma media de 10 a 15 ações, independentemente de tamanho ou setor, que são os papéis nos quais a equipe de gestão da BB DTVM mais acredita.